Cyntia Pinheiro
Outro dia eu telefonei para um médico que jantava, ele abandonou a mesa do jantar para ouvir os números que eu tinha nas mãos, e confirmou: é gravidez! Pensei que aquele era o momento mais feliz da minha vida, chorei, sorri, vibrei de tanta emoção, mas não, não seria aquele o dia mais feliz da minha vida, um mar de riquezas ainda inundaria minha alma com tantos momentos de plenitude a partir de então.
Primeiro as descobertas que a gravidez oferece, com suas nuances ternas e as paisagens indescritíveis de magia e arrebatamento, depois o primeiro choro que faz a gente chorar e sorrir e, um segundo depois vem o silêncio do ser amado quando é colocado do ladinho da gente, uma coisa que não tem nome de tão especial que é.
Aí vem as alegrias e aflições diárias, os medos, medo de errar, medo de machucar, medo de não saber educar, medo de amar tanto e mesmo assim amar mais do que a gente acredita ser possível.
Os primeiros passos, as primeiras palavras, um olhar diferente, a mãozinha delicada, o cheirinho, a amamentação...
E num piscar de olhos o tempo vai passando, e nosso menino vai crescendo, ficando esperto, inteligente, sagaz. E diz coisas que a gente acha precoces, especiais demais pra uma idade tão doce, tão pura e linda!
E me deparo com o dia de hoje, um dia comum, em que a gente precisou correr como nos dias comuns, precisou trabalhar, estudar, ler, produzir. Um dia em que nada de novo aconteceria, mas aconteceu.
Há exatos 3 anos, 8 meses e 21 dias nossa vida começou a fazer sentido, e hoje vi esse sentido reafirmado naqueles olhinhos vibrantes, naqueles dentinhos branquinhos e na vozinha estridente e tagarela do nosso pequenino.
Bagunça na cama de mamãe e papai é a melhor das brincadeiras e a gente vira criança junto com ele, mas hoje as brincadeiras foram outras e nos surpreendemos, não foi necessário pularmos, nem rolarmos, nem nos escondermos embaixo dos edredons como na semana passada, hoje foi o dia das pequenas charadas, de ver quem fica mais tempo sem piscar, quem consegue fazer mais caretas e ficar mais tempo sem sorrir e também foi dia de fazermos imitações.
Nosso pequeno se saiu muito bem em todas elas e nos surpreendeu com suas imitações, mais ainda das suas deduções com relação às mímicas que fazíamos:
- Acho que mamãe é um vento! Papai é uma cobra! Mamãe é um ventilador! Papai é um passarinho!
E quanta graça ao imitar os bichos, fazia tudo direitinho, tanto que a gente precisava fingir que não estava acertando só pra vermos as caretinhas por mais tempo, ai como foi bom!
E descubro um menino tão esperto e generoso que não quer ver nem o papai e nem a mamãe errando e, ao imitar o leão, vendo que o papai não acertava, rugia cada vez mais forte:
- rrrrau... rrrrrau...
- É um gatinho? É um tigre? É uma onça?
E passa perto do papai girando os bracinhos, rugindo abafado e sopra baixinho pra mamãe não descobrir:
- rrrrrrau... é um leão...
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
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Crianças são presentes de Deus, um filho? um presente especial... Jr Viana
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