quarta-feira, 29 de setembro de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Samuquices...

Samuel gritando pela janela olhando as estrelas:

- Jesus, ow Jesus, vem aqui "ni" mim...

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Retrucando:

- Se você falar mais uma vez eu não obedeço.

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Mamãe, eu tenho muitas motos, mas hoje só vou levar uma moto pra escola,
asmanhãres eu levo as outras.

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Papai, espera aí, só um minutim...
Deixa eu falar com a minha mãe.

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Eu pergunto:

- Sam, vc comeu todo o seu lanche hoje na escola?

Ele responde:

- Pode agostar! (quis dizer: pode apostar)

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- Gabriel, meu priminho, tá com capatora (catapora).

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Encontramos Gabriel e titia no shopping e Sam, que adora o priminho, ficou querendo brincar um pouco com ele, mas não foi possível pq estávamos todos apressados, e a titia falou pra ele esperar Gá sarar pra eles poderem brincar, porque nessa fase a catapora pega só de respirar. Samuel reclamou até, mas se conformou, já no carro falou pra mim:

- Mamãe, deixa eu ficar mais um pouquinho com Ga, eu não vou nem respirar.


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Eu caindo de sono e Sam pergunta:

- Mamãe, pq vc está bostejando? (bocejando)

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Eu: Ê Samuel figurinha...
Ele: Ê mamãe sigulinha...

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Outro dia

Cyntia Pinheiro


Outro dia eu telefonei para um médico que jantava, ele abandonou a mesa do jantar para ouvir os números que eu tinha nas mãos, e confirmou: é gravidez! Pensei que aquele era o momento mais feliz da minha vida, chorei, sorri, vibrei de tanta emoção, mas não, não seria aquele o dia mais feliz da minha vida, um mar de riquezas ainda inundaria minha alma com tantos momentos de plenitude a partir de então.

Primeiro as descobertas que a gravidez oferece, com suas nuances ternas e as paisagens indescritíveis de magia e arrebatamento, depois o primeiro choro que faz a gente chorar e sorrir e, um segundo depois vem o silêncio do ser amado quando é colocado do ladinho da gente, uma coisa que não tem nome de tão especial que é.

Aí vem as alegrias e aflições diárias, os medos, medo de errar, medo de machucar, medo de não saber educar, medo de amar tanto e mesmo assim amar mais do que a gente acredita ser possível.

Os primeiros passos, as primeiras palavras, um olhar diferente, a mãozinha delicada, o cheirinho, a amamentação...

E num piscar de olhos o tempo vai passando, e nosso menino vai crescendo, ficando esperto, inteligente, sagaz. E diz coisas que a gente acha precoces, especiais demais pra uma idade tão doce, tão pura e linda!

E me deparo com o dia de hoje, um dia comum, em que a gente precisou correr como nos dias comuns, precisou trabalhar, estudar, ler, produzir. Um dia em que nada de novo aconteceria, mas aconteceu.

Há exatos 3 anos, 8 meses e 21 dias nossa vida começou a fazer sentido, e hoje vi esse sentido reafirmado naqueles olhinhos vibrantes, naqueles dentinhos branquinhos e na vozinha estridente e tagarela do nosso pequenino.

Bagunça na cama de mamãe e papai é a melhor das brincadeiras e a gente vira criança junto com ele, mas hoje as brincadeiras foram outras e nos surpreendemos, não foi necessário pularmos, nem rolarmos, nem nos escondermos embaixo dos edredons como na semana passada, hoje foi o dia das pequenas charadas, de ver quem fica mais tempo sem piscar, quem consegue fazer mais caretas e ficar mais tempo sem sorrir e também foi dia de fazermos imitações.

Nosso pequeno se saiu muito bem em todas elas e nos surpreendeu com suas imitações, mais ainda das suas deduções com relação às mímicas que fazíamos:

- Acho que mamãe é um vento! Papai é uma cobra! Mamãe é um ventilador! Papai é um passarinho!

E quanta graça ao imitar os bichos, fazia tudo direitinho, tanto que a gente precisava fingir que não estava acertando só pra vermos as caretinhas por mais tempo, ai como foi bom!

E descubro um menino tão esperto e generoso que não quer ver nem o papai e nem a mamãe errando e, ao imitar o leão, vendo que o papai não acertava, rugia cada vez mais forte:

- rrrrau... rrrrrau...

- É um gatinho? É um tigre? É uma onça?

E passa perto do papai girando os bracinhos, rugindo abafado e sopra baixinho pra mamãe não descobrir:

- rrrrrrau... é um leão...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Constatação

Cyntia Pinheiro


E a pele vai sendo fraturada,
Nos cantos dos olhos...
É o tempo, é o tempo!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Lei pra que te quero...

Cyntia Pinheiro


Se o Brasil não for recordista na quantidade de leis que "fabrica" deve estar bem próximo disso.

Estou começando um curso de Direito e já tenho a perspectiva de que será impossível, em cinco anos, tomar conhecimento de TODAS elas.

Mas isso não me assuta. O que me assuta mesmo é saber que há leis cuja necessidade seria questionável se as políticas públicas fosses eficazes no que tange à educação do povo.

As pessoas se habituaram a ter alguém para dizer-lhes o que fazer e o que não fazer e, por essa razão, são incapazes de decidirem por si mesmas.

É claro que generalizar não é uma atitude inteligente, há pessoas e PESSOAS, mas não vou entrar nesse mérito. Só sei que há pessoas conscientes do seu papel na sociedade, embora muita gente ainda não esteja assim tão consciente.

O fato é que há lei pra tudo e hoje até examino com melhores olhos as premissas que obrigam a ação humana em conformidade com a lei sob a proibição de se alegar o desconhecimento dela.

Na dúvida procure uma lei, ela existirá, e, caso não exista, busque a analogia, sem regulação legal o ato não fica, desde que, obviamente, o ato repercuta no mundo jurídico, desconsiderando-se as insignificâncias e bagatelas da vida.

Há lei para dizer o que fazer ou não fazer, mas como o ser humano é dotado de uma capacidade incrível de desobedecer a norma, cria-se também a sanção, já prevendo o descumprimento.

Há lei para dizer que os pais devem cuidar dos filhos não infligindo-lhes castigos físicos e/ou psíquicos, lei para obrigá-los a conduzir os filhos em segurança em seus veículos, lei para obrigar ao uso de capacete e do cinto de segurança e ainda, proibindo o aborto, o furto, o roubo, o sequestro, o homicídio. Lei para dizer ao homem que não agrida sua companheira, para proibir o tráfico ilícito de entorpecentes, etc, etc, etc... e caberiam aqui muitos etcs...

E, o mais incrível é que, por mais que a lei seja uma medida protetiva, assecuratória da dignidade, da vida e da liberdade do indivíduo, o que mais se vê é o descumprimento e a reclamação.

Ora, mas não nos parecem óbvias demais as condutas esperadas em todos os casos supra citados?

É natural que os pais amem e zelem pelos filhos, conduzi-los em segurança e não os agredir deveria ser uma consequencia igualmente natural disso tudo, ninguém externo ao seio familiar deveria carecer de intervir nesse tipo de questão. Mas carece...

Usar o capacete e o cinto de segurança deveriam ser uma prova de amor-próprio e não uma norma absurdamente descumprida pelos principais interessados.

O respeito ao ser humano em sua totalidade seria prerrogativa eficiente para que mãe nenhuma desejasse assassinar o próprio filho e que nenhum homem espancasse a mulher que elegeu por companheira.

Isso nos faz pensar que ainda temos muito o que evoluir. E enquanto esse momento não chega continuaremos criando normas e, para o descumprimento destas, criamos sanções severas, porque muitas regras se tornam ineficazes, devido à falta de desenvolvimento moral do homem.

As leis são como um bolo que mordemos, mas que volta a crescer, pois nunca há saciedade social, não há resposta a elas, o que nos impulsiona a criamos sempre mais e mais regras de conduta. Ao fim pensamos que todo dejeto humano vira, ao mesmo tempo, ordenamento e caos social.

Escolhemos trilhar o caminho mais difícil, somente porque não descobrimos o valor da EDUCAÇÃO.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bestificando gente

Há um programa de humor na emissora de rádio Transamérica que ouço com uma razoável frequência, pois é veiculado na hora exata em que estou no trânsito, rumo ao trabalho.

Por ser um programa de humor, o "Transalouca", como é chamado, admite alguns excessos em nome da graça, mas acho que vale a pena analisarmos alguns pontos polêmicos que me despertaram a atenção.

Outro dia a banda Biquini Cavadão esteve no programa, no quadro estúdio ao vivo e eu fiquei estupefata quando a única mulher da equipe de entrevistadores, a humorista (?) Carol Zoccoli disse que experimentou tóxicos pela primeira vez aos 14 anos em um show daquela banda. Será que ela se esqueceu de que está num programa de grande alcance, em um horário acessível a pessoas de todas as faixas etárias, inclusive muita gente jovem que se deixa influenciar facilmente?

Aquela, porém, não foi a única vez que a humorista (?) fez apologia ao uso de drogas, em todas as vezes seguintes em que acompanhei o programa ouvi algo semelhante por parte dela. O que é lamentável, eu, pelo menos, não vejo graça nenhuma na dependência química que mata milhares de pessoas todos os anos no mundo todo. Sem contar as inúmeras facelas que o uso de drogas acarreta à sociedade.

No último dia 14 acompanhei o programa mais uma vez e me senti vilipendiada com a estupidez, a humilhação e a falta de respeito com que a banda convidada tratou suas fãs.

A iniciativa da rádio foi boa, arrecadar brinquedos para uma instituição, já que o dia das crianças está próximo. Cada fã, para assistir de dentro do estúdio, ao programa, deveria levar um brinquedo novo. Ótimo! Mas o que os integrantes da banda (?) Hori, que tem como líder o filho do cantor Fábio Júnior, impuseram às fãs, para que ganhassem um CD autografado, foi um festival de humilhações e grosserias.

Uma fã teve que bater com força no rosto do apresentador Fuzil, outra teve que plantar bananeira para conquistar o objeto e, por último, para ganhar o CD a moça teve que beber todo o conteúdo de uma garrafinha de água mineral de uma só vez. E o festival de besteiras só parou por aí porque o horário do programa já havia findado.

O jovem galã de nome (?) Fiuk foi infeliz ao lançar o primeiro desafio que foi vexatório ao apresentador e o que é pior, foi seguido por seus companheiros de música (?) com outras imposições ainda mais ridículas àquelas que são o motivo de seu sucesso. Um desrespeito às moças que ali estiveram, mas que, no auge da sua cegueira adolescente provavelmente nem perceberam a falta de consideração com que a banda (?) as tratou.

Eu também, como ouvinte, me senti desmerecida, agredida por tamanha falta de respeito a nós apreciadores do humor inteligente, que ainda luta para sobreviver apesar do nosso pobre cenário cultural dos tempos modernos.

Um programa que não respeita seus ouvintes é como uma banda que não respeita suas fãs, não merece crédito.


Cyntia Pinheiro
Professora de Canto
Acadêmica de Direito

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Meninices...

Eu: Ai, filho, estou com tanta dor de cabeça, coloca sua mãozinha na minha testa e pede pro Papai do céu me curar...

Samuel: Ah! Mamãe, é só pôr os óculos.

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Mamãe, e se eu quiser pegar na lua, como que faz?

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Mamãe, o que é vida sustentável?

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Ontem eu vou ser velhinho e vou morar lá na lua, com mamãe e papai.

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Samuel pega o suco de caixinha, tira o canudinho e pergunta:

- Papai, qual que a gente balança, o suco ou o canudinho?

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Quando eu crescer quero ser dentista.

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Falando em barriga eu estou ficando com fome.

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Papai diz:

- Sam, vem brincar comigo, eu quero brincar com você!

Samuel responde:

- Mas eu não sou brinquedo!

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Mamãe, o barco tem rodas?

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Olhando um desenho no fundo do ônibus perguntou:

- Mamãe, o menino tá sentado na bola?
- Não filho, é uma cadeira de rodas. - respondi.
- Por que ele sentou nela, mamãe?
- Porque a perninha dele não funciona, ele não consegue andar, então ele senta na cadeira de rodas pra poder andar.

Samuel reflete um instante e dispara:

- Só a bunda dele que anda, né mamãe?

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Gritando pela janela olhando as estrelas:

- Jesus, ow Jesus, vem aqui "ni" mim...

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Retrucando:

- Se você falar mais uma vez eu não obedeço.

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A coisa mais linda...

Cyntia Pinheiro


Dizem que os anjos têm asas, tocam arpa e possuem cabelos loirinhos e cacheados, mas sempre que me deparo com um, ele é bem diferente disso.

Hoje foi o dia de levar o meu anjinho particular para retirar seus cachinhos e ele se comportou muitíssimo bem, resultado: um corte de cabelo perfeito! Ficou ainda mais lindo!

Mas, lindo mesmo foi o que nos aconteceu ao sairmos da barbearia (meninos cortam cabelo em barbearias), meu filho me pediu:

- Mamãe, não quero ir pra casa, quero passear mais.

Não pude resistir ao pedido, principalmente porque havia uma loja em liquidação logo ali na frente, chamei o baixinho para entrar lá comigo e ficamos um tempinho apreciando os calçados a preço de banana.

O tempo "perdido" ali foi exato, preciso, sob medida para o que viria em seguida. Ao sairmos da loja descíamos distraídos pela rua quando nos deparamos com uma pequena rampa, uma deformidade no passeio que descemos sem dificuldade, mas lá embaixo havia um velhinho octogenário que tentava subir e não conseguia.

Confesso que não prestei atenção naquele senhor de imediato, mas somente quando ele abriu um largo sorriso e me pediu com um tom quase solene:

- Minha filha, quero te fazer um pedido, mas por favor não me leve a mal... Será que você pode me ajudar a subir aqui?

Nem vi quando troquei a mão do meu pequenino por aquela mãozinha frágil, delicada e fraquinha daquele homem. Tenho certeza absoluta de que não fiz muita diferença, porque o velhinho me deu sua mão direita e com a esqueda dava impulso ao corpo puxando a parede da loja que havia ali com toda a sua força.

Ao entregá-lo sem o menor esforço ao passeio retilínio que ele seguiria dali por diante, o velhinho beijou-me a mão e nos abençoou grandemente, agradecendo de forma vibrante o bem que eu lhe havia feito.

Aquele momento foi sublime, inexplicável pra mim. Meu coração pareceu revestido por uma força diferente, suave, que o pressionava gostosamente e me fazia saborear uma leveza nunca antes experimentada.

Olhei aquele anjinho enrugado bem no fundo dos olhos e em silêncio lhe agradeci pela oportunidade de sentir seu toque, a força do seu sorriso e a inacreditável energia que pulou dele pra mim num ritual único e especial.

Trocamos algumas pouquíssimas palavras de cortesia, gratidão e carinho, e, embora eu desejasse prolongar aquele momento, seguimos cada qual o nosso destino. Segurei novamente a mãozinha delicada do meu menino-anjo que nada mencionou, apenas respeitou o momento que se deu ali, e atravessamos a rua buscando nosso veículo.

Ao olhar para trás o anjinho mais experiente havia desaparecido, não sei se entrou em alguma porta ou se sumiu magicamente como fazem os anjos nas histórias que ouvimos por aí, só sei que Deus abençoou meu dia e essa foi a coisa mais linda que já me aconteceu.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Direito

Nasci pra isso.
Feliz por isso.
Demorou, mas descobri
o prazer de fazer algo
por mim.