quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bestificando gente

Há um programa de humor na emissora de rádio Transamérica que ouço com uma razoável frequência, pois é veiculado na hora exata em que estou no trânsito, rumo ao trabalho.

Por ser um programa de humor, o "Transalouca", como é chamado, admite alguns excessos em nome da graça, mas acho que vale a pena analisarmos alguns pontos polêmicos que me despertaram a atenção.

Outro dia a banda Biquini Cavadão esteve no programa, no quadro estúdio ao vivo e eu fiquei estupefata quando a única mulher da equipe de entrevistadores, a humorista (?) Carol Zoccoli disse que experimentou tóxicos pela primeira vez aos 14 anos em um show daquela banda. Será que ela se esqueceu de que está num programa de grande alcance, em um horário acessível a pessoas de todas as faixas etárias, inclusive muita gente jovem que se deixa influenciar facilmente?

Aquela, porém, não foi a única vez que a humorista (?) fez apologia ao uso de drogas, em todas as vezes seguintes em que acompanhei o programa ouvi algo semelhante por parte dela. O que é lamentável, eu, pelo menos, não vejo graça nenhuma na dependência química que mata milhares de pessoas todos os anos no mundo todo. Sem contar as inúmeras facelas que o uso de drogas acarreta à sociedade.

No último dia 14 acompanhei o programa mais uma vez e me senti vilipendiada com a estupidez, a humilhação e a falta de respeito com que a banda convidada tratou suas fãs.

A iniciativa da rádio foi boa, arrecadar brinquedos para uma instituição, já que o dia das crianças está próximo. Cada fã, para assistir de dentro do estúdio, ao programa, deveria levar um brinquedo novo. Ótimo! Mas o que os integrantes da banda (?) Hori, que tem como líder o filho do cantor Fábio Júnior, impuseram às fãs, para que ganhassem um CD autografado, foi um festival de humilhações e grosserias.

Uma fã teve que bater com força no rosto do apresentador Fuzil, outra teve que plantar bananeira para conquistar o objeto e, por último, para ganhar o CD a moça teve que beber todo o conteúdo de uma garrafinha de água mineral de uma só vez. E o festival de besteiras só parou por aí porque o horário do programa já havia findado.

O jovem galã de nome (?) Fiuk foi infeliz ao lançar o primeiro desafio que foi vexatório ao apresentador e o que é pior, foi seguido por seus companheiros de música (?) com outras imposições ainda mais ridículas àquelas que são o motivo de seu sucesso. Um desrespeito às moças que ali estiveram, mas que, no auge da sua cegueira adolescente provavelmente nem perceberam a falta de consideração com que a banda (?) as tratou.

Eu também, como ouvinte, me senti desmerecida, agredida por tamanha falta de respeito a nós apreciadores do humor inteligente, que ainda luta para sobreviver apesar do nosso pobre cenário cultural dos tempos modernos.

Um programa que não respeita seus ouvintes é como uma banda que não respeita suas fãs, não merece crédito.


Cyntia Pinheiro
Professora de Canto
Acadêmica de Direito

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