quarta-feira, 31 de março de 2010

Parto e parto

Morres. E aos poucos eu parto.
Como um parto mastigando a vida,
Partes. Eu paro.

O mesmo flash de quando cheguei
Vejo no túnel que devo seguir
E morro um pouco. Parida pela vida.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Morte

Toda morte é um parto,
Pois do outro lado eu nasço!

24/03/10

quinta-feira, 18 de março de 2010

Amor, sexo, e mais...

Minhas carnes de seda
Querem teu membro de renda
E rendo-me às sensações

Lágrimas de mim
Em teu corpo suado
Gotas de perversão

A libido é tornado
Entornando o caldo
Da minha paixão

Tuas mãos são força
Fazendo graça
Visitando meu corpo
Com ânsia e tesão

Desejo incontido
De levitar
Flutuas em meu busto
Amor. Sofreguidão!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Reprise

Textos

Textos me são catarses,
Como catarros expectorados
Como excrementos evacuados
Como rejeitos regurgitados.
Textos me são orgasmos,
Espasmos de luz em terreno apagado,
Não podem ser dosados, pausados, acautelados,
Saem aos bolos, saem aos jatos.

Escrever

Sim, eu sei.
Nem sempre as palavras me desejam,
O papel quase não me quer.
Nesse intento verborrágico,
Sou só vontade.

terça-feira, 9 de março de 2010

Meu amor!

Amo o tempo e seus ponteiros.
Amo o relógio e sua vontade lerda.
Amo o tempo de estarmos juntos, justos, dentro.
Amo você em mim, o tempo inteiro, nas coisas, nos gestos.

Vade retro

Saia de mim como comida devolvida, digerida, nociva.
Saia de mim, mas me deixe pensar que era amor!

sábado, 6 de março de 2010

O que sou?

Sou quente. Pele, coração, mãos principalmente.
Fera. Ferina nas palavras quando sou ferida.
Não sou doce. Agridoce.

Sou víscera, sou véspera. Sou expectativa.
Sou ansiedade, sou rigidez, sou responsabilidade.
Não sou mentira.

Sou sorriso mesmo triste, sou falatório, tagarelice.
Sou alguns traumas, também sou saudades várias.
Não sou certeza.

Sou suposição, sou sacrifício, sou abraço amigo.
Sou disponibilidade, sou ajuda, sou auspício.
Não sou fracasso.

Sou franqueza, delicadeza e também sou curiosidade.
Sou verdade, sou sonho, sou coragem de lutar.
Não sou velhice.

Sou música, sou verso, sou verbo e sou malícia.
Sou candura, sou graça, sou retrato e chocolate.
Não sou hipérbole.

Sou gestação, de mim mesma, de um desejo.
Sou desejo inteiro de ser mais.
Sou vontade de crescer.
Não sou estatura.

Sou cordialidade. Sou amizade, sou ventura.
Sou palhaça, quando tem e quando não tem que ser.
Não sou artista.

Sou força, sou casamento, sou família, sou lar.
Não sou mais aventuras, nem riscos, nem loucuras.
Sou normal, na medida do possível.
Não sou miniatura.

Sou gentileza, depende, sou agudeza também.
Sou projetos. Sou múltipla. Sou nada.
Sou muito, muito menos do que gostaria.
Sou gente, de fato.

Morrer, viver! Estar...

Agora vem chegando o dia de envelhecer
Estou tão visceral que até pretendia morrer
Mas não! Isso é pouco para o que virá
Melhor é viver, sonhar, sonhar...

Suplicando por uma empregada

Papai do céu,

Manda pra mim, aqui na minha porta, uma pessoa especial.
Uma pessoa que já chegue sorrindo e com brilho nos olhos.
Uma pessoa que de cara eu vá me identificar.
Mas, olha, Papai do Céu, eu quero alguém que vá fazer tudo conforme o combinado, com perfeição, todos os dias, e cada dia melhor.
Quero alguém que seja articulada, tenha boa aparência, disposição, saiba trabalhar e seja honesta, ah, tem mais uma coisinha, que nunca falte ao trabalho, ou, que se faltar, pelo menos me avise antes!
Obrigada, Papai do Céu!
Pois sei que no próximo trem da estação celeste partirá um anjo, direto para a minha casa!
Um beijo, meu querido!
Até a próxima!

Amém

Chorei.

Chorei. Foi raiva.
Raiva de mim.
De ser assim, tão mole.
Coração de sabão.
Derreteu, espumou, ardeu.

Chorei. Foi revolta.
Tanta indecisão.
De ser assim, tão frágil.
Coração de picolé.
Derreteu, melou, morreu.

Chorei. Foi gana.
Gana de ser.
Ser pra quê? A gente já é.
Coração de vela.
Derreteu, queimou, desfaleceu.

Doméstica

Doméstica, quando trabalha bem, não vem!
Quando vem, come demais!
Se não come, a patroa é ruim!
Se dá prejuízo não paga.
Se fala demais atrapalha,
Se não fala é muda!
Quando é honesta é relapsa,
Quando não é honesta é ótima!
Se é sorridente é bonita
Se não ri, é banguela!
Se é banguela não cozinha.
Se cozinha, queima.

Doméstica, como eu queria te achar!
Que trabalhasse bem, sem faltar!
Que comesse o suficiente sem abusar.
Que não me desse grandes prejuízos.
Que fosse discreta e não falasse demais.
Que fosse honesta e ótima ao mesmo tempo.
Que fosse sorridente (com dentes) e soubesse cozinhar bem.
Será que é pedir demais?????????