Samuel chega da escola com o joelho todo ralado, vê o pai e começa a chorar, depois de consolado fala:
- Papai meu joelho tá doendo, agora vamos ter que tirar o short pelo rosto.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Diálogo no trânsito
Cyntia Pinheiro
Paro no semáforo e avisto um colega de conservatório, ele acena para mim e eu aceno de volta. Samuel atento pergunta:
- Mãe, pra quem você deu tchau?
- Pro Rafa, Sam.
- Qual Rafa?
- Rafa lá do conservatório, aquele da flauta, que toca com Jon.
- O conservatório agora é aqui, mãe?
- Nâo filho, a gente não está vindo de lá do conservatório agora?
Samuel se espicha pra ver o meu colega e nota que ele está parado ao lado da esposa com um carrinho de bebê.
- Mâe, Rafa tem um bebê?
- Tem sim, filho.
- E ele tá naquele carrinho?
- Tá.
- Fazendo o que?
- Ué Sam, tá passeando com o papai e a mamãe dele.
- Por quê?
- Porque eles querem passear, igual a gente passeia.
- E onde que tá o carro de Rafa?
- Ah, filho, deve estar estacionado igual o nosso estava.
- Na rua?
- É.
- E onde eles vão colocar o carrinho do bebê no carro?
- No porta-malas, ué. É lá que a gente coloca essas coisas.
- Nâo, mas se ele colocar lá o bebê vai chorar, mãe.
- Mas Samuel, o bebê não vai no porta-malas com o carrinho.
- Então onde que ele vai?
- Na cadeirinha, Sam, igual a você.
Lá na frente eu começo a rir e Samuel pergunta:
- Por que você tá rindo, mãe?
- Porque você é engraçadinho, filho.
- Eu? Por quê?
- Porque você ficou preocupado com o bebê, né? Você pensou que Rafa ia guardar o bebê no porta-mala?
Samuel esboça um sorrisinho cabreiro:
- Pensei mesmo, mas foi só um pouquinho...
Paro no semáforo e avisto um colega de conservatório, ele acena para mim e eu aceno de volta. Samuel atento pergunta:
- Mãe, pra quem você deu tchau?
- Pro Rafa, Sam.
- Qual Rafa?
- Rafa lá do conservatório, aquele da flauta, que toca com Jon.
- O conservatório agora é aqui, mãe?
- Nâo filho, a gente não está vindo de lá do conservatório agora?
Samuel se espicha pra ver o meu colega e nota que ele está parado ao lado da esposa com um carrinho de bebê.
- Mâe, Rafa tem um bebê?
- Tem sim, filho.
- E ele tá naquele carrinho?
- Tá.
- Fazendo o que?
- Ué Sam, tá passeando com o papai e a mamãe dele.
- Por quê?
- Porque eles querem passear, igual a gente passeia.
- E onde que tá o carro de Rafa?
- Ah, filho, deve estar estacionado igual o nosso estava.
- Na rua?
- É.
- E onde eles vão colocar o carrinho do bebê no carro?
- No porta-malas, ué. É lá que a gente coloca essas coisas.
- Nâo, mas se ele colocar lá o bebê vai chorar, mãe.
- Mas Samuel, o bebê não vai no porta-malas com o carrinho.
- Então onde que ele vai?
- Na cadeirinha, Sam, igual a você.
Lá na frente eu começo a rir e Samuel pergunta:
- Por que você tá rindo, mãe?
- Porque você é engraçadinho, filho.
- Eu? Por quê?
- Porque você ficou preocupado com o bebê, né? Você pensou que Rafa ia guardar o bebê no porta-mala?
Samuel esboça um sorrisinho cabreiro:
- Pensei mesmo, mas foi só um pouquinho...
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Ensaio sobre a chatice
Cyntia Pinheiro
Todo mundo é chato! Inclusive o mundo, que quando criança eu pensava que fosse redondo, mas a terra é, na verdade, oval, ou seja, nada mais nada menos do que um círculo achatado.
Mas ao pensar a chatice alheia busco em mim mesma um parâmetro, um referencial. Descobri que todos somos chatos, aliás, chatos não, chatérrimos, chatíssimos, um porre!
Não há pessoa no mundo que não seja chata. Até o mais agradável dos homens em algum momento da existência será considerado chato por alguém. Isso porque a chatice não está na pessoa considerada chata, mas na pessoa que a classifica como tal.
Explico melhor. Algumas características minhas são tão agradáveis a alguns quanto insuportáveis para outros, esse segundo grupo de pessoas é exatamente aquele que provavelmente me considera chata.
Isso tudo porque ninguém é capaz de agradar a todos, aliás, ainda bem, porque essa pessoa seria a mais chata de todas.
E mais, isso também se dá porque a chatice não está no emissor da mensagem, mas no receptor dela. Ou seja, até um sorriso que eu der pode ser mensurado, de modo que se o receptor for alguém que goste de mim, ele me achará agradável, se for destinado a alguém que não gosta de mim, soará como inconveniente, como deboche, como chato!!!!!!
Isso é prova de que nem todo mundo é chato para todo mundo o tempo todo. Tem gente que é chato pra um e não é para o outro.
Mas, mais chato do que o chato é quem convive com o chato, já que a chatice está nele. Por isso selecionamos pessoas para estarem perto de nós, e estas são exatamente as consideradas por nós como "menos chatas". Nesse caso, nem se trata de chatice propriamente dita, escolhemos o cônjuge pelas qualidades que tem e, obviamente, pela capacidade que temos em lidar com os seus defeitos (a chatice).
Mas todo mundo é chato! Não tem esse que nunca foi chato, pelo menos uma vez na vida. E há os mais chatos ainda que o são por picardia, por "chatura" mesmo, só de birra, só pra encher o saco! Aqueles que têm o poder de manipular os outros no sentido de fazê-los mais suscetíveis à própria inconveniência. "Vou ser chato porque eu gosto e pronto!" Esses são os mais chatos, ou não, há quem goste da irreverência desses tipos sarcásticos e sagazes, eu, particularmente, não gosto, acho-os terrivelmente chatos.
Há os chatos que nem imaginam que o sejam, e os que chorariam se soubessem que o mundo os acha chatos, mas uma coisa deve servir de consolo: O mundo é chato! Todo mundo é chato!
Bem, vou ficando por aqui, porque estou começando a achar que esse texto está ficando extremamente CHATO!!!
Todo mundo é chato! Inclusive o mundo, que quando criança eu pensava que fosse redondo, mas a terra é, na verdade, oval, ou seja, nada mais nada menos do que um círculo achatado.
Mas ao pensar a chatice alheia busco em mim mesma um parâmetro, um referencial. Descobri que todos somos chatos, aliás, chatos não, chatérrimos, chatíssimos, um porre!
Não há pessoa no mundo que não seja chata. Até o mais agradável dos homens em algum momento da existência será considerado chato por alguém. Isso porque a chatice não está na pessoa considerada chata, mas na pessoa que a classifica como tal.
Explico melhor. Algumas características minhas são tão agradáveis a alguns quanto insuportáveis para outros, esse segundo grupo de pessoas é exatamente aquele que provavelmente me considera chata.
Isso tudo porque ninguém é capaz de agradar a todos, aliás, ainda bem, porque essa pessoa seria a mais chata de todas.
E mais, isso também se dá porque a chatice não está no emissor da mensagem, mas no receptor dela. Ou seja, até um sorriso que eu der pode ser mensurado, de modo que se o receptor for alguém que goste de mim, ele me achará agradável, se for destinado a alguém que não gosta de mim, soará como inconveniente, como deboche, como chato!!!!!!
Isso é prova de que nem todo mundo é chato para todo mundo o tempo todo. Tem gente que é chato pra um e não é para o outro.
Mas, mais chato do que o chato é quem convive com o chato, já que a chatice está nele. Por isso selecionamos pessoas para estarem perto de nós, e estas são exatamente as consideradas por nós como "menos chatas". Nesse caso, nem se trata de chatice propriamente dita, escolhemos o cônjuge pelas qualidades que tem e, obviamente, pela capacidade que temos em lidar com os seus defeitos (a chatice).
Mas todo mundo é chato! Não tem esse que nunca foi chato, pelo menos uma vez na vida. E há os mais chatos ainda que o são por picardia, por "chatura" mesmo, só de birra, só pra encher o saco! Aqueles que têm o poder de manipular os outros no sentido de fazê-los mais suscetíveis à própria inconveniência. "Vou ser chato porque eu gosto e pronto!" Esses são os mais chatos, ou não, há quem goste da irreverência desses tipos sarcásticos e sagazes, eu, particularmente, não gosto, acho-os terrivelmente chatos.
Há os chatos que nem imaginam que o sejam, e os que chorariam se soubessem que o mundo os acha chatos, mas uma coisa deve servir de consolo: O mundo é chato! Todo mundo é chato!
Bem, vou ficando por aqui, porque estou começando a achar que esse texto está ficando extremamente CHATO!!!
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Berceuse a Samuel
Cyntia Pinheiro
Dorme, meu menino,
Meu pequeno anjo,
Que no seu colinho
Jesus quer te aconchegar.
Sonha com os anjos,
Que no céu te esperam,
Brincando pelas nuvens
De pular e flutuar.
Amanhã desperta,
Trazendo o sol contigo
Iluminando o dia
Que vai nos abençoar.
(Quer musicar este poema????????? Fale comigo)
Dorme, meu menino,
Meu pequeno anjo,
Que no seu colinho
Jesus quer te aconchegar.
Sonha com os anjos,
Que no céu te esperam,
Brincando pelas nuvens
De pular e flutuar.
Amanhã desperta,
Trazendo o sol contigo
Iluminando o dia
Que vai nos abençoar.
(Quer musicar este poema????????? Fale comigo)
domingo, 24 de outubro de 2010
Lançamento do livro
Acompanhem os links sobre o lançamento do livro:
Prefácio feito por Wanderlino Arruda:
http://montesclaros.com/mural/cronistas.asp?cronista=Wanderlino%20Arruda
Fotos da noite de autógrafos, vejam como fiquei linda, Flavinha faz milagres! rs...:
http://www.dzai.com.br/marciavieirayellow4/foto/galeria?fot_id=103154
Obrigada pela torcida!
Beijos,
Cyntia.
Prefácio feito por Wanderlino Arruda:
http://montesclaros.com/mural/cronistas.asp?cronista=Wanderlino%20Arruda
Fotos da noite de autógrafos, vejam como fiquei linda, Flavinha faz milagres! rs...:
http://www.dzai.com.br/marciavieirayellow4/foto/galeria?fot_id=103154
Obrigada pela torcida!
Beijos,
Cyntia.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
O voo do Albatroz
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Samuquices...
Samuel gritando pela janela olhando as estrelas:
- Jesus, ow Jesus, vem aqui "ni" mim...
-------------------------------
Retrucando:
- Se você falar mais uma vez eu não obedeço.
---------------------------
Mamãe, eu tenho muitas motos, mas hoje só vou levar uma moto pra escola,
asmanhãres eu levo as outras.
------------------------------
Papai, espera aí, só um minutim...
Deixa eu falar com a minha mãe.
------------------------
Eu pergunto:
- Sam, vc comeu todo o seu lanche hoje na escola?
Ele responde:
- Pode agostar! (quis dizer: pode apostar)
-----------------------------
- Gabriel, meu priminho, tá com capatora (catapora).
-------------------------
Encontramos Gabriel e titia no shopping e Sam, que adora o priminho, ficou querendo brincar um pouco com ele, mas não foi possível pq estávamos todos apressados, e a titia falou pra ele esperar Gá sarar pra eles poderem brincar, porque nessa fase a catapora pega só de respirar. Samuel reclamou até, mas se conformou, já no carro falou pra mim:
- Mamãe, deixa eu ficar mais um pouquinho com Ga, eu não vou nem respirar.
-----------------------------
Eu caindo de sono e Sam pergunta:
- Mamãe, pq vc está bostejando? (bocejando)
-------------------------
Eu: Ê Samuel figurinha...
Ele: Ê mamãe sigulinha...
------------------------
- Jesus, ow Jesus, vem aqui "ni" mim...
-------------------------------
Retrucando:
- Se você falar mais uma vez eu não obedeço.
---------------------------
Mamãe, eu tenho muitas motos, mas hoje só vou levar uma moto pra escola,
asmanhãres eu levo as outras.
------------------------------
Papai, espera aí, só um minutim...
Deixa eu falar com a minha mãe.
------------------------
Eu pergunto:
- Sam, vc comeu todo o seu lanche hoje na escola?
Ele responde:
- Pode agostar! (quis dizer: pode apostar)
-----------------------------
- Gabriel, meu priminho, tá com capatora (catapora).
-------------------------
Encontramos Gabriel e titia no shopping e Sam, que adora o priminho, ficou querendo brincar um pouco com ele, mas não foi possível pq estávamos todos apressados, e a titia falou pra ele esperar Gá sarar pra eles poderem brincar, porque nessa fase a catapora pega só de respirar. Samuel reclamou até, mas se conformou, já no carro falou pra mim:
- Mamãe, deixa eu ficar mais um pouquinho com Ga, eu não vou nem respirar.
-----------------------------
Eu caindo de sono e Sam pergunta:
- Mamãe, pq vc está bostejando? (bocejando)
-------------------------
Eu: Ê Samuel figurinha...
Ele: Ê mamãe sigulinha...
------------------------
Outro dia
Cyntia Pinheiro
Outro dia eu telefonei para um médico que jantava, ele abandonou a mesa do jantar para ouvir os números que eu tinha nas mãos, e confirmou: é gravidez! Pensei que aquele era o momento mais feliz da minha vida, chorei, sorri, vibrei de tanta emoção, mas não, não seria aquele o dia mais feliz da minha vida, um mar de riquezas ainda inundaria minha alma com tantos momentos de plenitude a partir de então.
Primeiro as descobertas que a gravidez oferece, com suas nuances ternas e as paisagens indescritíveis de magia e arrebatamento, depois o primeiro choro que faz a gente chorar e sorrir e, um segundo depois vem o silêncio do ser amado quando é colocado do ladinho da gente, uma coisa que não tem nome de tão especial que é.
Aí vem as alegrias e aflições diárias, os medos, medo de errar, medo de machucar, medo de não saber educar, medo de amar tanto e mesmo assim amar mais do que a gente acredita ser possível.
Os primeiros passos, as primeiras palavras, um olhar diferente, a mãozinha delicada, o cheirinho, a amamentação...
E num piscar de olhos o tempo vai passando, e nosso menino vai crescendo, ficando esperto, inteligente, sagaz. E diz coisas que a gente acha precoces, especiais demais pra uma idade tão doce, tão pura e linda!
E me deparo com o dia de hoje, um dia comum, em que a gente precisou correr como nos dias comuns, precisou trabalhar, estudar, ler, produzir. Um dia em que nada de novo aconteceria, mas aconteceu.
Há exatos 3 anos, 8 meses e 21 dias nossa vida começou a fazer sentido, e hoje vi esse sentido reafirmado naqueles olhinhos vibrantes, naqueles dentinhos branquinhos e na vozinha estridente e tagarela do nosso pequenino.
Bagunça na cama de mamãe e papai é a melhor das brincadeiras e a gente vira criança junto com ele, mas hoje as brincadeiras foram outras e nos surpreendemos, não foi necessário pularmos, nem rolarmos, nem nos escondermos embaixo dos edredons como na semana passada, hoje foi o dia das pequenas charadas, de ver quem fica mais tempo sem piscar, quem consegue fazer mais caretas e ficar mais tempo sem sorrir e também foi dia de fazermos imitações.
Nosso pequeno se saiu muito bem em todas elas e nos surpreendeu com suas imitações, mais ainda das suas deduções com relação às mímicas que fazíamos:
- Acho que mamãe é um vento! Papai é uma cobra! Mamãe é um ventilador! Papai é um passarinho!
E quanta graça ao imitar os bichos, fazia tudo direitinho, tanto que a gente precisava fingir que não estava acertando só pra vermos as caretinhas por mais tempo, ai como foi bom!
E descubro um menino tão esperto e generoso que não quer ver nem o papai e nem a mamãe errando e, ao imitar o leão, vendo que o papai não acertava, rugia cada vez mais forte:
- rrrrau... rrrrrau...
- É um gatinho? É um tigre? É uma onça?
E passa perto do papai girando os bracinhos, rugindo abafado e sopra baixinho pra mamãe não descobrir:
- rrrrrrau... é um leão...
Outro dia eu telefonei para um médico que jantava, ele abandonou a mesa do jantar para ouvir os números que eu tinha nas mãos, e confirmou: é gravidez! Pensei que aquele era o momento mais feliz da minha vida, chorei, sorri, vibrei de tanta emoção, mas não, não seria aquele o dia mais feliz da minha vida, um mar de riquezas ainda inundaria minha alma com tantos momentos de plenitude a partir de então.
Primeiro as descobertas que a gravidez oferece, com suas nuances ternas e as paisagens indescritíveis de magia e arrebatamento, depois o primeiro choro que faz a gente chorar e sorrir e, um segundo depois vem o silêncio do ser amado quando é colocado do ladinho da gente, uma coisa que não tem nome de tão especial que é.
Aí vem as alegrias e aflições diárias, os medos, medo de errar, medo de machucar, medo de não saber educar, medo de amar tanto e mesmo assim amar mais do que a gente acredita ser possível.
Os primeiros passos, as primeiras palavras, um olhar diferente, a mãozinha delicada, o cheirinho, a amamentação...
E num piscar de olhos o tempo vai passando, e nosso menino vai crescendo, ficando esperto, inteligente, sagaz. E diz coisas que a gente acha precoces, especiais demais pra uma idade tão doce, tão pura e linda!
E me deparo com o dia de hoje, um dia comum, em que a gente precisou correr como nos dias comuns, precisou trabalhar, estudar, ler, produzir. Um dia em que nada de novo aconteceria, mas aconteceu.
Há exatos 3 anos, 8 meses e 21 dias nossa vida começou a fazer sentido, e hoje vi esse sentido reafirmado naqueles olhinhos vibrantes, naqueles dentinhos branquinhos e na vozinha estridente e tagarela do nosso pequenino.
Bagunça na cama de mamãe e papai é a melhor das brincadeiras e a gente vira criança junto com ele, mas hoje as brincadeiras foram outras e nos surpreendemos, não foi necessário pularmos, nem rolarmos, nem nos escondermos embaixo dos edredons como na semana passada, hoje foi o dia das pequenas charadas, de ver quem fica mais tempo sem piscar, quem consegue fazer mais caretas e ficar mais tempo sem sorrir e também foi dia de fazermos imitações.
Nosso pequeno se saiu muito bem em todas elas e nos surpreendeu com suas imitações, mais ainda das suas deduções com relação às mímicas que fazíamos:
- Acho que mamãe é um vento! Papai é uma cobra! Mamãe é um ventilador! Papai é um passarinho!
E quanta graça ao imitar os bichos, fazia tudo direitinho, tanto que a gente precisava fingir que não estava acertando só pra vermos as caretinhas por mais tempo, ai como foi bom!
E descubro um menino tão esperto e generoso que não quer ver nem o papai e nem a mamãe errando e, ao imitar o leão, vendo que o papai não acertava, rugia cada vez mais forte:
- rrrrau... rrrrrau...
- É um gatinho? É um tigre? É uma onça?
E passa perto do papai girando os bracinhos, rugindo abafado e sopra baixinho pra mamãe não descobrir:
- rrrrrrau... é um leão...
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Constatação
Cyntia Pinheiro
E a pele vai sendo fraturada,
Nos cantos dos olhos...
É o tempo, é o tempo!
E a pele vai sendo fraturada,
Nos cantos dos olhos...
É o tempo, é o tempo!
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Lei pra que te quero...
Cyntia Pinheiro
Se o Brasil não for recordista na quantidade de leis que "fabrica" deve estar bem próximo disso.
Estou começando um curso de Direito e já tenho a perspectiva de que será impossível, em cinco anos, tomar conhecimento de TODAS elas.
Mas isso não me assuta. O que me assuta mesmo é saber que há leis cuja necessidade seria questionável se as políticas públicas fosses eficazes no que tange à educação do povo.
As pessoas se habituaram a ter alguém para dizer-lhes o que fazer e o que não fazer e, por essa razão, são incapazes de decidirem por si mesmas.
É claro que generalizar não é uma atitude inteligente, há pessoas e PESSOAS, mas não vou entrar nesse mérito. Só sei que há pessoas conscientes do seu papel na sociedade, embora muita gente ainda não esteja assim tão consciente.
O fato é que há lei pra tudo e hoje até examino com melhores olhos as premissas que obrigam a ação humana em conformidade com a lei sob a proibição de se alegar o desconhecimento dela.
Na dúvida procure uma lei, ela existirá, e, caso não exista, busque a analogia, sem regulação legal o ato não fica, desde que, obviamente, o ato repercuta no mundo jurídico, desconsiderando-se as insignificâncias e bagatelas da vida.
Há lei para dizer o que fazer ou não fazer, mas como o ser humano é dotado de uma capacidade incrível de desobedecer a norma, cria-se também a sanção, já prevendo o descumprimento.
Há lei para dizer que os pais devem cuidar dos filhos não infligindo-lhes castigos físicos e/ou psíquicos, lei para obrigá-los a conduzir os filhos em segurança em seus veículos, lei para obrigar ao uso de capacete e do cinto de segurança e ainda, proibindo o aborto, o furto, o roubo, o sequestro, o homicídio. Lei para dizer ao homem que não agrida sua companheira, para proibir o tráfico ilícito de entorpecentes, etc, etc, etc... e caberiam aqui muitos etcs...
E, o mais incrível é que, por mais que a lei seja uma medida protetiva, assecuratória da dignidade, da vida e da liberdade do indivíduo, o que mais se vê é o descumprimento e a reclamação.
Ora, mas não nos parecem óbvias demais as condutas esperadas em todos os casos supra citados?
É natural que os pais amem e zelem pelos filhos, conduzi-los em segurança e não os agredir deveria ser uma consequencia igualmente natural disso tudo, ninguém externo ao seio familiar deveria carecer de intervir nesse tipo de questão. Mas carece...
Usar o capacete e o cinto de segurança deveriam ser uma prova de amor-próprio e não uma norma absurdamente descumprida pelos principais interessados.
O respeito ao ser humano em sua totalidade seria prerrogativa eficiente para que mãe nenhuma desejasse assassinar o próprio filho e que nenhum homem espancasse a mulher que elegeu por companheira.
Isso nos faz pensar que ainda temos muito o que evoluir. E enquanto esse momento não chega continuaremos criando normas e, para o descumprimento destas, criamos sanções severas, porque muitas regras se tornam ineficazes, devido à falta de desenvolvimento moral do homem.
As leis são como um bolo que mordemos, mas que volta a crescer, pois nunca há saciedade social, não há resposta a elas, o que nos impulsiona a criamos sempre mais e mais regras de conduta. Ao fim pensamos que todo dejeto humano vira, ao mesmo tempo, ordenamento e caos social.
Escolhemos trilhar o caminho mais difícil, somente porque não descobrimos o valor da EDUCAÇÃO.
Se o Brasil não for recordista na quantidade de leis que "fabrica" deve estar bem próximo disso.
Estou começando um curso de Direito e já tenho a perspectiva de que será impossível, em cinco anos, tomar conhecimento de TODAS elas.
Mas isso não me assuta. O que me assuta mesmo é saber que há leis cuja necessidade seria questionável se as políticas públicas fosses eficazes no que tange à educação do povo.
As pessoas se habituaram a ter alguém para dizer-lhes o que fazer e o que não fazer e, por essa razão, são incapazes de decidirem por si mesmas.
É claro que generalizar não é uma atitude inteligente, há pessoas e PESSOAS, mas não vou entrar nesse mérito. Só sei que há pessoas conscientes do seu papel na sociedade, embora muita gente ainda não esteja assim tão consciente.
O fato é que há lei pra tudo e hoje até examino com melhores olhos as premissas que obrigam a ação humana em conformidade com a lei sob a proibição de se alegar o desconhecimento dela.
Na dúvida procure uma lei, ela existirá, e, caso não exista, busque a analogia, sem regulação legal o ato não fica, desde que, obviamente, o ato repercuta no mundo jurídico, desconsiderando-se as insignificâncias e bagatelas da vida.
Há lei para dizer o que fazer ou não fazer, mas como o ser humano é dotado de uma capacidade incrível de desobedecer a norma, cria-se também a sanção, já prevendo o descumprimento.
Há lei para dizer que os pais devem cuidar dos filhos não infligindo-lhes castigos físicos e/ou psíquicos, lei para obrigá-los a conduzir os filhos em segurança em seus veículos, lei para obrigar ao uso de capacete e do cinto de segurança e ainda, proibindo o aborto, o furto, o roubo, o sequestro, o homicídio. Lei para dizer ao homem que não agrida sua companheira, para proibir o tráfico ilícito de entorpecentes, etc, etc, etc... e caberiam aqui muitos etcs...
E, o mais incrível é que, por mais que a lei seja uma medida protetiva, assecuratória da dignidade, da vida e da liberdade do indivíduo, o que mais se vê é o descumprimento e a reclamação.
Ora, mas não nos parecem óbvias demais as condutas esperadas em todos os casos supra citados?
É natural que os pais amem e zelem pelos filhos, conduzi-los em segurança e não os agredir deveria ser uma consequencia igualmente natural disso tudo, ninguém externo ao seio familiar deveria carecer de intervir nesse tipo de questão. Mas carece...
Usar o capacete e o cinto de segurança deveriam ser uma prova de amor-próprio e não uma norma absurdamente descumprida pelos principais interessados.
O respeito ao ser humano em sua totalidade seria prerrogativa eficiente para que mãe nenhuma desejasse assassinar o próprio filho e que nenhum homem espancasse a mulher que elegeu por companheira.
Isso nos faz pensar que ainda temos muito o que evoluir. E enquanto esse momento não chega continuaremos criando normas e, para o descumprimento destas, criamos sanções severas, porque muitas regras se tornam ineficazes, devido à falta de desenvolvimento moral do homem.
As leis são como um bolo que mordemos, mas que volta a crescer, pois nunca há saciedade social, não há resposta a elas, o que nos impulsiona a criamos sempre mais e mais regras de conduta. Ao fim pensamos que todo dejeto humano vira, ao mesmo tempo, ordenamento e caos social.
Escolhemos trilhar o caminho mais difícil, somente porque não descobrimos o valor da EDUCAÇÃO.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Bestificando gente
Há um programa de humor na emissora de rádio Transamérica que ouço com uma razoável frequência, pois é veiculado na hora exata em que estou no trânsito, rumo ao trabalho.
Por ser um programa de humor, o "Transalouca", como é chamado, admite alguns excessos em nome da graça, mas acho que vale a pena analisarmos alguns pontos polêmicos que me despertaram a atenção.
Outro dia a banda Biquini Cavadão esteve no programa, no quadro estúdio ao vivo e eu fiquei estupefata quando a única mulher da equipe de entrevistadores, a humorista (?) Carol Zoccoli disse que experimentou tóxicos pela primeira vez aos 14 anos em um show daquela banda. Será que ela se esqueceu de que está num programa de grande alcance, em um horário acessível a pessoas de todas as faixas etárias, inclusive muita gente jovem que se deixa influenciar facilmente?
Aquela, porém, não foi a única vez que a humorista (?) fez apologia ao uso de drogas, em todas as vezes seguintes em que acompanhei o programa ouvi algo semelhante por parte dela. O que é lamentável, eu, pelo menos, não vejo graça nenhuma na dependência química que mata milhares de pessoas todos os anos no mundo todo. Sem contar as inúmeras facelas que o uso de drogas acarreta à sociedade.
No último dia 14 acompanhei o programa mais uma vez e me senti vilipendiada com a estupidez, a humilhação e a falta de respeito com que a banda convidada tratou suas fãs.
A iniciativa da rádio foi boa, arrecadar brinquedos para uma instituição, já que o dia das crianças está próximo. Cada fã, para assistir de dentro do estúdio, ao programa, deveria levar um brinquedo novo. Ótimo! Mas o que os integrantes da banda (?) Hori, que tem como líder o filho do cantor Fábio Júnior, impuseram às fãs, para que ganhassem um CD autografado, foi um festival de humilhações e grosserias.
Uma fã teve que bater com força no rosto do apresentador Fuzil, outra teve que plantar bananeira para conquistar o objeto e, por último, para ganhar o CD a moça teve que beber todo o conteúdo de uma garrafinha de água mineral de uma só vez. E o festival de besteiras só parou por aí porque o horário do programa já havia findado.
O jovem galã de nome (?) Fiuk foi infeliz ao lançar o primeiro desafio que foi vexatório ao apresentador e o que é pior, foi seguido por seus companheiros de música (?) com outras imposições ainda mais ridículas àquelas que são o motivo de seu sucesso. Um desrespeito às moças que ali estiveram, mas que, no auge da sua cegueira adolescente provavelmente nem perceberam a falta de consideração com que a banda (?) as tratou.
Eu também, como ouvinte, me senti desmerecida, agredida por tamanha falta de respeito a nós apreciadores do humor inteligente, que ainda luta para sobreviver apesar do nosso pobre cenário cultural dos tempos modernos.
Um programa que não respeita seus ouvintes é como uma banda que não respeita suas fãs, não merece crédito.
Cyntia Pinheiro
Professora de Canto
Acadêmica de Direito
Por ser um programa de humor, o "Transalouca", como é chamado, admite alguns excessos em nome da graça, mas acho que vale a pena analisarmos alguns pontos polêmicos que me despertaram a atenção.
Outro dia a banda Biquini Cavadão esteve no programa, no quadro estúdio ao vivo e eu fiquei estupefata quando a única mulher da equipe de entrevistadores, a humorista (?) Carol Zoccoli disse que experimentou tóxicos pela primeira vez aos 14 anos em um show daquela banda. Será que ela se esqueceu de que está num programa de grande alcance, em um horário acessível a pessoas de todas as faixas etárias, inclusive muita gente jovem que se deixa influenciar facilmente?
Aquela, porém, não foi a única vez que a humorista (?) fez apologia ao uso de drogas, em todas as vezes seguintes em que acompanhei o programa ouvi algo semelhante por parte dela. O que é lamentável, eu, pelo menos, não vejo graça nenhuma na dependência química que mata milhares de pessoas todos os anos no mundo todo. Sem contar as inúmeras facelas que o uso de drogas acarreta à sociedade.
No último dia 14 acompanhei o programa mais uma vez e me senti vilipendiada com a estupidez, a humilhação e a falta de respeito com que a banda convidada tratou suas fãs.
A iniciativa da rádio foi boa, arrecadar brinquedos para uma instituição, já que o dia das crianças está próximo. Cada fã, para assistir de dentro do estúdio, ao programa, deveria levar um brinquedo novo. Ótimo! Mas o que os integrantes da banda (?) Hori, que tem como líder o filho do cantor Fábio Júnior, impuseram às fãs, para que ganhassem um CD autografado, foi um festival de humilhações e grosserias.
Uma fã teve que bater com força no rosto do apresentador Fuzil, outra teve que plantar bananeira para conquistar o objeto e, por último, para ganhar o CD a moça teve que beber todo o conteúdo de uma garrafinha de água mineral de uma só vez. E o festival de besteiras só parou por aí porque o horário do programa já havia findado.
O jovem galã de nome (?) Fiuk foi infeliz ao lançar o primeiro desafio que foi vexatório ao apresentador e o que é pior, foi seguido por seus companheiros de música (?) com outras imposições ainda mais ridículas àquelas que são o motivo de seu sucesso. Um desrespeito às moças que ali estiveram, mas que, no auge da sua cegueira adolescente provavelmente nem perceberam a falta de consideração com que a banda (?) as tratou.
Eu também, como ouvinte, me senti desmerecida, agredida por tamanha falta de respeito a nós apreciadores do humor inteligente, que ainda luta para sobreviver apesar do nosso pobre cenário cultural dos tempos modernos.
Um programa que não respeita seus ouvintes é como uma banda que não respeita suas fãs, não merece crédito.
Cyntia Pinheiro
Professora de Canto
Acadêmica de Direito
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Meninices...
Eu: Ai, filho, estou com tanta dor de cabeça, coloca sua mãozinha na minha testa e pede pro Papai do céu me curar...
Samuel: Ah! Mamãe, é só pôr os óculos.
----------------------
Mamãe, e se eu quiser pegar na lua, como que faz?
---------------------
Mamãe, o que é vida sustentável?
-------------------
Ontem eu vou ser velhinho e vou morar lá na lua, com mamãe e papai.
----------------------
Samuel pega o suco de caixinha, tira o canudinho e pergunta:
- Papai, qual que a gente balança, o suco ou o canudinho?
-----------------------
Quando eu crescer quero ser dentista.
-------------------------
Falando em barriga eu estou ficando com fome.
-------------------
Papai diz:
- Sam, vem brincar comigo, eu quero brincar com você!
Samuel responde:
- Mas eu não sou brinquedo!
-------------------------
Mamãe, o barco tem rodas?
---------------------
Olhando um desenho no fundo do ônibus perguntou:
- Mamãe, o menino tá sentado na bola?
- Não filho, é uma cadeira de rodas. - respondi.
- Por que ele sentou nela, mamãe?
- Porque a perninha dele não funciona, ele não consegue andar, então ele senta na cadeira de rodas pra poder andar.
Samuel reflete um instante e dispara:
- Só a bunda dele que anda, né mamãe?
-------------------------------
Gritando pela janela olhando as estrelas:
- Jesus, ow Jesus, vem aqui "ni" mim...
-------------------------------
Retrucando:
- Se você falar mais uma vez eu não obedeço.
---------------------------
Samuel: Ah! Mamãe, é só pôr os óculos.
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Mamãe, e se eu quiser pegar na lua, como que faz?
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Mamãe, o que é vida sustentável?
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Ontem eu vou ser velhinho e vou morar lá na lua, com mamãe e papai.
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Samuel pega o suco de caixinha, tira o canudinho e pergunta:
- Papai, qual que a gente balança, o suco ou o canudinho?
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Quando eu crescer quero ser dentista.
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Falando em barriga eu estou ficando com fome.
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Papai diz:
- Sam, vem brincar comigo, eu quero brincar com você!
Samuel responde:
- Mas eu não sou brinquedo!
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Mamãe, o barco tem rodas?
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Olhando um desenho no fundo do ônibus perguntou:
- Mamãe, o menino tá sentado na bola?
- Não filho, é uma cadeira de rodas. - respondi.
- Por que ele sentou nela, mamãe?
- Porque a perninha dele não funciona, ele não consegue andar, então ele senta na cadeira de rodas pra poder andar.
Samuel reflete um instante e dispara:
- Só a bunda dele que anda, né mamãe?
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Gritando pela janela olhando as estrelas:
- Jesus, ow Jesus, vem aqui "ni" mim...
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Retrucando:
- Se você falar mais uma vez eu não obedeço.
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A coisa mais linda...
Cyntia Pinheiro
Dizem que os anjos têm asas, tocam arpa e possuem cabelos loirinhos e cacheados, mas sempre que me deparo com um, ele é bem diferente disso.
Hoje foi o dia de levar o meu anjinho particular para retirar seus cachinhos e ele se comportou muitíssimo bem, resultado: um corte de cabelo perfeito! Ficou ainda mais lindo!
Mas, lindo mesmo foi o que nos aconteceu ao sairmos da barbearia (meninos cortam cabelo em barbearias), meu filho me pediu:
- Mamãe, não quero ir pra casa, quero passear mais.
Não pude resistir ao pedido, principalmente porque havia uma loja em liquidação logo ali na frente, chamei o baixinho para entrar lá comigo e ficamos um tempinho apreciando os calçados a preço de banana.
O tempo "perdido" ali foi exato, preciso, sob medida para o que viria em seguida. Ao sairmos da loja descíamos distraídos pela rua quando nos deparamos com uma pequena rampa, uma deformidade no passeio que descemos sem dificuldade, mas lá embaixo havia um velhinho octogenário que tentava subir e não conseguia.
Confesso que não prestei atenção naquele senhor de imediato, mas somente quando ele abriu um largo sorriso e me pediu com um tom quase solene:
- Minha filha, quero te fazer um pedido, mas por favor não me leve a mal... Será que você pode me ajudar a subir aqui?
Nem vi quando troquei a mão do meu pequenino por aquela mãozinha frágil, delicada e fraquinha daquele homem. Tenho certeza absoluta de que não fiz muita diferença, porque o velhinho me deu sua mão direita e com a esqueda dava impulso ao corpo puxando a parede da loja que havia ali com toda a sua força.
Ao entregá-lo sem o menor esforço ao passeio retilínio que ele seguiria dali por diante, o velhinho beijou-me a mão e nos abençoou grandemente, agradecendo de forma vibrante o bem que eu lhe havia feito.
Aquele momento foi sublime, inexplicável pra mim. Meu coração pareceu revestido por uma força diferente, suave, que o pressionava gostosamente e me fazia saborear uma leveza nunca antes experimentada.
Olhei aquele anjinho enrugado bem no fundo dos olhos e em silêncio lhe agradeci pela oportunidade de sentir seu toque, a força do seu sorriso e a inacreditável energia que pulou dele pra mim num ritual único e especial.
Trocamos algumas pouquíssimas palavras de cortesia, gratidão e carinho, e, embora eu desejasse prolongar aquele momento, seguimos cada qual o nosso destino. Segurei novamente a mãozinha delicada do meu menino-anjo que nada mencionou, apenas respeitou o momento que se deu ali, e atravessamos a rua buscando nosso veículo.
Ao olhar para trás o anjinho mais experiente havia desaparecido, não sei se entrou em alguma porta ou se sumiu magicamente como fazem os anjos nas histórias que ouvimos por aí, só sei que Deus abençoou meu dia e essa foi a coisa mais linda que já me aconteceu.
Dizem que os anjos têm asas, tocam arpa e possuem cabelos loirinhos e cacheados, mas sempre que me deparo com um, ele é bem diferente disso.
Hoje foi o dia de levar o meu anjinho particular para retirar seus cachinhos e ele se comportou muitíssimo bem, resultado: um corte de cabelo perfeito! Ficou ainda mais lindo!
Mas, lindo mesmo foi o que nos aconteceu ao sairmos da barbearia (meninos cortam cabelo em barbearias), meu filho me pediu:
- Mamãe, não quero ir pra casa, quero passear mais.
Não pude resistir ao pedido, principalmente porque havia uma loja em liquidação logo ali na frente, chamei o baixinho para entrar lá comigo e ficamos um tempinho apreciando os calçados a preço de banana.
O tempo "perdido" ali foi exato, preciso, sob medida para o que viria em seguida. Ao sairmos da loja descíamos distraídos pela rua quando nos deparamos com uma pequena rampa, uma deformidade no passeio que descemos sem dificuldade, mas lá embaixo havia um velhinho octogenário que tentava subir e não conseguia.
Confesso que não prestei atenção naquele senhor de imediato, mas somente quando ele abriu um largo sorriso e me pediu com um tom quase solene:
- Minha filha, quero te fazer um pedido, mas por favor não me leve a mal... Será que você pode me ajudar a subir aqui?
Nem vi quando troquei a mão do meu pequenino por aquela mãozinha frágil, delicada e fraquinha daquele homem. Tenho certeza absoluta de que não fiz muita diferença, porque o velhinho me deu sua mão direita e com a esqueda dava impulso ao corpo puxando a parede da loja que havia ali com toda a sua força.
Ao entregá-lo sem o menor esforço ao passeio retilínio que ele seguiria dali por diante, o velhinho beijou-me a mão e nos abençoou grandemente, agradecendo de forma vibrante o bem que eu lhe havia feito.
Aquele momento foi sublime, inexplicável pra mim. Meu coração pareceu revestido por uma força diferente, suave, que o pressionava gostosamente e me fazia saborear uma leveza nunca antes experimentada.
Olhei aquele anjinho enrugado bem no fundo dos olhos e em silêncio lhe agradeci pela oportunidade de sentir seu toque, a força do seu sorriso e a inacreditável energia que pulou dele pra mim num ritual único e especial.
Trocamos algumas pouquíssimas palavras de cortesia, gratidão e carinho, e, embora eu desejasse prolongar aquele momento, seguimos cada qual o nosso destino. Segurei novamente a mãozinha delicada do meu menino-anjo que nada mencionou, apenas respeitou o momento que se deu ali, e atravessamos a rua buscando nosso veículo.
Ao olhar para trás o anjinho mais experiente havia desaparecido, não sei se entrou em alguma porta ou se sumiu magicamente como fazem os anjos nas histórias que ouvimos por aí, só sei que Deus abençoou meu dia e essa foi a coisa mais linda que já me aconteceu.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Letras dos amigos
Compatilharei com vocês alguns versos de amigos, como este lindo poema do amigo Júnior Viana. Se deliciem!
__________________________
Acácia Patrícia
Autor: Júnior Viana
Sob a égide de tuas brancas pálpebras,
Reluzentes são os teus cristais.
Eis que são dúbias esferas, amálgama
Entre deuses e mortais.
Ludibrioso busto que segreda a hermética
Paisagem colhida do paraíso.
Tens, do suave perfume da acácia patrícia,
O encanto e o visgo.
Insana, toma-me em mistérios trôpegos
E afoga-me em gozo.
Reside por entre altivos arvoredos
Esculpidos em ouro.
Sob os teus lábios escorre a seiva do prazer
E a umidade luxuriosa da relva.
Sentir o calor de tua pétala é meu bem-querer
E a aniquilação das trevas.
Pernoitar em teus sonhos é ludibriar
As nuances dos pesadelos.
Possuir-te, é ter a semente desse jardim
Tão verdejante, calmo e tão belo.
__________________________
Acácia Patrícia
Autor: Júnior Viana
Sob a égide de tuas brancas pálpebras,
Reluzentes são os teus cristais.
Eis que são dúbias esferas, amálgama
Entre deuses e mortais.
Ludibrioso busto que segreda a hermética
Paisagem colhida do paraíso.
Tens, do suave perfume da acácia patrícia,
O encanto e o visgo.
Insana, toma-me em mistérios trôpegos
E afoga-me em gozo.
Reside por entre altivos arvoredos
Esculpidos em ouro.
Sob os teus lábios escorre a seiva do prazer
E a umidade luxuriosa da relva.
Sentir o calor de tua pétala é meu bem-querer
E a aniquilação das trevas.
Pernoitar em teus sonhos é ludibriar
As nuances dos pesadelos.
Possuir-te, é ter a semente desse jardim
Tão verdejante, calmo e tão belo.
domingo, 1 de agosto de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
África 2010 e a voluntária de Deus no inferno
Cyntia Pinheiro
Fez uma viagem para "além-mar", África do Sul, cujo objetivo era assistir à Copa do Mundo de 2010.
Mas o avião quebrou em um outro aeroporto, a oeste no continente, e foram obrigados a pernoitar em uma cidadezinha nigérrima, misérrima, contrastante com o evento tão grandioso.
Lá chegando, ela encontrou tantos africanóides, nada sulistas, morrendo de fome nas bandas pobres, perto de esgotos podres, costelas a mostra, cara de morte, morte, malfadada sorte.
Pensou em não embarcar. Talvez ali pudesse ser mais útil. Questionou a utilidade de tanta farra futebolística, era só uma bola e algumas coxas grossas correndo na grama verdinha e nova dos estádios luxuosos.
Ali a pobreza era proporcionalmente gritante, escandalosa, opositora a tanta ostentação desportiva, que naquele momento julgou sem nexo, sem razão de ser.
Passou a mão pela testa acreditando que o gesto poderia afastar o pensamento tão desconfortável, mas ele não se moveu dali, estava determinado a lhe fazer desistir de seguir viagem. E ela desistiu.
Na manhã seguinte comunicou à empresa de turismo que não seguiria viagem com os demais, decidiu ficar na Nigéria, para sempre.
Limpou a bunda de meninos negros esqueléticos e aidéticos, trocou curativos de mães cadavéricas, participou de movimentos humanitários, se envolveu com aquele povo de um jeito que passou a pertencê-lo.
A copa do mundo terminou, seu país perdeu, todos voltaram para casa, sem encontrar o sentido daquela viagem desperdiçada com algazarra, vuvuzelas barulhentas, promiscuidade e vazio interior.
A jovem médica que permanceu nas bandas pobres da África começou a viver naquele dia em que o avião quebrou. Encontrou ali o inferno na terra, e viu que no inferno poderia ser útil, como voluntária de Deus.
Fez uma viagem para "além-mar", África do Sul, cujo objetivo era assistir à Copa do Mundo de 2010.
Mas o avião quebrou em um outro aeroporto, a oeste no continente, e foram obrigados a pernoitar em uma cidadezinha nigérrima, misérrima, contrastante com o evento tão grandioso.
Lá chegando, ela encontrou tantos africanóides, nada sulistas, morrendo de fome nas bandas pobres, perto de esgotos podres, costelas a mostra, cara de morte, morte, malfadada sorte.
Pensou em não embarcar. Talvez ali pudesse ser mais útil. Questionou a utilidade de tanta farra futebolística, era só uma bola e algumas coxas grossas correndo na grama verdinha e nova dos estádios luxuosos.
Ali a pobreza era proporcionalmente gritante, escandalosa, opositora a tanta ostentação desportiva, que naquele momento julgou sem nexo, sem razão de ser.
Passou a mão pela testa acreditando que o gesto poderia afastar o pensamento tão desconfortável, mas ele não se moveu dali, estava determinado a lhe fazer desistir de seguir viagem. E ela desistiu.
Na manhã seguinte comunicou à empresa de turismo que não seguiria viagem com os demais, decidiu ficar na Nigéria, para sempre.
Limpou a bunda de meninos negros esqueléticos e aidéticos, trocou curativos de mães cadavéricas, participou de movimentos humanitários, se envolveu com aquele povo de um jeito que passou a pertencê-lo.
A copa do mundo terminou, seu país perdeu, todos voltaram para casa, sem encontrar o sentido daquela viagem desperdiçada com algazarra, vuvuzelas barulhentas, promiscuidade e vazio interior.
A jovem médica que permanceu nas bandas pobres da África começou a viver naquele dia em que o avião quebrou. Encontrou ali o inferno na terra, e viu que no inferno poderia ser útil, como voluntária de Deus.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Amigas
Cyntia Pinheiro
Flávia para minhas tardes
Sol de noite sorrindo
E desmanchando-se em carinho
Thiara peculiar
Vera é imprescindível
Glaucy saudade bem grande
Manu igualmente querida
Fernanda sensata e amiga
Klauren por nossos filhos
Gedey mergulhou em meu ser
Júnia para sorrir
Viviane para eu torcer
Babi justa e franca
Lôra afinidade
Todas contemporâneas
Todas amigas de verdade!
Flávia para minhas tardes
Sol de noite sorrindo
E desmanchando-se em carinho
Thiara peculiar
Vera é imprescindível
Glaucy saudade bem grande
Manu igualmente querida
Fernanda sensata e amiga
Klauren por nossos filhos
Gedey mergulhou em meu ser
Júnia para sorrir
Viviane para eu torcer
Babi justa e franca
Lôra afinidade
Todas contemporâneas
Todas amigas de verdade!
domingo, 27 de junho de 2010
Rogai a vós, os que interrompem a nós!!!
Cyntia Pinheiro
Não existe coisa mais deselegante e desagradável do que um terceiro que chega e interrompe um diálogo. O tempo inteiro, todos os dias, há pessoas que fazem isso e nem percebem. Eu já fiz parte desse time, hoje tento não fazer isso com as pessoas, embora sempre façam isso comigo.
O papo está bom, interessante, empolgante e chega um desavisado, interrompe o papo, geralmente pra falar de assunto diverso e nem desconfia. Quando esse terceiro dá o seu recado rapidinho e sai a gente releva, mas quando o infeliz insiste em não sair de perto, continua falando sem parar e você e seu amigo tentando concluir o papo e não podem, ahhhhhhhhh... Aí é demais!
Eu era adolescente e tinha o hábito de pedalar com as amigas nas ruas planas de Taiobeiras. Nossa turminha de amigas era bem grande e sempre saíamos em bando, geralmente eu, Flávia, Nete, Selma, Aline, Hélvia, Marisa, Alessandra, Edinéia e Gisele (me perdoem se deixei alguém de fora). Mas para pedalar nem sempre todas estávamos juntas, o grupo geralmente era menor, somente as quatro primeiras, sobre quem falarei um pouco mais agora.
Adorávamos comer pipoca feita no fogão de lenha, com banha de porco, na porta da casa de Selminha, Dona Terezinha sempre nos recebia muito bem; Na casa de Nete aprendíamos a bordar com ajuda de Anita e passávamos tardes agradabilíssimas também; A casa de Flávia era a mais impecável em organização, lá eu tinha trânsito livre, pois éramos todos como uma só família, crescemos juntas e morávamos uma em frente à outra, Leni sempre fazia bolos gostosos para o café da tarde; Na minha casa a gente se reunia para dançar, pois talvez eu tivesse a maior sala de visitas, então empurrávamos os móveis e passávamos tardes inteiras ao som de Débora Blando fazendo ensaios intermináveis.
Mas havia uma casa que era excelente para as nossas reuniões, a casa de Gisele. Antonina, mãe da nossa colega, era uma figurinha fantástica. Tinha uma voz exótica, que eu sempre imaginei que seria adequada para a dublagem de desenhos animados ou fantoches. Ela talvez tenha a sido a mãe que mais se envolveu com nossa turma, talvez porque também fosse professora no colégio onde estudávamos. Na casa de Gisele aconteciam as farrinhas, os trabalhos, os ensaios para as nossas apresentações, as reuniões mais importantes que fizemos naquela época jovial. Lá comi cuscuz pela primeira vez, pintamos vestidos para a gincana folclórica, confeccionamos flores de tecido, elaboramos apresentações teatrais incrivelmente lindas e inesquecíveis, tudo sob a tutela da adorável Antonina.
Todas nós tínhamos muita liberdade nas casas umas das outras, e nossas mães foram ótimas parceiras no período estudantil. Foi um período de intercâmbio maravilhoso entre nossas famílias, um tempo saudoso, de grandes recordações.
Chegávamos em casa de Antonina a qualquer hora do dia e éramos absolutamente bem recebidas, o mesmo se dava com Anita e D. Terezinha, as três mães que mais visitávamos.
Em uma tarde de sábado, o quarteto sob duas rodas decidiu fazer uma visitinha à nossa amiga e líder Gisele e como era de praxe chegamos sem avisar. Estranhamente Antonina estava um pouco mais séria, mas não menos simpática, assim como a filha. Sem percebermos um provável inconveniente, eu e minhas parceiras de pedaladas entramos, sentamos no sofá, conversamos sobre vários assuntos, pedimos pra Gisele fazer pipoca, tomamos suco e só depois de aproximadamente uma hora de papo, percebemos que elas realmente estavam diferentes, pareciam querer muito que desconfiássemos de algo.
Então, desconfiada, eu chamei as colegas para irmos embora, ao que a engraçada Antonina falou:
- Não, agora vocês não vão embora não, quando vocês chegaram nós estávamos rezando o terço, pois podem terminar de rezar com a gente.
Ficamos constrangidíssimas, mas não fomos capazes de recusar o convite inusitado. Permanecemos ali por mais uns quarenta minutos rezando o terço, sem saber se fechávamos os olhos pra nos concentrarmos na reza ou se pra escondermos o rubor de nossos rostos envergonhados.
Nunca mais chegamos em casa de ninguém sem avisar, hoje eu não faço isso sob hipótese nenhuma, aliás, coisa rara é eu visitar alguém sem ser convidada. Quanto a interromper a conversa alheia, aprendemos mais do que isso, afinal interrompemos o terço alheio! Quer coisa mais desagradável?
Salve Antonina e sua criatividade!
Não existe coisa mais deselegante e desagradável do que um terceiro que chega e interrompe um diálogo. O tempo inteiro, todos os dias, há pessoas que fazem isso e nem percebem. Eu já fiz parte desse time, hoje tento não fazer isso com as pessoas, embora sempre façam isso comigo.
O papo está bom, interessante, empolgante e chega um desavisado, interrompe o papo, geralmente pra falar de assunto diverso e nem desconfia. Quando esse terceiro dá o seu recado rapidinho e sai a gente releva, mas quando o infeliz insiste em não sair de perto, continua falando sem parar e você e seu amigo tentando concluir o papo e não podem, ahhhhhhhhh... Aí é demais!
Eu era adolescente e tinha o hábito de pedalar com as amigas nas ruas planas de Taiobeiras. Nossa turminha de amigas era bem grande e sempre saíamos em bando, geralmente eu, Flávia, Nete, Selma, Aline, Hélvia, Marisa, Alessandra, Edinéia e Gisele (me perdoem se deixei alguém de fora). Mas para pedalar nem sempre todas estávamos juntas, o grupo geralmente era menor, somente as quatro primeiras, sobre quem falarei um pouco mais agora.
Adorávamos comer pipoca feita no fogão de lenha, com banha de porco, na porta da casa de Selminha, Dona Terezinha sempre nos recebia muito bem; Na casa de Nete aprendíamos a bordar com ajuda de Anita e passávamos tardes agradabilíssimas também; A casa de Flávia era a mais impecável em organização, lá eu tinha trânsito livre, pois éramos todos como uma só família, crescemos juntas e morávamos uma em frente à outra, Leni sempre fazia bolos gostosos para o café da tarde; Na minha casa a gente se reunia para dançar, pois talvez eu tivesse a maior sala de visitas, então empurrávamos os móveis e passávamos tardes inteiras ao som de Débora Blando fazendo ensaios intermináveis.
Mas havia uma casa que era excelente para as nossas reuniões, a casa de Gisele. Antonina, mãe da nossa colega, era uma figurinha fantástica. Tinha uma voz exótica, que eu sempre imaginei que seria adequada para a dublagem de desenhos animados ou fantoches. Ela talvez tenha a sido a mãe que mais se envolveu com nossa turma, talvez porque também fosse professora no colégio onde estudávamos. Na casa de Gisele aconteciam as farrinhas, os trabalhos, os ensaios para as nossas apresentações, as reuniões mais importantes que fizemos naquela época jovial. Lá comi cuscuz pela primeira vez, pintamos vestidos para a gincana folclórica, confeccionamos flores de tecido, elaboramos apresentações teatrais incrivelmente lindas e inesquecíveis, tudo sob a tutela da adorável Antonina.
Todas nós tínhamos muita liberdade nas casas umas das outras, e nossas mães foram ótimas parceiras no período estudantil. Foi um período de intercâmbio maravilhoso entre nossas famílias, um tempo saudoso, de grandes recordações.
Chegávamos em casa de Antonina a qualquer hora do dia e éramos absolutamente bem recebidas, o mesmo se dava com Anita e D. Terezinha, as três mães que mais visitávamos.
Em uma tarde de sábado, o quarteto sob duas rodas decidiu fazer uma visitinha à nossa amiga e líder Gisele e como era de praxe chegamos sem avisar. Estranhamente Antonina estava um pouco mais séria, mas não menos simpática, assim como a filha. Sem percebermos um provável inconveniente, eu e minhas parceiras de pedaladas entramos, sentamos no sofá, conversamos sobre vários assuntos, pedimos pra Gisele fazer pipoca, tomamos suco e só depois de aproximadamente uma hora de papo, percebemos que elas realmente estavam diferentes, pareciam querer muito que desconfiássemos de algo.
Então, desconfiada, eu chamei as colegas para irmos embora, ao que a engraçada Antonina falou:
- Não, agora vocês não vão embora não, quando vocês chegaram nós estávamos rezando o terço, pois podem terminar de rezar com a gente.
Ficamos constrangidíssimas, mas não fomos capazes de recusar o convite inusitado. Permanecemos ali por mais uns quarenta minutos rezando o terço, sem saber se fechávamos os olhos pra nos concentrarmos na reza ou se pra escondermos o rubor de nossos rostos envergonhados.
Nunca mais chegamos em casa de ninguém sem avisar, hoje eu não faço isso sob hipótese nenhuma, aliás, coisa rara é eu visitar alguém sem ser convidada. Quanto a interromper a conversa alheia, aprendemos mais do que isso, afinal interrompemos o terço alheio! Quer coisa mais desagradável?
Salve Antonina e sua criatividade!
terça-feira, 15 de junho de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Biombo dialético
Cyntia Pinheiro
Por trás do biombo dialético
Dois estranhos trepam.
Orgasmo linguístico!
Não há sexo.
Só há versos.
Por trás do biombo dialético
Dois estranhos trepam.
Orgasmo linguístico!
Não há sexo.
Só há versos.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Terça a tarde
Cyntia Pinheiro
De um verso apaixonado
Brota o úmido veio do amor
Cristalinamente o olhar cândido me fita
Pela tela inerte do meu computador
Imagino-te a galope
Viril sorriso e dolorosa morte
Que uma fantasia quase viva
E de omissa gravidade fala da minha sorte
Nem mil beija-flores possuem a festa
De tamanha embriaguez do mel de teus lábios
Como se de tempos pregressos eu pudesse
Tocar teu busto tosco e segregado
E nem na foice da morte és desventura
Partindo tão cedo para as paragens eternas
Rubro calor de meu rosto febril
Etéreas manhãs, medos e desejos estéreis
Farta mão sobre o meu corpo descobre
Coloridos sentidos e toda minha calma
Possuindo-me nua em tuas carnes de ouro
Calando o tempo no abismo da alma
E na vaziez de minhas entranhas
Dois desconhecidos se extasiam
Não é sexo, não é corpo
É a descoberta da poesia.
De um verso apaixonado
Brota o úmido veio do amor
Cristalinamente o olhar cândido me fita
Pela tela inerte do meu computador
Imagino-te a galope
Viril sorriso e dolorosa morte
Que uma fantasia quase viva
E de omissa gravidade fala da minha sorte
Nem mil beija-flores possuem a festa
De tamanha embriaguez do mel de teus lábios
Como se de tempos pregressos eu pudesse
Tocar teu busto tosco e segregado
E nem na foice da morte és desventura
Partindo tão cedo para as paragens eternas
Rubro calor de meu rosto febril
Etéreas manhãs, medos e desejos estéreis
Farta mão sobre o meu corpo descobre
Coloridos sentidos e toda minha calma
Possuindo-me nua em tuas carnes de ouro
Calando o tempo no abismo da alma
E na vaziez de minhas entranhas
Dois desconhecidos se extasiam
Não é sexo, não é corpo
É a descoberta da poesia.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Viu, Soraia, viu!
Cyntia Pinheiro
Soraia é uma amizade recente, de poucos meses, mas com status de décadas ou até séculos em meu coração. É uma menina-mulher que, assim como eu, já trintou, mas preserva uma jovialidade tão eloquente que é difícil atribuir a ela mais que uns vinte e cinco anos.
Nos conhecemos agora, em nossa segunda graduação, e só há três meses passamos a nos sentar lado a lado, aí essa moça atrevida olha nos meus olhos e faz um pedido:
- Cyntia, escreva algo pra mim!
E eu, surpreendida com a inusitada proposta apenas sorri (em deboche) dizendo:
- Viu, Soraia, viu...
Confesso que a minha resposta saiu mais em tom de : "Ok, escrevo, mas agora me deixe estudar."
Só que essa moça tem algo misterioso, por mais que eu respondesse sem pensar ou prenteder, seu pedido tornou-se uma ordem. Uma ordem tão imperiosa que ela conseguiu me tirar às duas e quinze da madrugada de minha cama "queen size" quentinha e bem acompanhada para escrever pra ela, ou sobre ela.
Tudo isso porque Soraia é especial, das amizades intensas e maravilhosas que amealhei na vida, ela faz par com Viviane. Possuem algum tipo de magia interior apaixonante, como um ímã especial.
E quem conhece uma nem precisa conhecer a outra para saber como isso se dá, é supreendente e instantâneo! Quem não conhece nenhuma delas precisa conhecer com urgência! É relevante!
Sol, como a chamamos, tem mesmo muita luz e, por essa razão, atraiu para si duas mariposas bem distintas, Izael e eu.
À sua esquerda ela conta com a lucidez, o amor espontâneo, a verdade, a pureza (ou nem tanto), a sensatez e a hombridade do seu "melhor amigo".
À sua direita ela encontra essa boca gigante que Deus me deu, sempre sorrindo, falando bobagens ou chamando a atenção quando é necessário (e pode apostar, às vezes é necessário).
Ela é um tipo de mulher guerreira que eu não duvido nunca que conquistará todos os seus objetivos, tenho absoluta certeza de que será uma grande jurista, bem como nosso querido Izael.
Ela é uma menina sem juízo que estou sempre empurrando para os amores certos, mas que sempre faz as escolhas erradas e nem por isso deixamos de dar sonoras gargalhadas.
Soraia é um tipo de gente rara nesse mundão de meu Deus, daquelas que sempre tem pronta uma piada, mas em dois segundos muda o semblante e se preocupa sinceramente com as dificuldades dos amigos!
É uma mulher controversa, na medida em que é grande demais, possuidora de predicados tão nobres e tão verdadeiros que nem sempre dá conta de administrar em medida justa, mas o bom é que ela sabe ouvir e peneirar, sem se melindrar com nada, nadinha mesmo, achando graça onde é pra achar e não se ferindo à toa, pois ela sabe viver e aproveitar o bom da vida!
Essa é a minha amiga Soraia, um misto de força e alegria, sobre quem eu quase nada sei, mas sei que amo pra valer!
É isso. Viu, Soraia, viu?
08/05/10 2:15 às 2:45 hs madrugada fria.
Soraia é uma amizade recente, de poucos meses, mas com status de décadas ou até séculos em meu coração. É uma menina-mulher que, assim como eu, já trintou, mas preserva uma jovialidade tão eloquente que é difícil atribuir a ela mais que uns vinte e cinco anos.
Nos conhecemos agora, em nossa segunda graduação, e só há três meses passamos a nos sentar lado a lado, aí essa moça atrevida olha nos meus olhos e faz um pedido:
- Cyntia, escreva algo pra mim!
E eu, surpreendida com a inusitada proposta apenas sorri (em deboche) dizendo:
- Viu, Soraia, viu...
Confesso que a minha resposta saiu mais em tom de : "Ok, escrevo, mas agora me deixe estudar."
Só que essa moça tem algo misterioso, por mais que eu respondesse sem pensar ou prenteder, seu pedido tornou-se uma ordem. Uma ordem tão imperiosa que ela conseguiu me tirar às duas e quinze da madrugada de minha cama "queen size" quentinha e bem acompanhada para escrever pra ela, ou sobre ela.
Tudo isso porque Soraia é especial, das amizades intensas e maravilhosas que amealhei na vida, ela faz par com Viviane. Possuem algum tipo de magia interior apaixonante, como um ímã especial.
E quem conhece uma nem precisa conhecer a outra para saber como isso se dá, é supreendente e instantâneo! Quem não conhece nenhuma delas precisa conhecer com urgência! É relevante!
Sol, como a chamamos, tem mesmo muita luz e, por essa razão, atraiu para si duas mariposas bem distintas, Izael e eu.
À sua esquerda ela conta com a lucidez, o amor espontâneo, a verdade, a pureza (ou nem tanto), a sensatez e a hombridade do seu "melhor amigo".
À sua direita ela encontra essa boca gigante que Deus me deu, sempre sorrindo, falando bobagens ou chamando a atenção quando é necessário (e pode apostar, às vezes é necessário).
Ela é um tipo de mulher guerreira que eu não duvido nunca que conquistará todos os seus objetivos, tenho absoluta certeza de que será uma grande jurista, bem como nosso querido Izael.
Ela é uma menina sem juízo que estou sempre empurrando para os amores certos, mas que sempre faz as escolhas erradas e nem por isso deixamos de dar sonoras gargalhadas.
Soraia é um tipo de gente rara nesse mundão de meu Deus, daquelas que sempre tem pronta uma piada, mas em dois segundos muda o semblante e se preocupa sinceramente com as dificuldades dos amigos!
É uma mulher controversa, na medida em que é grande demais, possuidora de predicados tão nobres e tão verdadeiros que nem sempre dá conta de administrar em medida justa, mas o bom é que ela sabe ouvir e peneirar, sem se melindrar com nada, nadinha mesmo, achando graça onde é pra achar e não se ferindo à toa, pois ela sabe viver e aproveitar o bom da vida!
Essa é a minha amiga Soraia, um misto de força e alegria, sobre quem eu quase nada sei, mas sei que amo pra valer!
É isso. Viu, Soraia, viu?
08/05/10 2:15 às 2:45 hs madrugada fria.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
SAGA CAPILAR
Cyntia Pinheiro
Quando eu era criança e morava na cidade de Taiobeiras, a leitura diária era parte de meus hábitos, eu apreciava os quadrinhos que meu pai assinava com freqüência e semanalmente recebíamos exemplares novos em nossa casa. As minhas revistinhas prediletas eram as do Pato Donald e do Tio Patinhas. Lendo eu viajava.
Em uma dessas viagens ao mundo da fantasia, descobri a Maga Patalójika, uma patinha-bruxa cuja ambição era furtar a moedinha número 1 do Tio Patinhas. Para mim, a Maga era linda, tinha cílios imensos e os cabelos perfeitos, negros, na altura dos ombros, ao estilo channell. Decidi que queria ter aquele cabelo.
Há registros fotográficos em que apareço aos sete aninhos com os cabelos na altura dos ombros, escovados “à la Maga”.
Neste intento capilar, eis que certo dia, retornava à nossa cidade, um primo recém-casado com uma moça carioca. Ela era linda! Tinha um rosto de gueixa, redondo e alvo, olhos bem puxados, lábios de um vermelho sangrento, desses que não precisam de batom. Mas o que mais me chamou a atenção naquela nova prima era o seu cabelo, perfeito, exatamente igual ao da Maga Patalójika da revistinha em quadrinhos. Era um channell tão bem feito, tão preto, liso e brilhante que eu fiquei encantada! Quis ter igual.
Minha mãe passou a levar-me com freqüência ao salão de Nízia, a melhor e mais famosa cabeleireira da cidade à época, cujo salão ficava na nossa rua. Aquele foi um ano de incontáveis tratamentos capilares, uma tal de touca de gesso que levava horas para ficar pronta, banho de brilho, alisamentos mal-cheirosos e mil outras artimanhas para ficar parecida com a prima e, conseqüentemente, com a Maga.
No boteco de seu Cindo havia de tudo, todos os “sabores” de xampu da marca “Colorama”, xampu de ovos para cabelos oleosos, xampu de mel para cabelos secos, de lanolina para cabelos crespos e assim por diante, experimentei cada um deles, sem deixar de lado o mais importante de todos, o creme rinse. Era um creme cor-de-rosa com um cheiro ótimo, que dava até vontade de comer, era o único condicionador capilar que eu conhecia. O xampu variava, mas o creme rinse era inevitável, o cabelo ficava gostoso de pentear, com cheirinho imitando groselha.
Um ano se passou e mais uma vez, nas festividades natalinas, a família se reuniria como era de praxe. Fiquei ansiosa esperando as primas chegarem de São Paulo, especialmente aquela esposa do meu primo, queria rever o seu cabelo perfeito e mostrar a ela os avanços pelos quais os meus cabelos haviam passado. Claro que Nízia me socorreu com os tratamentos habituais e a imprescindível escova.
Para minha surpresa, a prima estava com os cabelos completamente diferentes, eles continuavam negros, mas agora estavam imensos, abaixo da cintura, repicados e, ainda mais lindos!
Fiquei arrasada em ver que meus cabelos jamais ficariam tão lindos quanto os da prima, ela era imbatível! Como conseguiu que seu cabelo crescesse tanto em um ano, enquanto os meus fiapos ingratos mal passaram dos ombros?
Essa pergunta deixou muita gente de cabelo em pé também e não apenas eu. Uma outra prima, também em férias e possuidora de madeixas generosas, chamou a esposa do primo para uma conversa, era um momento feminino, uma troca de “figurinhas”, afinal, a mulherada toda estava curiosa e ninguém tinha coragem de perguntar qual o segredo para tanta velocidade de crescimento capilar e de tanta beleza em suas madeixas.
A esposa do primo apenas sorriu e disse:
- Ah! Eu não fiz nada não, na verdade não ligo muito pro meu cabelo, uso qualquer xampu, o mais vagabundinho do mercado mesmo, a única diferença é que uso o melhor condicionador que existe, que é o neutrox, não troco ele por nada!
A outra prima, não menos bela e desfrutando da generosidade de sua cabeleira lisa, sorriu e disse:
- Eu também não ligo muito pra cabelo, uso xampu barato, só tem um que eu não uso de jeito nenhum, que é o tal do Colorama.
Aquela conversa me deixou muito triste, pois eu me esforcei muito para que meu cabelo fosse melhor, minha mãe gastou uma nota comigo em salão, experimentei todos os xampus da marca Colorama que havia na venda de Seu Cindo, e a natureza estava sendo ingrata comigo, eu jamais teria um channell perfeito como elas poderiam desfrutar a qualquer momento. Nesse dia eu odiei o meu cabelo!
Aos dez anos de idade fiz luzes, todos riram de mim quando entrei na piscina do clube e meu cabelo ficou verde por uma semana.
O tempo foi passando, a adolescência chegando e fui conhecendo novas marcas de xampu, novos tratamentos capilares, alisamentos, etc. Usei potes e mais potes de condicionadores das mais diferentes marcas e “sabores”, tais como tutano de boi e até um tal de espermacete de baleia, que prefiro não saber do que se trata, usei diversas vitaminas e até misturebas naturais como a baboza com abacate e óleo de amêndoas, e produtos diversos como neutrox, kolene, seda, alisabel, biorene dentre outros incontáveis.
Mais tarde descobri a chapinha e uma vez tingi de loiro, essa foi a pior fase, pois o cabelo ficou horrível e eu também. Sempre gostei de cortar na altura dos ombros e até mais curto, talvez porque ainda alimentasse o desejo de ter o cabelo da Maga Patalójika. Também aderi às progressivas por um tempo.
Um dia me cansei. Cansei de gastar horas e horas, dinheiros e dinheiros com salão de beleza no sábado para lavar o cabelo na segunda-feira e ele voltar a ser aquela coisa fosca, castanha e sem forma (meu cabelo nunca decidiu se queria ser liso ou encaracolado).
Pois bem, me casei, tive filho e outras preocupações bem mais exigentes do que o meu cabelo e foi aí que ele começou a crescer. Dei-lhe uma folga, parei de correr atrás do cabelo ideal. Não me importei mais com marca, nem preço e nem qualidade do xampu, passei a usar o xampu do meu filho, a lavar regularmente, ah, e o mais importante, desisti de querer ser igual à Maga Patalójika.
Hoje o meu cabelo é assim, 100% natural! Castanho, no meio das costas, lindo, perfeito! Tem dias que ele acorda de mau-humor, mas quem não acorda? O importante é que o cabelo dos meus sonhos sempre esteve na minha cabeça e eu não havia percebido. Acho que nós dois só precisávamos de uma coisa para nos entendermos: CRESCER!
Quando eu era criança e morava na cidade de Taiobeiras, a leitura diária era parte de meus hábitos, eu apreciava os quadrinhos que meu pai assinava com freqüência e semanalmente recebíamos exemplares novos em nossa casa. As minhas revistinhas prediletas eram as do Pato Donald e do Tio Patinhas. Lendo eu viajava.
Em uma dessas viagens ao mundo da fantasia, descobri a Maga Patalójika, uma patinha-bruxa cuja ambição era furtar a moedinha número 1 do Tio Patinhas. Para mim, a Maga era linda, tinha cílios imensos e os cabelos perfeitos, negros, na altura dos ombros, ao estilo channell. Decidi que queria ter aquele cabelo.
Há registros fotográficos em que apareço aos sete aninhos com os cabelos na altura dos ombros, escovados “à la Maga”.
Neste intento capilar, eis que certo dia, retornava à nossa cidade, um primo recém-casado com uma moça carioca. Ela era linda! Tinha um rosto de gueixa, redondo e alvo, olhos bem puxados, lábios de um vermelho sangrento, desses que não precisam de batom. Mas o que mais me chamou a atenção naquela nova prima era o seu cabelo, perfeito, exatamente igual ao da Maga Patalójika da revistinha em quadrinhos. Era um channell tão bem feito, tão preto, liso e brilhante que eu fiquei encantada! Quis ter igual.
Minha mãe passou a levar-me com freqüência ao salão de Nízia, a melhor e mais famosa cabeleireira da cidade à época, cujo salão ficava na nossa rua. Aquele foi um ano de incontáveis tratamentos capilares, uma tal de touca de gesso que levava horas para ficar pronta, banho de brilho, alisamentos mal-cheirosos e mil outras artimanhas para ficar parecida com a prima e, conseqüentemente, com a Maga.
No boteco de seu Cindo havia de tudo, todos os “sabores” de xampu da marca “Colorama”, xampu de ovos para cabelos oleosos, xampu de mel para cabelos secos, de lanolina para cabelos crespos e assim por diante, experimentei cada um deles, sem deixar de lado o mais importante de todos, o creme rinse. Era um creme cor-de-rosa com um cheiro ótimo, que dava até vontade de comer, era o único condicionador capilar que eu conhecia. O xampu variava, mas o creme rinse era inevitável, o cabelo ficava gostoso de pentear, com cheirinho imitando groselha.
Um ano se passou e mais uma vez, nas festividades natalinas, a família se reuniria como era de praxe. Fiquei ansiosa esperando as primas chegarem de São Paulo, especialmente aquela esposa do meu primo, queria rever o seu cabelo perfeito e mostrar a ela os avanços pelos quais os meus cabelos haviam passado. Claro que Nízia me socorreu com os tratamentos habituais e a imprescindível escova.
Para minha surpresa, a prima estava com os cabelos completamente diferentes, eles continuavam negros, mas agora estavam imensos, abaixo da cintura, repicados e, ainda mais lindos!
Fiquei arrasada em ver que meus cabelos jamais ficariam tão lindos quanto os da prima, ela era imbatível! Como conseguiu que seu cabelo crescesse tanto em um ano, enquanto os meus fiapos ingratos mal passaram dos ombros?
Essa pergunta deixou muita gente de cabelo em pé também e não apenas eu. Uma outra prima, também em férias e possuidora de madeixas generosas, chamou a esposa do primo para uma conversa, era um momento feminino, uma troca de “figurinhas”, afinal, a mulherada toda estava curiosa e ninguém tinha coragem de perguntar qual o segredo para tanta velocidade de crescimento capilar e de tanta beleza em suas madeixas.
A esposa do primo apenas sorriu e disse:
- Ah! Eu não fiz nada não, na verdade não ligo muito pro meu cabelo, uso qualquer xampu, o mais vagabundinho do mercado mesmo, a única diferença é que uso o melhor condicionador que existe, que é o neutrox, não troco ele por nada!
A outra prima, não menos bela e desfrutando da generosidade de sua cabeleira lisa, sorriu e disse:
- Eu também não ligo muito pra cabelo, uso xampu barato, só tem um que eu não uso de jeito nenhum, que é o tal do Colorama.
Aquela conversa me deixou muito triste, pois eu me esforcei muito para que meu cabelo fosse melhor, minha mãe gastou uma nota comigo em salão, experimentei todos os xampus da marca Colorama que havia na venda de Seu Cindo, e a natureza estava sendo ingrata comigo, eu jamais teria um channell perfeito como elas poderiam desfrutar a qualquer momento. Nesse dia eu odiei o meu cabelo!
Aos dez anos de idade fiz luzes, todos riram de mim quando entrei na piscina do clube e meu cabelo ficou verde por uma semana.
O tempo foi passando, a adolescência chegando e fui conhecendo novas marcas de xampu, novos tratamentos capilares, alisamentos, etc. Usei potes e mais potes de condicionadores das mais diferentes marcas e “sabores”, tais como tutano de boi e até um tal de espermacete de baleia, que prefiro não saber do que se trata, usei diversas vitaminas e até misturebas naturais como a baboza com abacate e óleo de amêndoas, e produtos diversos como neutrox, kolene, seda, alisabel, biorene dentre outros incontáveis.
Mais tarde descobri a chapinha e uma vez tingi de loiro, essa foi a pior fase, pois o cabelo ficou horrível e eu também. Sempre gostei de cortar na altura dos ombros e até mais curto, talvez porque ainda alimentasse o desejo de ter o cabelo da Maga Patalójika. Também aderi às progressivas por um tempo.
Um dia me cansei. Cansei de gastar horas e horas, dinheiros e dinheiros com salão de beleza no sábado para lavar o cabelo na segunda-feira e ele voltar a ser aquela coisa fosca, castanha e sem forma (meu cabelo nunca decidiu se queria ser liso ou encaracolado).
Pois bem, me casei, tive filho e outras preocupações bem mais exigentes do que o meu cabelo e foi aí que ele começou a crescer. Dei-lhe uma folga, parei de correr atrás do cabelo ideal. Não me importei mais com marca, nem preço e nem qualidade do xampu, passei a usar o xampu do meu filho, a lavar regularmente, ah, e o mais importante, desisti de querer ser igual à Maga Patalójika.
Hoje o meu cabelo é assim, 100% natural! Castanho, no meio das costas, lindo, perfeito! Tem dias que ele acorda de mau-humor, mas quem não acorda? O importante é que o cabelo dos meus sonhos sempre esteve na minha cabeça e eu não havia percebido. Acho que nós dois só precisávamos de uma coisa para nos entendermos: CRESCER!
domingo, 25 de abril de 2010
Para a família, os amigos e quem se lembrar
Saudade das madrugadas dedicadas às letras e ao silêncio interior,
Saudade do colo perfumado e das mãos carinhosas de minha mãe,
Saudade de minhas colegas Nete, Flávia, Hélvia, Aline, Marisa e mais...
Saudade do pequizeiro da casa de Anísio e Leni, e das comidinhas que lá fazíamos.
Saudade dos tempos de festa no quintal gigantesco do meu avô.
Saudade de mãe Lorde e sua maçã de talco tão grande no quarto de costura.
Saudade de Nesta, Pai Felintro,Vó Lita, Vô Bilo e todos os olhares enrugados e carinhosos.
Saudade do meu pé de manga onde comecei a escrever sobre minhas angústias e alegrias.
Saudade dos amores tão simples, tão sofridos e tão pueris.
Saudade do balé de Tereza, do café no pilão, do torresmo e do abacateiro,
Saudade do Tio Mones, seu sorriso tão carinhoso e suas habilidosas mãos.
Saudade do barulho de Tia Cau, do crochê de tia Lita e das bonecas da Tia Lili,
Saudade do fogão de lenha, da carne no espeto, das galinhas no terreiro e da poeira todinha que tinha ali...
Saudade do primeiro arroz parboilizado que comi na casa de Vó Lita.
Saudade de Lis brincando inocente comigo no quintal e do choro de Amandinha no muro ao lado.
Saudade da datilografia de Dezão e do curso de maquiagem de Gislane.
Saudade de subir no muro correndo atrás de Vilmar e de envenenar lagartas com meu irmão.
Saudade do curso de doces e do curso de flores em tecido que não me tornaram nenhuma profissional.
Saudade do desfile de moda, da gincana folclórica do colégio, de ganhar e perder e aproveitar cada minuto.
Saudade de fazer bolinhas, até beber sabão.
Saudade de fazer crochês intermináveis, bordados desperdiçados e poemas esquecidos.
Saudade de ir à missa e ao chegar em casa cortar bananas em hóstias e simular a comunhão.
Saudade do quintal de Nízia, da irreverência de Dêla, do pé de araçá.
Saudade do pé-de-moleque de tia Zinha e de pular fogueira em noite junina.
Saudade da batata doce assada, das muitas quadrilhas, e de tanto biscoito.
Saudade de ler sobre ufologia na casa de Luciana, do clube do Minas às quintas a noite, sauna e natação.
Saudade de receber cartinhas de Keyla, de comer pipoca na casa de Selma, de sair a noite pra pedalar com as amigas.
Saudade de fazer agenda e aprender a bordar na casa de Anita.
Saudade do violão de papai, do arrastão do Natal, da família reunida, toda ela, sem exceção.
Saudade da única vez que entrei em uma boléia de caminhão, com Tio Zé ao volante.
Saudade de Jane comprando doces na chocolanches com seu cabelo tingido de amarelo na frente, carteira no bolso, sorriso no olhar.
Saudade da Gigi, do Ju, Beto, Dan, Karyne brincando no quintal imenso que nem floresta e da vitamina de abacate no copo de alumínio.
Saudade dos artistas que meu pai pintou no muro, de cuidar de Jon, de brigar com Ju.
Saudade de ver pai Felintro e suas dentaduras pela janela aberta do seu gabinete e das flores miúdas, roxas, vermelhas e brancas enfeitando o quintal.
Saudade da parreira, da trilha de mato, de amassar biscoito de aprender a andar de moto.
Saudade da infância, do uniforme da escola com uma esfera no peito e saia de pregas e de minha única blusa de frio, roxa e de tricô.
Saudade de lamber selos ajudando mamãe no correio, do "Cerço" que um dia desses fez a gente rir.
Saudade de treinar Daniel no seu primeiro dia de trabalho e fazer, por meio dele, o meu primeiro teste vocacional.
Saudade do cofre gigantesco e pesado, dos saquinhos de açúcar refinado que vi ali pela primeira vez.
Saudade da cara sisuda de Donato e do sorriso fácil de Juscelino.
Saudade da bicicleta cargueira amarela e da contra-pedal de papai.
Saudade da jaqueira, tia Marlene e da voz possante de Tio Dedeu.
Saudade de brincar de onça, amarelinha, esconder, queimada e vôlei na porta de casa a noite.
Saudade de subir em árvore, tocar campainhas, fazer bola de meia, estragar bolas de gude.
Saudade de Rex, Tot, pássaro preto, azulão e dos periquitos acidentados.
Saudade de um certo vestido horroroso branco com o desenho de uma bolsa a tiracolo.
Saudade da touca de gesso, do cabelo alisado, das luzes mal feitas e de usar aparelho.
Saudade da limpeza de pele de Nely e das milhares de espinhas na testa.
Saudade do colan, do cinto rosa e roxo de plástico, o batom boka-loka e de rodar o cabelo a noite com um lenço vermelho cheio de furos.
Saudade das panelas de vidro, de Milde, Purcina, Lili e Zenita, do livro que vendi pra comprar um vestido e ser madrinha do casamento.
Saudade do colégio, dos cartazes, do abaixo-assinado e da prova de Paulo.
Saudade da groselha, do beijú de Tassim, do biscoito de queijo do boteco de seu Cindo.
Saudade da festa de maio, das roupas de frio, das redações premiadas, do jornal da escola.
Saudade de Tia Lenilda, Ilza, Tia Lila, Edna, D. Maria José e a inesquecível Maria Luiza.
Saudade de Cindy Lauper a noite incomodando o sono, da coberta vermelha e azul e do gosto ruim do remédio de tia Lina.
Saudade do ebulidor, do vic no peito, das muitas presilhas e da música boa que aprendi a ouvir.
Saudade dos vinis, das enciclopédias de papai e de uma certa fotografia que foi junto.
Saudade do milho assado, do forró do beija-flor, das reuniões domingueiras e de Frei João.
Saudade de Renan, Aleatson, Gabriane, Louro, Leilinha, Dêla e todos os que partiram moços.
Saudade de Giselona, Alessandra e Edinéia nos tempos de colégio e das nossas super-produções artísticas.
Saudade, saudade...
Infância, lembrança...
Saudade.
Saudade do colo perfumado e das mãos carinhosas de minha mãe,
Saudade de minhas colegas Nete, Flávia, Hélvia, Aline, Marisa e mais...
Saudade do pequizeiro da casa de Anísio e Leni, e das comidinhas que lá fazíamos.
Saudade dos tempos de festa no quintal gigantesco do meu avô.
Saudade de mãe Lorde e sua maçã de talco tão grande no quarto de costura.
Saudade de Nesta, Pai Felintro,Vó Lita, Vô Bilo e todos os olhares enrugados e carinhosos.
Saudade do meu pé de manga onde comecei a escrever sobre minhas angústias e alegrias.
Saudade dos amores tão simples, tão sofridos e tão pueris.
Saudade do balé de Tereza, do café no pilão, do torresmo e do abacateiro,
Saudade do Tio Mones, seu sorriso tão carinhoso e suas habilidosas mãos.
Saudade do barulho de Tia Cau, do crochê de tia Lita e das bonecas da Tia Lili,
Saudade do fogão de lenha, da carne no espeto, das galinhas no terreiro e da poeira todinha que tinha ali...
Saudade do primeiro arroz parboilizado que comi na casa de Vó Lita.
Saudade de Lis brincando inocente comigo no quintal e do choro de Amandinha no muro ao lado.
Saudade da datilografia de Dezão e do curso de maquiagem de Gislane.
Saudade de subir no muro correndo atrás de Vilmar e de envenenar lagartas com meu irmão.
Saudade do curso de doces e do curso de flores em tecido que não me tornaram nenhuma profissional.
Saudade do desfile de moda, da gincana folclórica do colégio, de ganhar e perder e aproveitar cada minuto.
Saudade de fazer bolinhas, até beber sabão.
Saudade de fazer crochês intermináveis, bordados desperdiçados e poemas esquecidos.
Saudade de ir à missa e ao chegar em casa cortar bananas em hóstias e simular a comunhão.
Saudade do quintal de Nízia, da irreverência de Dêla, do pé de araçá.
Saudade do pé-de-moleque de tia Zinha e de pular fogueira em noite junina.
Saudade da batata doce assada, das muitas quadrilhas, e de tanto biscoito.
Saudade de ler sobre ufologia na casa de Luciana, do clube do Minas às quintas a noite, sauna e natação.
Saudade de receber cartinhas de Keyla, de comer pipoca na casa de Selma, de sair a noite pra pedalar com as amigas.
Saudade de fazer agenda e aprender a bordar na casa de Anita.
Saudade do violão de papai, do arrastão do Natal, da família reunida, toda ela, sem exceção.
Saudade da única vez que entrei em uma boléia de caminhão, com Tio Zé ao volante.
Saudade de Jane comprando doces na chocolanches com seu cabelo tingido de amarelo na frente, carteira no bolso, sorriso no olhar.
Saudade da Gigi, do Ju, Beto, Dan, Karyne brincando no quintal imenso que nem floresta e da vitamina de abacate no copo de alumínio.
Saudade dos artistas que meu pai pintou no muro, de cuidar de Jon, de brigar com Ju.
Saudade de ver pai Felintro e suas dentaduras pela janela aberta do seu gabinete e das flores miúdas, roxas, vermelhas e brancas enfeitando o quintal.
Saudade da parreira, da trilha de mato, de amassar biscoito de aprender a andar de moto.
Saudade da infância, do uniforme da escola com uma esfera no peito e saia de pregas e de minha única blusa de frio, roxa e de tricô.
Saudade de lamber selos ajudando mamãe no correio, do "Cerço" que um dia desses fez a gente rir.
Saudade de treinar Daniel no seu primeiro dia de trabalho e fazer, por meio dele, o meu primeiro teste vocacional.
Saudade do cofre gigantesco e pesado, dos saquinhos de açúcar refinado que vi ali pela primeira vez.
Saudade da cara sisuda de Donato e do sorriso fácil de Juscelino.
Saudade da bicicleta cargueira amarela e da contra-pedal de papai.
Saudade da jaqueira, tia Marlene e da voz possante de Tio Dedeu.
Saudade de brincar de onça, amarelinha, esconder, queimada e vôlei na porta de casa a noite.
Saudade de subir em árvore, tocar campainhas, fazer bola de meia, estragar bolas de gude.
Saudade de Rex, Tot, pássaro preto, azulão e dos periquitos acidentados.
Saudade de um certo vestido horroroso branco com o desenho de uma bolsa a tiracolo.
Saudade da touca de gesso, do cabelo alisado, das luzes mal feitas e de usar aparelho.
Saudade da limpeza de pele de Nely e das milhares de espinhas na testa.
Saudade do colan, do cinto rosa e roxo de plástico, o batom boka-loka e de rodar o cabelo a noite com um lenço vermelho cheio de furos.
Saudade das panelas de vidro, de Milde, Purcina, Lili e Zenita, do livro que vendi pra comprar um vestido e ser madrinha do casamento.
Saudade do colégio, dos cartazes, do abaixo-assinado e da prova de Paulo.
Saudade da groselha, do beijú de Tassim, do biscoito de queijo do boteco de seu Cindo.
Saudade da festa de maio, das roupas de frio, das redações premiadas, do jornal da escola.
Saudade de Tia Lenilda, Ilza, Tia Lila, Edna, D. Maria José e a inesquecível Maria Luiza.
Saudade de Cindy Lauper a noite incomodando o sono, da coberta vermelha e azul e do gosto ruim do remédio de tia Lina.
Saudade do ebulidor, do vic no peito, das muitas presilhas e da música boa que aprendi a ouvir.
Saudade dos vinis, das enciclopédias de papai e de uma certa fotografia que foi junto.
Saudade do milho assado, do forró do beija-flor, das reuniões domingueiras e de Frei João.
Saudade de Renan, Aleatson, Gabriane, Louro, Leilinha, Dêla e todos os que partiram moços.
Saudade de Giselona, Alessandra e Edinéia nos tempos de colégio e das nossas super-produções artísticas.
Saudade, saudade...
Infância, lembrança...
Saudade.
Traição
Fui ferida, apunhalada, vitimada
Mas não morri dessa vez
Em nenhuma das tantas vezes eu morreria
Porque acredito no ciclo que devolve
Aos feridos a cura da alma
Aos traiçoeiros as pertinentes sanções.
Mas não morri dessa vez
Em nenhuma das tantas vezes eu morreria
Porque acredito no ciclo que devolve
Aos feridos a cura da alma
Aos traiçoeiros as pertinentes sanções.
As palavras
Que falta me faz sentir dor,
Que falta de me machucar.
É tudo tão terno, tão bom.
Quero que seja eterno o amor,
Mas também quero a paixão,
Que costuma trazer consigo
As palavras.
Que falta de me machucar.
É tudo tão terno, tão bom.
Quero que seja eterno o amor,
Mas também quero a paixão,
Que costuma trazer consigo
As palavras.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
quarta-feira, 31 de março de 2010
Parto e parto
Morres. E aos poucos eu parto.
Como um parto mastigando a vida,
Partes. Eu paro.
O mesmo flash de quando cheguei
Vejo no túnel que devo seguir
E morro um pouco. Parida pela vida.
Como um parto mastigando a vida,
Partes. Eu paro.
O mesmo flash de quando cheguei
Vejo no túnel que devo seguir
E morro um pouco. Parida pela vida.
quarta-feira, 24 de março de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
Amor, sexo, e mais...
Minhas carnes de seda
Querem teu membro de renda
E rendo-me às sensações
Lágrimas de mim
Em teu corpo suado
Gotas de perversão
A libido é tornado
Entornando o caldo
Da minha paixão
Tuas mãos são força
Fazendo graça
Visitando meu corpo
Com ânsia e tesão
Desejo incontido
De levitar
Flutuas em meu busto
Amor. Sofreguidão!
Querem teu membro de renda
E rendo-me às sensações
Lágrimas de mim
Em teu corpo suado
Gotas de perversão
A libido é tornado
Entornando o caldo
Da minha paixão
Tuas mãos são força
Fazendo graça
Visitando meu corpo
Com ânsia e tesão
Desejo incontido
De levitar
Flutuas em meu busto
Amor. Sofreguidão!
sexta-feira, 12 de março de 2010
Reprise
Textos
Textos me são catarses,
Como catarros expectorados
Como excrementos evacuados
Como rejeitos regurgitados.
Textos me são orgasmos,
Espasmos de luz em terreno apagado,
Não podem ser dosados, pausados, acautelados,
Saem aos bolos, saem aos jatos.
Textos me são catarses,
Como catarros expectorados
Como excrementos evacuados
Como rejeitos regurgitados.
Textos me são orgasmos,
Espasmos de luz em terreno apagado,
Não podem ser dosados, pausados, acautelados,
Saem aos bolos, saem aos jatos.
Escrever
Sim, eu sei.
Nem sempre as palavras me desejam,
O papel quase não me quer.
Nesse intento verborrágico,
Sou só vontade.
Nem sempre as palavras me desejam,
O papel quase não me quer.
Nesse intento verborrágico,
Sou só vontade.
terça-feira, 9 de março de 2010
Meu amor!
Amo o tempo e seus ponteiros.
Amo o relógio e sua vontade lerda.
Amo o tempo de estarmos juntos, justos, dentro.
Amo você em mim, o tempo inteiro, nas coisas, nos gestos.
Amo o relógio e sua vontade lerda.
Amo o tempo de estarmos juntos, justos, dentro.
Amo você em mim, o tempo inteiro, nas coisas, nos gestos.
Vade retro
Saia de mim como comida devolvida, digerida, nociva.
Saia de mim, mas me deixe pensar que era amor!
Saia de mim, mas me deixe pensar que era amor!
sábado, 6 de março de 2010
O que sou?
Sou quente. Pele, coração, mãos principalmente.
Fera. Ferina nas palavras quando sou ferida.
Não sou doce. Agridoce.
Sou víscera, sou véspera. Sou expectativa.
Sou ansiedade, sou rigidez, sou responsabilidade.
Não sou mentira.
Sou sorriso mesmo triste, sou falatório, tagarelice.
Sou alguns traumas, também sou saudades várias.
Não sou certeza.
Sou suposição, sou sacrifício, sou abraço amigo.
Sou disponibilidade, sou ajuda, sou auspício.
Não sou fracasso.
Sou franqueza, delicadeza e também sou curiosidade.
Sou verdade, sou sonho, sou coragem de lutar.
Não sou velhice.
Sou música, sou verso, sou verbo e sou malícia.
Sou candura, sou graça, sou retrato e chocolate.
Não sou hipérbole.
Sou gestação, de mim mesma, de um desejo.
Sou desejo inteiro de ser mais.
Sou vontade de crescer.
Não sou estatura.
Sou cordialidade. Sou amizade, sou ventura.
Sou palhaça, quando tem e quando não tem que ser.
Não sou artista.
Sou força, sou casamento, sou família, sou lar.
Não sou mais aventuras, nem riscos, nem loucuras.
Sou normal, na medida do possível.
Não sou miniatura.
Sou gentileza, depende, sou agudeza também.
Sou projetos. Sou múltipla. Sou nada.
Sou muito, muito menos do que gostaria.
Sou gente, de fato.
Fera. Ferina nas palavras quando sou ferida.
Não sou doce. Agridoce.
Sou víscera, sou véspera. Sou expectativa.
Sou ansiedade, sou rigidez, sou responsabilidade.
Não sou mentira.
Sou sorriso mesmo triste, sou falatório, tagarelice.
Sou alguns traumas, também sou saudades várias.
Não sou certeza.
Sou suposição, sou sacrifício, sou abraço amigo.
Sou disponibilidade, sou ajuda, sou auspício.
Não sou fracasso.
Sou franqueza, delicadeza e também sou curiosidade.
Sou verdade, sou sonho, sou coragem de lutar.
Não sou velhice.
Sou música, sou verso, sou verbo e sou malícia.
Sou candura, sou graça, sou retrato e chocolate.
Não sou hipérbole.
Sou gestação, de mim mesma, de um desejo.
Sou desejo inteiro de ser mais.
Sou vontade de crescer.
Não sou estatura.
Sou cordialidade. Sou amizade, sou ventura.
Sou palhaça, quando tem e quando não tem que ser.
Não sou artista.
Sou força, sou casamento, sou família, sou lar.
Não sou mais aventuras, nem riscos, nem loucuras.
Sou normal, na medida do possível.
Não sou miniatura.
Sou gentileza, depende, sou agudeza também.
Sou projetos. Sou múltipla. Sou nada.
Sou muito, muito menos do que gostaria.
Sou gente, de fato.
Morrer, viver! Estar...
Agora vem chegando o dia de envelhecer
Estou tão visceral que até pretendia morrer
Mas não! Isso é pouco para o que virá
Melhor é viver, sonhar, sonhar...
Estou tão visceral que até pretendia morrer
Mas não! Isso é pouco para o que virá
Melhor é viver, sonhar, sonhar...
Suplicando por uma empregada
Papai do céu,
Manda pra mim, aqui na minha porta, uma pessoa especial.
Uma pessoa que já chegue sorrindo e com brilho nos olhos.
Uma pessoa que de cara eu vá me identificar.
Mas, olha, Papai do Céu, eu quero alguém que vá fazer tudo conforme o combinado, com perfeição, todos os dias, e cada dia melhor.
Quero alguém que seja articulada, tenha boa aparência, disposição, saiba trabalhar e seja honesta, ah, tem mais uma coisinha, que nunca falte ao trabalho, ou, que se faltar, pelo menos me avise antes!
Obrigada, Papai do Céu!
Pois sei que no próximo trem da estação celeste partirá um anjo, direto para a minha casa!
Um beijo, meu querido!
Até a próxima!
Amém
Manda pra mim, aqui na minha porta, uma pessoa especial.
Uma pessoa que já chegue sorrindo e com brilho nos olhos.
Uma pessoa que de cara eu vá me identificar.
Mas, olha, Papai do Céu, eu quero alguém que vá fazer tudo conforme o combinado, com perfeição, todos os dias, e cada dia melhor.
Quero alguém que seja articulada, tenha boa aparência, disposição, saiba trabalhar e seja honesta, ah, tem mais uma coisinha, que nunca falte ao trabalho, ou, que se faltar, pelo menos me avise antes!
Obrigada, Papai do Céu!
Pois sei que no próximo trem da estação celeste partirá um anjo, direto para a minha casa!
Um beijo, meu querido!
Até a próxima!
Amém
Chorei.
Chorei. Foi raiva.
Raiva de mim.
De ser assim, tão mole.
Coração de sabão.
Derreteu, espumou, ardeu.
Chorei. Foi revolta.
Tanta indecisão.
De ser assim, tão frágil.
Coração de picolé.
Derreteu, melou, morreu.
Chorei. Foi gana.
Gana de ser.
Ser pra quê? A gente já é.
Coração de vela.
Derreteu, queimou, desfaleceu.
Raiva de mim.
De ser assim, tão mole.
Coração de sabão.
Derreteu, espumou, ardeu.
Chorei. Foi revolta.
Tanta indecisão.
De ser assim, tão frágil.
Coração de picolé.
Derreteu, melou, morreu.
Chorei. Foi gana.
Gana de ser.
Ser pra quê? A gente já é.
Coração de vela.
Derreteu, queimou, desfaleceu.
Doméstica
Doméstica, quando trabalha bem, não vem!
Quando vem, come demais!
Se não come, a patroa é ruim!
Se dá prejuízo não paga.
Se fala demais atrapalha,
Se não fala é muda!
Quando é honesta é relapsa,
Quando não é honesta é ótima!
Se é sorridente é bonita
Se não ri, é banguela!
Se é banguela não cozinha.
Se cozinha, queima.
Doméstica, como eu queria te achar!
Que trabalhasse bem, sem faltar!
Que comesse o suficiente sem abusar.
Que não me desse grandes prejuízos.
Que fosse discreta e não falasse demais.
Que fosse honesta e ótima ao mesmo tempo.
Que fosse sorridente (com dentes) e soubesse cozinhar bem.
Será que é pedir demais?????????
Quando vem, come demais!
Se não come, a patroa é ruim!
Se dá prejuízo não paga.
Se fala demais atrapalha,
Se não fala é muda!
Quando é honesta é relapsa,
Quando não é honesta é ótima!
Se é sorridente é bonita
Se não ri, é banguela!
Se é banguela não cozinha.
Se cozinha, queima.
Doméstica, como eu queria te achar!
Que trabalhasse bem, sem faltar!
Que comesse o suficiente sem abusar.
Que não me desse grandes prejuízos.
Que fosse discreta e não falasse demais.
Que fosse honesta e ótima ao mesmo tempo.
Que fosse sorridente (com dentes) e soubesse cozinhar bem.
Será que é pedir demais?????????
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Não!
Previsão. Sensação. Intuição. Antemão.
Coração. Aceleração. Palpitação. Vibração.
Atração. Negação. Condição. Acusação.
Apagão. Violação. Demissão. Libertação.
Coração. Aceleração. Palpitação. Vibração.
Atração. Negação. Condição. Acusação.
Apagão. Violação. Demissão. Libertação.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Bem mais
Intensa é a vida de quem vive.
Argutos são os olhos que a veem.
Atentos os ouvidos que a ouvem.
Rígidas as mãos que a podem tocar.
Viver é bem mais do que estar vivo!
Bem mais...
Argutos são os olhos que a veem.
Atentos os ouvidos que a ouvem.
Rígidas as mãos que a podem tocar.
Viver é bem mais do que estar vivo!
Bem mais...
Mundo de papel
Folhas viram folhas
De mato, de papel.
Fatos viram fotos
De gente, de papel.
Coisas viram restos
De lixo, de papel.
Rolo vira excreta
De banheiro, de papel.
Gente vira notícia
De jornal, de papel.
Crime vira assunto
De processo, de papel.
Nome vira lista
Telefônica, de papel.
Cachorro vira lata
De lixo, de papel.
Artista vira encarte
De CD, de papel.
Segredo vira carta
De correio, de papel.
Árvore vira resto
De natureza, de papel.
De mato, de papel.
Fatos viram fotos
De gente, de papel.
Coisas viram restos
De lixo, de papel.
Rolo vira excreta
De banheiro, de papel.
Gente vira notícia
De jornal, de papel.
Crime vira assunto
De processo, de papel.
Nome vira lista
Telefônica, de papel.
Cachorro vira lata
De lixo, de papel.
Artista vira encarte
De CD, de papel.
Segredo vira carta
De correio, de papel.
Árvore vira resto
De natureza, de papel.
Zzzzzzzzzzzzzzzzzz
Ronca o estômago
Ronca o gato
Ronca a cuica
Ronca o sapato.
Ronca o homem
Ronco exagerado
Ronca a mulher
Ronca disfarçado.
Ronca o ronco
Ronco roncado
Ronca o rouco
Ronca o enforcado.
Ronca o gato
Ronca a cuica
Ronca o sapato.
Ronca o homem
Ronco exagerado
Ronca a mulher
Ronca disfarçado.
Ronca o ronco
Ronco roncado
Ronca o rouco
Ronca o enforcado.
Nada
Meus pés pecam.
Pecam e adormecem.
Morrer é melhor do que nada.
Nada posso de niilismo ingrato.
Meus pés estão mortos.
E nada. Nada posso ver sem pés.
Pecam e adormecem.
Morrer é melhor do que nada.
Nada posso de niilismo ingrato.
Meus pés estão mortos.
E nada. Nada posso ver sem pés.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Fevereiro equivocado
O ano fingiu que começou, mas nada aconteceu.
Nem aula. Nem trabalho.Nada funciona direito.
Só depois que "a banda passar" e a bunda se mostrar é que o Brasil volta a funcionar.
O mês de fevereiro está equivocado, como tanta coisa nesse país.
Janeiro e fevereiro não estariam trocados?
Em janeiro a agitação é grande, praia, onda, cervejada... todo mundo se mexe, o comércio se movimenta e a coisa anda...
Em fevereiro fica aquela coisa querendo pegar no tranco,ninguém trabalha direito, as escolas fingem que funcionam, a gente finge que está pagando a mensalidade satisfeito e os filhos fingem que vão às aulas...
Um marasmo de dar dó!
Se fevereiro fosse em janeiro aí a coisa faria mais sentido, mulata, nudez, movimento, escola de samba, água de côco... Tudo muito mais combinadinho, seria o mês do agito!
Ano começando, férias, movimento de bundas requebrando e nem as mulheres mais recatadas reclamariam de ver aquelas mulatas semi-nuas exibindo seus corpos sarados na tv, afinal, todo mundo tem o direito de ficar quase pelado em público nas férias (mas só nas férias).
Em janeiro, que se mudaria para fevereiro, a coisa funcionaria bem melhor, geralmente janeiro combina com disposição, todo mundo já exibiu o resultado das "trocentas" horas de academia na praia no remanejado fevereiro, já curtiu as férias e está novinho em folha pra recomeçar sem nenhum impedimento, um mês inteirinho, sem carnaval no meio pra atrapalhar a disposição da galera.
Seriam dois meses úteis e produtivos! Um fevereiro de férias e carnaval e um janeiro alegre, agitado e bem aproveitado.
Bem, seria bom, mas não seria Brasil!
Agora a gente acorda e volta pro trabalho!
Nem aula. Nem trabalho.Nada funciona direito.
Só depois que "a banda passar" e a bunda se mostrar é que o Brasil volta a funcionar.
O mês de fevereiro está equivocado, como tanta coisa nesse país.
Janeiro e fevereiro não estariam trocados?
Em janeiro a agitação é grande, praia, onda, cervejada... todo mundo se mexe, o comércio se movimenta e a coisa anda...
Em fevereiro fica aquela coisa querendo pegar no tranco,ninguém trabalha direito, as escolas fingem que funcionam, a gente finge que está pagando a mensalidade satisfeito e os filhos fingem que vão às aulas...
Um marasmo de dar dó!
Se fevereiro fosse em janeiro aí a coisa faria mais sentido, mulata, nudez, movimento, escola de samba, água de côco... Tudo muito mais combinadinho, seria o mês do agito!
Ano começando, férias, movimento de bundas requebrando e nem as mulheres mais recatadas reclamariam de ver aquelas mulatas semi-nuas exibindo seus corpos sarados na tv, afinal, todo mundo tem o direito de ficar quase pelado em público nas férias (mas só nas férias).
Em janeiro, que se mudaria para fevereiro, a coisa funcionaria bem melhor, geralmente janeiro combina com disposição, todo mundo já exibiu o resultado das "trocentas" horas de academia na praia no remanejado fevereiro, já curtiu as férias e está novinho em folha pra recomeçar sem nenhum impedimento, um mês inteirinho, sem carnaval no meio pra atrapalhar a disposição da galera.
Seriam dois meses úteis e produtivos! Um fevereiro de férias e carnaval e um janeiro alegre, agitado e bem aproveitado.
Bem, seria bom, mas não seria Brasil!
Agora a gente acorda e volta pro trabalho!
Equivocou-se também
Evoco o equívoco da gente que lateja.
Lateja o equívoco da gente que me evoca.
Equivoca-se a gente que evoca o latejar do coração.
Do coração a gente dá risada.
Lateja o equívoco da gente que me evoca.
Equivoca-se a gente que evoca o latejar do coração.
Do coração a gente dá risada.
Equívocos da gente
Tua atitude me serve.
(Erupção de emoções)
Teus delírios me fervem.
(Calúnias sem explicação)
Tua acusação me faz sofrer.
(Minha poesia renasce)
Teus devaneios me agridem.
(Eu grito de dor)
Teu dedo faz minha chaga arder.
(Teu ouvido secou)
Mas tudo isso me faz levitar.
(Posso escrever)
Cyntia Pinheiro 12/02/2010
(Erupção de emoções)
Teus delírios me fervem.
(Calúnias sem explicação)
Tua acusação me faz sofrer.
(Minha poesia renasce)
Teus devaneios me agridem.
(Eu grito de dor)
Teu dedo faz minha chaga arder.
(Teu ouvido secou)
Mas tudo isso me faz levitar.
(Posso escrever)
Cyntia Pinheiro 12/02/2010
Mente equivocada
Ânsia. Fala. Excesso. Antecipação.
Briga. Gritos. Exagero. Distorção.
Calúnia. Ofensas. Dedo. Confusão.
Angústia. Raiva. Remorso. Prostração.
Vacilo. Dúvida. Certeza. Decisão.
Procura. Conversa. Medo. Precipitação.
Orgulho. Ferida. Pedido de perdão.
Insônia. Sentimentos. Controvérsia. Solidão.
Conselhos. Palavras. Palpite. Intromissão.
Ódio. Rancores. Lembrança. Opção.
Briga. Gritos. Exagero. Distorção.
Calúnia. Ofensas. Dedo. Confusão.
Angústia. Raiva. Remorso. Prostração.
Vacilo. Dúvida. Certeza. Decisão.
Procura. Conversa. Medo. Precipitação.
Orgulho. Ferida. Pedido de perdão.
Insônia. Sentimentos. Controvérsia. Solidão.
Conselhos. Palavras. Palpite. Intromissão.
Ódio. Rancores. Lembrança. Opção.
Equívoco
Pensei ser bom o bem que havia em mim
Descobri ser mau o bem que eu administrava mal.
Cyntia Pinheiro em 12 de fevereiro de 2010
Descobri ser mau o bem que eu administrava mal.
Cyntia Pinheiro em 12 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Faz tempo...
É, as ideias realmente dizem "até breve"...
Mas há breves menos breves...
Estou aguardando merecer novamente inspiração!
Amo vocês!
Cyntia.
22/1/10
Mas há breves menos breves...
Estou aguardando merecer novamente inspiração!
Amo vocês!
Cyntia.
22/1/10
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