Cyntia Pinheiro
(Para os pequenos)
Era uma vez uma baratinha tonta
Que vivia a perambular
Pelas delícias da cozinha
Toda noite, sem parar.
Espertinha não saía de dia
Pois sabia que seria descoberta
Tinha medo era da chinelada
Que levaria no casco, na certa.
Gostava de lamber os quindins
E os restinhos de açúcar do chão
Fechava sempre os olhinhos
E lambia os beiços quando tinha pão.
Ah! Bom mesmo era achar comida
Frango, arroz e macarronada
Comia até não poder mais
E até dormia com a barriga inchada.
Só que barata é bicho atrevido
Que os humanos não gostam de ver
Exterminam sem piedade
Ainda mais se ela cai no purê.
E assim se acabava a barata
Ficou presa e não pôde sair
Enganchada naquela papa
E ali é lugar de cair?
A mamãe gritou de raiva
"Jogar tanta comida no lixo
Desperdício insuportável,
Mas ninguém vai comer com esse bicho!"
O papai deu muita risada
"Bem feito barata tonta
Quem mandou cair na panela?
Nem pra lamber só a tampa."
Eu fiquei quieto em meu canto
Pois descobri um segredinho, enfim
Enquanto o purê ia pro lixo
A baratinha piscava pra mim.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Dona Jacaré
Cyntia Pinheiro
Dona Jacaré
Vaidosa que ela só
Saiu pra comprar cosméticos
Batom, rímel e pó
A vendedora Tartaruga
Quase lhe convencia
"Esse creme hidratante
Deixa a pele bem macia"
Dona Jacaré não é boba
Sabe do couro bom que tem
"Passar creme pra quê?
Ser cascuda me cai bem"
"Ah! Dona Tartaruga
Beleza boa é natural
Com um retoque leve e suave
Vou ficar sensacional"
Dona Tartaruga experiente
Tirou do casco uma novidade
"Veio de Paris esse perfume
E está com preço de oportunidade"
Dona Jacaré, por sua vez
Já comprara o que queria
Mas o perfume era agradável
Por um trocado o levaria
Chegou em casa toda contente
De pó, rímel, perfume e batom
Seu Jacaré foi logo notando:
"Hum! Mas que cheirinho bom!"
Sorrindo de orelha a orelha
Dona Jacaré se aproximou
Para fazer um carinho
No Jacaré que exclamou:
"Ué! Que pele seca!
Podia ao menos incrementar
Nessa loja não vendia creme
Para a pele amaciar?"
Ah! Dona Jacaré ficou chateada
Pois caprichara do visual
Não imaginava que o marido
Reclamaria ao final.
Mas decidiu não se importar:
"Homem nunca está satisfeito"
E não comprou creme nenhum
"Sou bonita de qualquer jeito!"
Dona Jacaré
Vaidosa que ela só
Saiu pra comprar cosméticos
Batom, rímel e pó
A vendedora Tartaruga
Quase lhe convencia
"Esse creme hidratante
Deixa a pele bem macia"
Dona Jacaré não é boba
Sabe do couro bom que tem
"Passar creme pra quê?
Ser cascuda me cai bem"
"Ah! Dona Tartaruga
Beleza boa é natural
Com um retoque leve e suave
Vou ficar sensacional"
Dona Tartaruga experiente
Tirou do casco uma novidade
"Veio de Paris esse perfume
E está com preço de oportunidade"
Dona Jacaré, por sua vez
Já comprara o que queria
Mas o perfume era agradável
Por um trocado o levaria
Chegou em casa toda contente
De pó, rímel, perfume e batom
Seu Jacaré foi logo notando:
"Hum! Mas que cheirinho bom!"
Sorrindo de orelha a orelha
Dona Jacaré se aproximou
Para fazer um carinho
No Jacaré que exclamou:
"Ué! Que pele seca!
Podia ao menos incrementar
Nessa loja não vendia creme
Para a pele amaciar?"
Ah! Dona Jacaré ficou chateada
Pois caprichara do visual
Não imaginava que o marido
Reclamaria ao final.
Mas decidiu não se importar:
"Homem nunca está satisfeito"
E não comprou creme nenhum
"Sou bonita de qualquer jeito!"
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Ter coragem
Cyntia Pinheiro
Tenho uma prima, chamada Cleiziane, com quem convivi muito na década de 90, quando nós duas fomos colegas de sala enquanto cursávamos o magistério na Escola Estadual Oswaldo Lucas Mendes em Taiobeiras/MG. Éramos unha e carne, sentáva-mo-nos sempre com as mesas juntas, conversávamos muito e éramos consideradas ótimas alunas.
Ela me ensinou muitas coisas interessantes, como por exemplo, gostar de rock, escrever letras desenhadas e rir muito da vida. Mas uma coisa ela fez por mim um dia, que talvez nem se recorde mais, porém foi de grande importância e que carrego até hoje comigo.
Um dia cheguei em casa e ao entrar em meu quarto, havia um pirulito grande em cima da minha cama, colado nele um bilhete que dizia: " Nunca pule num monte de folhas com um pirulito na mão. Assinado: Linus vem que tem."
Aquele bilhete me intrigou num primeiro momento, mas logo tive certeza de que era coisa dela, a melhor prima-amiga sempre apronta dessas coisas... Fui perguntar a ela quem era o tal "Linus vem que tem" e fui informada de que se tratava do Linus, melhor amigo do Charlie Brown e que ela havia assisido a um episódio em que o Linus falava isso para o Charlie.
Gostei, degustei e adorei a surpresa. Só não imaginava que quase duas décadas depois aquelas palavras ecoariam em meus ouvidos. E tudo isso porque eu me joguei no monte de folhas com o pirulito todo lambido na mão. Sempre me lanço de olhos fechados e descobri que isso me faz bem.
Descobri que sou corajosa, atrevida e não tenho medo de nada, porque carrego comigo uma fé bem grande. Ao pular no monte de folhas de todas as profissões que tive e tenho, fechei os olhos e fui com uma fé enorme no Criador, só colhi frutos bons, algumas folhinhas secas me pegaram, é verdade, mas em outras situações meu pirulito saiu ileso dali.
Hoje eu digo sem pudores e sem falsa modéstia, estou me tornando escritora por amor, sempre fui professora por vocação, sou maquiadora por vontade, sou mãe por talento, serei jurista por paixão e se eu sou tudo isso, ou se aos olhos de alguns não sou o "ó do borogodó", o importante é que eu tive coragem de me lançar no monte de folhas, ainda que folhas secas quisessem aderir ao meu pirulito, isso faz parte da vida, vida essa que eu quero viver, com folhas ou sem folhas, mas com o sabor de quem deseja sempre experimentar.
17/10/2012
Tenho uma prima, chamada Cleiziane, com quem convivi muito na década de 90, quando nós duas fomos colegas de sala enquanto cursávamos o magistério na Escola Estadual Oswaldo Lucas Mendes em Taiobeiras/MG. Éramos unha e carne, sentáva-mo-nos sempre com as mesas juntas, conversávamos muito e éramos consideradas ótimas alunas.
Ela me ensinou muitas coisas interessantes, como por exemplo, gostar de rock, escrever letras desenhadas e rir muito da vida. Mas uma coisa ela fez por mim um dia, que talvez nem se recorde mais, porém foi de grande importância e que carrego até hoje comigo.
Um dia cheguei em casa e ao entrar em meu quarto, havia um pirulito grande em cima da minha cama, colado nele um bilhete que dizia: " Nunca pule num monte de folhas com um pirulito na mão. Assinado: Linus vem que tem."
Aquele bilhete me intrigou num primeiro momento, mas logo tive certeza de que era coisa dela, a melhor prima-amiga sempre apronta dessas coisas... Fui perguntar a ela quem era o tal "Linus vem que tem" e fui informada de que se tratava do Linus, melhor amigo do Charlie Brown e que ela havia assisido a um episódio em que o Linus falava isso para o Charlie.
Gostei, degustei e adorei a surpresa. Só não imaginava que quase duas décadas depois aquelas palavras ecoariam em meus ouvidos. E tudo isso porque eu me joguei no monte de folhas com o pirulito todo lambido na mão. Sempre me lanço de olhos fechados e descobri que isso me faz bem.
Descobri que sou corajosa, atrevida e não tenho medo de nada, porque carrego comigo uma fé bem grande. Ao pular no monte de folhas de todas as profissões que tive e tenho, fechei os olhos e fui com uma fé enorme no Criador, só colhi frutos bons, algumas folhinhas secas me pegaram, é verdade, mas em outras situações meu pirulito saiu ileso dali.
Hoje eu digo sem pudores e sem falsa modéstia, estou me tornando escritora por amor, sempre fui professora por vocação, sou maquiadora por vontade, sou mãe por talento, serei jurista por paixão e se eu sou tudo isso, ou se aos olhos de alguns não sou o "ó do borogodó", o importante é que eu tive coragem de me lançar no monte de folhas, ainda que folhas secas quisessem aderir ao meu pirulito, isso faz parte da vida, vida essa que eu quero viver, com folhas ou sem folhas, mas com o sabor de quem deseja sempre experimentar.
17/10/2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
A única coisa que a gente tem na vida é o pescoço
Cyntia Pinheiro
Outro dia meu filho de cinco anos nos saiu com essa: "Pai, a única coisa que a gente tem na vida é o pescoço." Preocupado em justificar o sentido da frase depois de ouvir gargalhadas incontroláveis da mãe e do pai, emendou: "É porque se cortarem nosso pescoço a gente morre, ué, o pescoço é muito importante." Ainda gargalhávamos enquanto ele insistia: "O pescoço é importante, gente, pois ele vira a cabeça de um lado para o outro, ué."
Enfim, controlamos o riso e concordamos, de fato, o pescoço é muito importante. Entre uma ponderação e outra eu ainda explodia numa gargalhada escandalosa que deixava meu pequenino meio sem graça. Mas depois ele entendeu que a frase foi interessante e até mesmo engraçada, por isso rimos tanto, não ríamos dele, mas da frase.
Tal frase me fez recordar uma aluna de canto que tive comigo por três anos, a Suely, uma senhora animada, professora aposentada, de voz doce e melodiosa, afinadíssima e muito dedicada. Além de todos esses predicados musicais, Suely era uma mulher sábia, uma matriarca. Contava-nos sempre suas aventuras em família e, especialmente, sua perspicácia ao lidar com os genros e noras.
Certa vez, ela disse a mim e às suas colegas de canto, que nós mulheres devemos "encher a bola" dos nossos maridos, dizer a eles que eles são muito importantes na casa, e devemos ser bem convincentes para que a autoestima deles fique elevada. Segundo Suely o homem deve acreditar piamente de que ele é a cabeça da família, sendo a cabeça é ele quem conduz todas as coisas, coordena, lidera, mas o homem jamais deve perceber que por trás disso tudo está a mulher, e ele não deve nunquinha descobrir que a mulher é o pescoço, afinal é o pescoço que move a cabeça e a faz olhar na direção que só ele, o pescoço, orienta.
Assim, quis ela dizer que, o homem deve ser encorajado a ser o chefe do lar, sem nunca descobrir que quem manda mesmo é a mulher, porque o homem é a cabeça, mas a mulher é o pescoço, e a cabeça só olha pra onde o pescoço quer.
Concluí que meu pequenino estava certo, a única coisa que a gente tem na vida é o pescoço, afinal o que seria da cabeça sem ele??????
Outro dia meu filho de cinco anos nos saiu com essa: "Pai, a única coisa que a gente tem na vida é o pescoço." Preocupado em justificar o sentido da frase depois de ouvir gargalhadas incontroláveis da mãe e do pai, emendou: "É porque se cortarem nosso pescoço a gente morre, ué, o pescoço é muito importante." Ainda gargalhávamos enquanto ele insistia: "O pescoço é importante, gente, pois ele vira a cabeça de um lado para o outro, ué."
Enfim, controlamos o riso e concordamos, de fato, o pescoço é muito importante. Entre uma ponderação e outra eu ainda explodia numa gargalhada escandalosa que deixava meu pequenino meio sem graça. Mas depois ele entendeu que a frase foi interessante e até mesmo engraçada, por isso rimos tanto, não ríamos dele, mas da frase.
Tal frase me fez recordar uma aluna de canto que tive comigo por três anos, a Suely, uma senhora animada, professora aposentada, de voz doce e melodiosa, afinadíssima e muito dedicada. Além de todos esses predicados musicais, Suely era uma mulher sábia, uma matriarca. Contava-nos sempre suas aventuras em família e, especialmente, sua perspicácia ao lidar com os genros e noras.
Certa vez, ela disse a mim e às suas colegas de canto, que nós mulheres devemos "encher a bola" dos nossos maridos, dizer a eles que eles são muito importantes na casa, e devemos ser bem convincentes para que a autoestima deles fique elevada. Segundo Suely o homem deve acreditar piamente de que ele é a cabeça da família, sendo a cabeça é ele quem conduz todas as coisas, coordena, lidera, mas o homem jamais deve perceber que por trás disso tudo está a mulher, e ele não deve nunquinha descobrir que a mulher é o pescoço, afinal é o pescoço que move a cabeça e a faz olhar na direção que só ele, o pescoço, orienta.
Assim, quis ela dizer que, o homem deve ser encorajado a ser o chefe do lar, sem nunca descobrir que quem manda mesmo é a mulher, porque o homem é a cabeça, mas a mulher é o pescoço, e a cabeça só olha pra onde o pescoço quer.
Concluí que meu pequenino estava certo, a única coisa que a gente tem na vida é o pescoço, afinal o que seria da cabeça sem ele??????
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Letras dos amigos
Quem é Damião Cordeiro? Ele se autodenomina de "O Poeta do Acaso", mas não foi por acaso que um dia eu pedi ao Délio Pinheiro - nosso amigo em comum - que falasse com o Damião para me aceitar como sua amiga no orkut, foi porque me encantei com sua escrita. E ele, generoso que é, me mandou um monte de coisas suas para eu ler. Li tudo, tudinho mesmo, gosto de receber textos no papel, gosto de tocar no papel e adoro ler Damião. E estou sempre recebendo textos dele para ler, leio com carinho e quando eu crescer quero ser igual a ele, que é um poeta com o condão de nos fazer enxergar, sentir aromas, sabores e tudo o mais através da mágica de suas letras certeiras, leiam com carinho, com vocês Damião Cordeiro, o Poeta do Acaso!!!
DOENÇA DA CARNE: AMOR DOENTIO
Lá, onde a aurora soltava maravilhoso doirado cacho, mas, todo ouro belezura crepusculava no efêmero, carnalmente, sobrevivia a estonteante Lia socada numa tirinha de lugar, entre a escravatura corporal e o desleixo do espírito. Lá, lá, bem no epicentro lamacento e encharcado em dor chumbo. Também, amar daquele tanto era de doer. Uma enfermidade fincada no rijo da carne. Lia carregava um grande amor transbordante que não cabia na caixa do peito dela. Lia, uma quase sem-terra que ao mesmo tempo era mulher-matéria devoluta, terra de ninguém, terra de todos. Lugar onde qualquer um pisoteava, fazia lama e não deixava sequer uma marca de amor.
Essa tal de Lia era analfabeta, mas, muito lida em anúncios privês. Lia era (muda calada), porém, trazia o sexo na ponta da língua. Exímia leitora, Lia lia com a ponta da língua e com todos os olhos e com todas as bocas. Enfim, com todos os poros do seu corpo sovelado e esburacado pelos ferrões da macheza. (Amar dói muito), um “entregar-se” desmedido. Lia lia demais. Lia amava demais, Lia, boa Lia! – Um poço de bondade - Lia lia demais. Lia amava demais. Lia, demais !!! Lia, demais!!! assim, cinicamente, diziam os insaciáveis garanhões fedorentos, esses doentes compulsivos doidos por prazeres inventados. Lia amou demais, mas, pegou doença do mundo. Coitada, Lia, uma mulher muito lida em anúncios privês, uma mulher tão prestativa e tão dada facilitou e não pôde ler o receituário da vida: PREVINA-SE CONTRA O ÓDIO DO MUNDO!
Era eu Lia, uma mulher de mil gostos, uma mulher de mil homens, fui reduzida em desgostos, minha causa mortis – disse Maria da Assumpção ao dar com o chaveiro celestial à porta do grande Salão da Claridade cantarolando um hino de louvor e pinicando na viola de São Gonçalo. Bonachão e acudidor de gente em hora de agoniada precisão, mesmo com a voz desafinada e de olhos acrescidos, prontamente, São Pedro acudiu: entre minha filha, entre. Não precisa tirar toda a sua... culpa. Não carece debulhar rosários e mais rosários de íntimas particularidades em confissões desnecessárias. Poupe-me dos detalhísmos descritivos, não posso mais cair em tentação, e outra, tenho cargo de confiança, por isso, não vou negar o meu fidedigno voto de castidade. Espiritualmente, recebi o seu curriculum vitae, já sei de tudo na ferida viva do meu coração, por isso tudo, não precisa ficar mais na salmoura do purgatorium encardido, pois é dele que acaba de sair. Limpa, sarada e distante dos assédios dos grileiros de sentimentos, Assumpção pisou no que é dela de direito, assim que recebeu das santas mãos do Pai supremo a sagrada escritura do latifúndio eternidade...
Damião Cordeiro - o Poeta do Acaso.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Campeonato no céu
Cyntia
Pinheiro
Para os meus
filhotes
28/06/2012
Um dia lá no
céu
Deus teve
uma ideia legalFazer um campeonato
Para o mundo animal
Dessa vez só
as aves
Poderiam participarEm várias categorias
Desde as do solo até as do ar
Somente
machos de inscreveriam
Pássaros
canoros ou elegantesCada qual mostrando sua arte
Ou algum talento bem importante
Para a festa veio o peru
Concorrendo com o galo e o pavão
Com sua gravata bem vermelhinha
E sua cara de bonachão
A galinha já
comentava
O galo será
o campeãoO peru é muito empolado
E é exagerado esse tal de pavão.
Na ala dos
cantores
O chilrear
do curióFez o canarinho pensar
Que o sabiá lhe dava dó
Mas a
torcida feminina
Era coisa
muito sériaDona canária bem dedicada
Estava quase ficando histérica
Mas não seria moleza
O júri estava afiado
Querubins alados notavam
Cada detalhe preparado
Depois do
desfile das aves do chão
Houve uma
grande revoadaA ave que voasse mais bela
Haveria de ser premiada
Do albatroz
à gaivota
Asas bem
grandes no céu batendoDa jacutinga tenho saudade
Voos bem leves por sobre o vento
Cada categoria passava agora
Por uma grande seleção
Aves do céu e aves do solo
Não estavam brincando não
Arara, tucano
e beija-flor
Na categoria
dos mais belos Águias, gaviões e corujas
As de rapina travavam um duelo.
Do primeiro
grupo foi eleito o pavão
Para desconforto
da galinhaPois o galo era o favorito dela
E o peru nem chance tinha
Quanto aos cantores canarinho, sabiá e curió
Difícil mesmo foi escolher
Mas pelos melismas muito bem feitos
Canarinho teve mesmo que vencer
Na categoria
de voo bonito
Levou a
melhor a JacutingaAlbatroz e Gaivota gritaram: “Marmelada!
Só ganhou porque está quase extinta.”
Apesar das
cores vivas
Arara e Tucano
foram desclassificadosPois a sutileza do beija-flor
Deixou a todos encantados.
Águias,
gaviões e corujas
Desistiram
da competiçãoPensaram que não tinham chance
Com as outras aves não
Além do mais
uma nova etapa
Muito mais
exigente, Reunirá os classificados
E escolherá novamente
Dentre os
selecionados
Pavão,
Canarinho, Jacutinga e Beija-florSerá escolhido aquele
Que melhor simbolize o amor
O Pavão foi
logo dizendo
Com sua cara
de espantadoMelhor símbolo sou eu
Que de tão lindo pareço encantado.
O Canarinho
nada modesto
Cantarolou
seu argumento“O amor tem minha cara
E nem preciso de instrumento”
A Jacutinga
por sua vez
Até que
argumentou bem:“Estou quase extinta
Feito o amor que já não se tem”
Mas lindo
mesmo foi o Beija-Flor
Que disse bem
humorado:“Símbolo do amor sou eu,
Pois Deus já me fez coração alado.”
E todos
nesse dia souberam
Que o
beija-flor é todo coraçãoMelhor símbolo não haveria
Para ao amor fazer menção.
E Deus,
sábio que é
Tratou logo
de dizer:Não ganhou por ser mais belo
Mas ganhou por merecer
Não adianta
ser imponente
Nem ter asas
grandes para voarBasta ser todo amor
Com um coração pronto para amar.
Nessa grande
competição
Quem mais se
deu bemFoi o beija-flor pequenino
Símbolo do amor e querer-bem.
Apocalipse Now
Cyntia
Pinheiro 28/06/2012
Ontem me deparei com uma notícia
na internet que me fez refletir um pouco: a Coca-Cola vendida no Brasil possui
alto teor de uma substância cancerígena. Mas qual a novidade disso? A mim nada
parece novo, afinal, se pararmos para pensar não existem mais alimentos
saudáveis, exceto aqueles que você possa cultivar com as próprias mãos em sua
horta ou no seu galinheiro particular, o mais está contaminado pela avareza
humana.
Tudo é cancerígeno e não é
necessário ser especialista para perceber isso, afinal, os casos de câncer vêm
crescendo assustadoramente nas últimas décadas, resultado da nossa alimentação
contaminada de produtos químicos, tais como conservantes, corantes,
aromatizantes artificiais, etc.
Em meados da década de 80 – um
tempo não muito distante – ouvia-se raramente falar de alguém que portava a
doença, lamentavelmente, o diagnóstico era uma sentença de morte, hoje,
felizmente muitos casos são tratáveis e alguns deles 100% curáveis, o que
demonstra que não estamos lançados à própria sorte, a ciência evoluiu e
continua evoluindo, prova de que Deus tem compaixão apesar de nossa
irresponsabilidade.
Mas o câncer, embora tratável, é
uma doença que gera muito sofrimento e, infelizmente, vitimará muitos de nós no
futuro, porque a ganância do homem é muito maior do que o seu senso de
moralidade.
Estamos acabando com o planeta e
conosco mesmos. Somos escravos do dinheiro e é ele quem dita as normas por
aqui. Quem pode pagar não fica mais com os cabelos encaracolados, porque o formol lhe dá um resultado perfeito,
mas ninguém pensa nas consequências disso daqui uns anos. A vaidade é tão burra
ou ingênua quanto inconsequente.
Não sabemos a procedência dos
alimentos que consumimos, o leite dura seis meses ou mais dentro de uma caixa
de papel, dobra-se o volume com água oxigenada, pouco importa se crianças o
consumirão. Comidas prontas vendidas em caixinhas que duram “milagrosamente”
até um ano. É hormônio para engordar o frango, e muito, muito mais... Coisas
que nem imaginamos, tudo feito estrategicamente para enriquecer algumas pessoas
sem a menor cogitação de respeito pelo semelhante.
Então partimos para uma dieta
saudável, mais frutas, verduras, legumes e, iludidos, não conhecemos a
procedência de nada, nem do volume lastimável de agrotóxicos utilizados em sua
produção. A menos que plantemos nossa própria hortinha (aqueles que têm o
privilégio de um espaço no quintal), estamos todos vivendo a falsa impressão de
que nossa alimentação está saudável.
Isso demonstra quão vil é o homem
e o quanto ainda precisamos evoluir. E isso vai levar tempo. Muitas gerações
(se o planeta não derreter antes) ainda nascerão aqui para fazer o que precisa
ser feito. Enquanto o dinheiro for mais importante do que a vida do outro, enquanto
continuarmos destruindo essa magnífica biodiversidade do planeta terra a custa
do enriquecimento material, enquanto os políticos continuarem solapando a grana
da merenda das crianças que nada têm em casa para comer, enquanto continuarmos
sendo essa gentinha que temos sido
até aqui, não mereceremos habitar esse mundo maravilhoso que Deus nos deu.
Só um apocalipse mesmo para salvar
esse planeta lindo de nossas garras tão cruéis, afinal, somos o câncer do planeta e ele está começando a fazer quimioterapia.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Festa de maio
Josilmar Batista Pinheiro (papai)
21/05/2012
21/05/2012
Como todo taiobeirense que se preze, sinto-me orgulhoso
quando ouço visitantes elogiarem minha cidade, enaltecendo sua organização,
suas ruas limpas, seu comércio dinâmico, enfim o seu aspecto de cidade bem
cuidada e bem administrada.
Digo isso, sem puxa-saquismo, porque a verdade salta aos
olhos e não há como não enxergá-la, mesmo
que alguém queira fazê-lo.
Hoje, ao me levantar da cama, estive pensando na maravilhosa
festa promovida pela poder público e que ontem teve o seu encerramento. Vi e
ouvi muitas pessoas dizerem que foi a melhor de todos os tempos, pela
organização, pelo quantidade de visitantes e, notadamente, pelo aumento do
volume de expositores na FERARP, o que reflete algo de muito bom para a
economia do município.
Tudo isso nos enche de orgulho e nos faz crer que a nossa
querida e abençoada terra está no caminho certo e que dias ainda melhores virão
por consequência do que está sendo feito hoje.
Acredito e desejo ardentemente que iremos alcançar progresso
cada vez maior em todas as áreas, mas ao mesmo tempo, vejo com ressalvas uma
área em que Taiobeiras precisa melhorar. E melhorar muito: a área cultural.
Sei o quanto é difícil despertar na cabeça das pessoas o
gosto pela arte verdadeira, que faz bem ao espírito e, principalmente, nos faz
ver o mundo de forma mais amena. O fato é que a grande massa popular está completamente
envolvida e até induzida pela mídia a gostar e a consumir o que é mais fácil de
se assimilar mas que, quase sempre, se
constitui em verdadeiro lixo cultural, descartável, fútil, tornando-se vetor da
destruição dos valores morais, às vezes levando precocemente as pessoas ao
consumo desenfreado de drogas e à prática da prostituição. Estou falando
especificamente de músicas que “rolaram” no grande palco, nos quatro dias de
festa.
Neste cenário, fica extremamente difícil apresentar algo diferente,
porque seria NADAR CONTRA A CORRENTEZA,
mas estive pensando no que ouvi de uma pedagoga recentemente e achei
oportuno transcrever seu pensamento nestas mal traçadas linhas: “DEUS, na sua
sabedoria infinita, quando deixa de atender alguns de nossos pedidos, é porque,
com certeza, Ele sabe que o que estamos pedindo não é bom para nós, tanto é que
mais adiante vamos enxergar isso com clareza. Se perguntarmos a uma criança o que ela gostaria
de fazer na sua vida, ela responderia que gostaria de não ter que ir à escola,
e que a deixassem brincar o tempo todo com vídeo-game, etc., e que não a proibissem de fazer o que ela bem entendesse.
No entanto, os pais, sabedores de que esse não é o caminho certo, insistem em
levá-la para um educandário.
Ante o exposto, na minha humilde visão dos fatos, acredito
que deveria haver um critério mais seletivo na escolha dos grupos musicais,
sejam da cidade ou não, que venham a se apresentar no palco da nossa festa mais
prestigiada do ano. Ontem, na noite de encerramento, vi um grupo cantando
músicas sertanejas com letras de duplo sentido, incitando à prática de sexo,
com duas pré-adolescentes no palco, dançando à frente, de forma exortativa a
atos libidinosos. Aí perguntei a mim mesmo: onde estão as autoridades (Conselho
Tutelar, Juizado de Menores) para coibir tais abusos? É bom não nos esquecermos
da pecha horrorosa atribuída a Taiobeiras há algum tempo, por causa da
prostituição infantil.
domingo, 20 de maio de 2012
Lágrima amarga
Cyntia Pinheiro
Acabo de retornar de agradável passeio à casa dos meus pais em Taiobeiras. Fomos eu e meus pequenos Samuel e Vinícius passar uma semana por lá e o maridão/paizão nos buscou no fim de semana.
É bom viajar, mas também é bom retornar. Porém, apesar de agradáveis - passeio e retorno - , uma imagem marcará para sempre a minha vida, uma imagem triste para mim.
No dia 17 de maio estive visitando minha avó paterna, a quem carinhosamente chamo do Vovó Lita. Ela que sempre foi uma mulher alegre, divertida, cheia de piadas e sorrisos largos, padece há algum tempo do famigerado Alzheimer. Nas outras visitas que fiz, em outras idas a Taiobeiras, apesar de decadente, vovó me parecia melhor, seus olhinhos ainda brilhavam, sua voz ainda era ouvida e ela podia se mover com facilidade.
Dessa vez, cortou-me o coração vê-la parada, olhar distante entre um cochilo e outro, imóvel por quase todo o tempo. Já não sustenta a saliva e sua face está rígida. Não é a mesma vovó. Vovó Lita tinha uma voz estridente, barulhenta, alegre, tinha sempre uma piadinha pronta e me contava seus romances dos tempos de solteirice. Trabalhou e aposentou-se nos correios, tinha uma letra bonita, fluida e uma boa cabeça para os números.
Apaixonados, ela e o vovô, até pouco antes da doença, poderiam ser vistos em qualquer noite passeando de mãos dadas pela pracinha no centro da cidade. Dinâmica, inteligente, feliz. Assim era a vovó. Como pôde ficar desse jeito tão tristonho de se ver?
Com zelo as tias queridas cuidam dela dia e noite e o vovô já nem espera mais que o tempo a faça melhorar, o vovô continua acarinhando, beijando, amando como a amou a vida inteira, sempre foram um casal lindo de se ver. Jamais brigaram, sempre os víamos namorando, mesmo com o embranquecer dos cabelinhos.
Ao sair, mesmo tendo ouvido dizerem que ela já não reconhece mais ninguém, peguei com firmeza em seus ombros, e perguntei: "Vovó, você se lembra de mim? Sou a Cyntia" e ela olhou no fundo dos meus olhos, fez um minúsculo gesto de afirmação e uma grossa lágrima escorreu pelo canto de seu olhinho esquerdo.
Jamais me esquecerei desse momento, que me emociona, entristece e que me marcou para sempre.
Que Deus lhe conforte, vovó querida, todos os dias, até que chegue o dia de partir.
Com todo afeto do meu coração,
Cyntia Pinheiro.
Acabo de retornar de agradável passeio à casa dos meus pais em Taiobeiras. Fomos eu e meus pequenos Samuel e Vinícius passar uma semana por lá e o maridão/paizão nos buscou no fim de semana.
É bom viajar, mas também é bom retornar. Porém, apesar de agradáveis - passeio e retorno - , uma imagem marcará para sempre a minha vida, uma imagem triste para mim.
No dia 17 de maio estive visitando minha avó paterna, a quem carinhosamente chamo do Vovó Lita. Ela que sempre foi uma mulher alegre, divertida, cheia de piadas e sorrisos largos, padece há algum tempo do famigerado Alzheimer. Nas outras visitas que fiz, em outras idas a Taiobeiras, apesar de decadente, vovó me parecia melhor, seus olhinhos ainda brilhavam, sua voz ainda era ouvida e ela podia se mover com facilidade.
Dessa vez, cortou-me o coração vê-la parada, olhar distante entre um cochilo e outro, imóvel por quase todo o tempo. Já não sustenta a saliva e sua face está rígida. Não é a mesma vovó. Vovó Lita tinha uma voz estridente, barulhenta, alegre, tinha sempre uma piadinha pronta e me contava seus romances dos tempos de solteirice. Trabalhou e aposentou-se nos correios, tinha uma letra bonita, fluida e uma boa cabeça para os números.
Apaixonados, ela e o vovô, até pouco antes da doença, poderiam ser vistos em qualquer noite passeando de mãos dadas pela pracinha no centro da cidade. Dinâmica, inteligente, feliz. Assim era a vovó. Como pôde ficar desse jeito tão tristonho de se ver?
Com zelo as tias queridas cuidam dela dia e noite e o vovô já nem espera mais que o tempo a faça melhorar, o vovô continua acarinhando, beijando, amando como a amou a vida inteira, sempre foram um casal lindo de se ver. Jamais brigaram, sempre os víamos namorando, mesmo com o embranquecer dos cabelinhos.
Ao sair, mesmo tendo ouvido dizerem que ela já não reconhece mais ninguém, peguei com firmeza em seus ombros, e perguntei: "Vovó, você se lembra de mim? Sou a Cyntia" e ela olhou no fundo dos meus olhos, fez um minúsculo gesto de afirmação e uma grossa lágrima escorreu pelo canto de seu olhinho esquerdo.
Jamais me esquecerei desse momento, que me emociona, entristece e que me marcou para sempre.
Que Deus lhe conforte, vovó querida, todos os dias, até que chegue o dia de partir.
Com todo afeto do meu coração,
Cyntia Pinheiro.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
É isso aí, bicho!
Josilmar Batista Pinheiro
Fico pensando na
relativa rapidez com que ocorrem as mudanças na forma das pessoas se
expressarem. É impressionante observar como as palavras desaparecem do
linguajar do povo, dando lugar a novos vocábulos, sendo que algumas palavras persistem
em continuar no vocabulário popular.
Eu que pertenço a
geração que sofreu uma verdadeira revolução na música, na moda, etc., às vezes penso no turbilhão de gírias que
surgiram na minha juventude, impulsionadas pelos ídolos da música, como Roberto
Carlos, que até hoje gosta de tratar as pessoas de sua convivência, de forma
carinhosa, usando as expressões: "é isso aí, bicho!" , "são
muitas emoções, bicho"...
Não tenho a pretensão de
fazer uma análise detalhada das influências sofridas pela nossa língua pátria
ao longo dos tempos, até porque não tenho o preparo necessário para isso. O que
na verdade desejo é expor fatos pitorescos a que tive oportunidade de
presenciar e que achei engraçados, pela forma inusitada como aconteceram.
Lá pelos anos 80, o
Grupo de Jovens Beija-Flor, entidade ligada a religião católica, todos os anos,
durante as comemorações da semana santa em Taiobeiras, encenava a peça teatral
referente à paixão e morte de Jesus Cristo. Eu sempre participei, na parte de
direção, com alguns pitacos.
Estava
eu sentado no meio da platéia que lotava o salão onde funcionava o Clube
Social, assistindo compenetrado ao
desenrolar da peça, que já se encaminhava para sua parte final, em que Jesus é
submetido a interrogatório. Usando o
palavreado erudito do texto bíblico, Pilatos, vira-se para Jesus e diz: "Tu és mesmo o filho de Deus?" E Jesus,
responde cabisbaixo: "Tu mesmo
o dizes".
Aproveitando-se
do intervalo que veio a seguir, um então jovem amigo que estava ao meu lado,
saiu com essa tirada: "Se fosse nesta época de hoje, Jesus, que era um
jovem revolucionário, teria respondido assim: " É isso aí, bicho!...' "
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Não atire apenas a primeira pedra, atire todas as que suas mãos puderem segurar...
Cyntia Pinheiro*
Há algumas semanas estivemos diante de um julgamento polêmico por parte do STF, a descriminalização do aborto de feto anencefálico.
Diante de assunto tão delicado muitas vozes se levantaram - e de maneira muito legítima - contrárias ao aborto. Dentre os segmentos religiosos cristãos vários foram os padres, pastores, médiuns e fiéis apaixonados - estes ainda mais que os outros - que se manifestaram demonstrando severa e imutável opinião terminantemente contra a prática outrora considerada criminosa.
E eu, como cristã que sou (e não levantarei aqui bandeira alguma) não penso muito diferente com relação à pratica abortiva. Aborto é crime, é privar um novo ser da oportunidade de experienciar a vida, um direito seu previsto em lei e, mais ainda, previsto na construção moral da sociedade.
Não tenho a menor dúvida de que, em se tratando de mim mesma, jamais atentaria contra uma vida humana, especialmente aquela que a bondade divina houvesse confiado a mim através da concepção. Embora haja previsão legal para a prática abortiva em caso de estupro e, ainda, em caso de risco de morte materna, penso que nem assim abortaria.
Mas, é muito discrepante pensar que a lei autoriza o aborto em caso de estupro, preservando a dignidade da mãe, em face de um feto muitas vezes viável em termos físicos e biológicos, mas considerar essa mesma mãe uma criminosa em caso de feto anencefálico. Mais coerente, para as correntes que são contra o aborto de anencéfalo, seria que a mulher vítima de estupro gerasse e entregasse o filho para adoção, caso não desejasse criá-lo.
Também é discrepante considerar que a mulher em risco de morte decorrente de gestação perigosa, possa abortar, sem ser considerada criminosa, ou seja, sua vida é colocada como bem maior perante a vida do feto que lhe mina as possibilidades de sobrevivência, mas no caso de feto anencefálico, alguns dizem que não há ponderação possível, devendo a mãe suportar a sua própria tragédia e gerá-lo ainda que a gestação culmine em lastimável óbito, do contrário, é criminosa.
Ora bolas, quanta hipocrisia em nossa sociedade. Então, agora atiraremos pedras nos ministros que votaram em favor da chamada “antecipação terapêutica do parto”, porque AGORA a vida do feto é mais importante do que a dignidade da mãe.
No meu humilde sentir, e sempre referindo-me a atos próprios e não buscando uma generalidade, ninguém deveria abortar em hipótese alguma, mas não sou senhora do sentir alheio e não posso atirar pedras simplesmente por defender a minha ideologia e o meu pensar.
Se me permitem um parêntese, aos dezenove anos uma saudosa prima que estava grávida de um menino saudável, recebeu o lamentável comunicado médico de que sua gestação deveria ser interrompida porque havia risco de morte para ela em decorrência do parto. Nobre que era, guardou para si, compartilhando apenas com a mãe, sua situação, preferiu gestar o filhinho que amou desde a concepção, o resultado trágico foi sua morte prematura logo após o nascimento de seu rebentinho, mas o valor de sua atitude apenas Deus pode mensurar.
Se Deus existe – e creio com toda minha alma que Ele existe – não é humano como nós. Pobres de nós! Ele conhece nossos corações, e então eu pergunto: De que adianta proibir a mulher se em seu coração o desejo maior é contrário à proibição? Acaso estará isenta de culpa por fazer algo que a lei obriga, sendo seu ânimo diverso?
Se até o juiz pode sentenciar o crime ponderando pelo dolo ou pela culpa, quanto mais Deus, que percorre as entranhas de nosso coração, vela por nossos sentimentos não saberá, de fato, o que pretendemos fazer? Não é a lei que o dirá, pois essa é uma questão de foro íntimo e merece todo nosso respeito.
Por isso, caríssimo leitor, penso que a decisão foi acertada. Claro que temo pela prerrogativa aberta ao aborto eugênico, e a outras formas de aborto que porventura venham a ser descriminalizadas, mas confio em Deus e sei que Ele tem um plano maior para tudo isso.
Ele nos deu liberdade de escolha, por que eu penso que posso minar a liberdade do outro? Quem somos nós para mensurar a condição da mulher que se encontra vitimada por semelhante tragédia humana? Só ela mesma saberá se é capaz de suportar sua cruz. Lei nenhuma terá o condão de transformar o interior de alguém, cada um sabe a dor que é capaz de suportar, e eu não atirarei pedras em ninguém, simplesmente porque seu pensamento difere do meu.
Acaso Deus, em sua infinita misericórdia, conhecedor de todas as nossas mazelas íntimas não saberá quem é merecedor ou não do seu perdão? E nós “Cristãos”, continuaremos atirando pedras??????
*Cyntia Pinheiro, mãe, professora de música, maquiadora e acadêmica de Direito nas Faculdades Santo Agostinho.
Há algumas semanas estivemos diante de um julgamento polêmico por parte do STF, a descriminalização do aborto de feto anencefálico.
Diante de assunto tão delicado muitas vozes se levantaram - e de maneira muito legítima - contrárias ao aborto. Dentre os segmentos religiosos cristãos vários foram os padres, pastores, médiuns e fiéis apaixonados - estes ainda mais que os outros - que se manifestaram demonstrando severa e imutável opinião terminantemente contra a prática outrora considerada criminosa.
E eu, como cristã que sou (e não levantarei aqui bandeira alguma) não penso muito diferente com relação à pratica abortiva. Aborto é crime, é privar um novo ser da oportunidade de experienciar a vida, um direito seu previsto em lei e, mais ainda, previsto na construção moral da sociedade.
Não tenho a menor dúvida de que, em se tratando de mim mesma, jamais atentaria contra uma vida humana, especialmente aquela que a bondade divina houvesse confiado a mim através da concepção. Embora haja previsão legal para a prática abortiva em caso de estupro e, ainda, em caso de risco de morte materna, penso que nem assim abortaria.
Mas, é muito discrepante pensar que a lei autoriza o aborto em caso de estupro, preservando a dignidade da mãe, em face de um feto muitas vezes viável em termos físicos e biológicos, mas considerar essa mesma mãe uma criminosa em caso de feto anencefálico. Mais coerente, para as correntes que são contra o aborto de anencéfalo, seria que a mulher vítima de estupro gerasse e entregasse o filho para adoção, caso não desejasse criá-lo.
Também é discrepante considerar que a mulher em risco de morte decorrente de gestação perigosa, possa abortar, sem ser considerada criminosa, ou seja, sua vida é colocada como bem maior perante a vida do feto que lhe mina as possibilidades de sobrevivência, mas no caso de feto anencefálico, alguns dizem que não há ponderação possível, devendo a mãe suportar a sua própria tragédia e gerá-lo ainda que a gestação culmine em lastimável óbito, do contrário, é criminosa.
Ora bolas, quanta hipocrisia em nossa sociedade. Então, agora atiraremos pedras nos ministros que votaram em favor da chamada “antecipação terapêutica do parto”, porque AGORA a vida do feto é mais importante do que a dignidade da mãe.
No meu humilde sentir, e sempre referindo-me a atos próprios e não buscando uma generalidade, ninguém deveria abortar em hipótese alguma, mas não sou senhora do sentir alheio e não posso atirar pedras simplesmente por defender a minha ideologia e o meu pensar.
Se me permitem um parêntese, aos dezenove anos uma saudosa prima que estava grávida de um menino saudável, recebeu o lamentável comunicado médico de que sua gestação deveria ser interrompida porque havia risco de morte para ela em decorrência do parto. Nobre que era, guardou para si, compartilhando apenas com a mãe, sua situação, preferiu gestar o filhinho que amou desde a concepção, o resultado trágico foi sua morte prematura logo após o nascimento de seu rebentinho, mas o valor de sua atitude apenas Deus pode mensurar.
Se Deus existe – e creio com toda minha alma que Ele existe – não é humano como nós. Pobres de nós! Ele conhece nossos corações, e então eu pergunto: De que adianta proibir a mulher se em seu coração o desejo maior é contrário à proibição? Acaso estará isenta de culpa por fazer algo que a lei obriga, sendo seu ânimo diverso?
Se até o juiz pode sentenciar o crime ponderando pelo dolo ou pela culpa, quanto mais Deus, que percorre as entranhas de nosso coração, vela por nossos sentimentos não saberá, de fato, o que pretendemos fazer? Não é a lei que o dirá, pois essa é uma questão de foro íntimo e merece todo nosso respeito.
Por isso, caríssimo leitor, penso que a decisão foi acertada. Claro que temo pela prerrogativa aberta ao aborto eugênico, e a outras formas de aborto que porventura venham a ser descriminalizadas, mas confio em Deus e sei que Ele tem um plano maior para tudo isso.
Ele nos deu liberdade de escolha, por que eu penso que posso minar a liberdade do outro? Quem somos nós para mensurar a condição da mulher que se encontra vitimada por semelhante tragédia humana? Só ela mesma saberá se é capaz de suportar sua cruz. Lei nenhuma terá o condão de transformar o interior de alguém, cada um sabe a dor que é capaz de suportar, e eu não atirarei pedras em ninguém, simplesmente porque seu pensamento difere do meu.
Acaso Deus, em sua infinita misericórdia, conhecedor de todas as nossas mazelas íntimas não saberá quem é merecedor ou não do seu perdão? E nós “Cristãos”, continuaremos atirando pedras??????
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Só para eu nunquinha me esquecer
NO DIA DOS NAMORADOS
Mamãe, eu te amo muito. Você é a mamãe mais linda do mundo inteiro. Amém.
-------------------------------------------------------------------------------
O GENEROSO
- Xi, o sol tá batendo no seu rosto de manhã, né filho?
- Pois é, mamãe, mas foi você que mudou minha cama de lugar.
- Você quer trocar de lugar, meu bem?
- Não, mãe, senão o sol vai bater no rosto do Vinícius de manhã.
-------------------------------------------------------------------------------
CHEIO DE AUTOESTIMA
Eu te amo, eu mesmo!
-------------------------------------------------------------------------------
O CRIATIVO
Samuel brincava com o priminho Gabriel na varanda, enquanto eu fazia o almoço de domingo.
Subitamente ele entrou na cozinha se acabando de dar risada:
- Mãe, Gabriel quebrou o fi-o-fó no chão... hahaha...
Surpresa com a palavra recém-descoberta, perguntei:
- Você sabe o que é fi-o-fó, menino?
- É a bunda, mãe, ele caiu de bunda no chão... hahaha... - ele gargalhava.
Notei que sua barriga estava com um risco vermelho, então perguntei:
- Você também se machucou, né? Que barriga vermelha é essa?
Ele parou de rir imediatamente e passou a examinar a si mesmo, de repente falou preocupado:
- Ué, parece que eu quebrei minha barriga-fó.
---------------------------------------------------------------------
O ENGRAÇADINHO
- Pai, hoje eu vi todos os meus coleguinhas indo embora.
- Como vc viu, Sam?
- Ué, vi com os olhos!
-------------------------------------------
O EXIGENTE
- Mãe, eu não gosto de queijo de rato, queijo de rato é horrível, só gosto desse queijinho cremoso aqui.
------------------------------------------
O ROMÂNTICO
- A lua é minha namorada.
-------------------------------------------
CONSCIÊNCIA FINANCEIRA
- Mãe, esse brinquedinho é caro ou barato?
- Baratinho, filho.
- Então eu quero.
------------------------------------------
CONSCIÊNCIA FINANCEIRA II
- Quem você acha mais bonita pra ficar comigo, Cris ou Janinha?
- Vc quem escolhe filho, as duas são bonitas.
- Então qual é a melhor?
- As duas são ótimas, Sam. Só que Cris tenho que pagar, Janinha não.
- Então eu quero Janinha.
-----------------------------------------
O MADURO
- Mãe, meu pai vai morrer e eu vou cuidar de você e do Vinícius.
-----------------------------------------
O MADURO II
- Mãe, quando você e meu pai morrerem eu vou cuidar do Vinícius. E quando eu morrer o Vinícius vai casar.
------------------------------------------
O APAIXONADO
- Mãe, eu te amo, mas quero que o meu pai venha me buscar na escola hoje.
-----------------------------------------
O APAIXONADO II
- Não quero dormir na casa de ninguém, só quero dormir aqui, porque senão eu vou sentir muitas saudades.
------------------------------------------
O NEGOCIANTE
- Mãe, compra um chocolate pra mim?
- Agora não.
- Então um chiclete.
- Ah, Sam, agora não, filho!
- Olha mãe, essa boquinha é bem legal! (um brinquedinho q parece uma dentadura)
- É Sam, mas é muito cara não vou comprar, tudo o que você vê você quer.
- Então compra um Kinder Ovo, ele é chocolate e brinquedo!
- Tá bom, Sam... você venceu! Moça, passa um Kinder Ovo também.
- Ai mãe, obrigado... Mas eu vou sentir tanta saudade daquela boquinha...
-------------------------------------------
Mamãe, eu te amo muito. Você é a mamãe mais linda do mundo inteiro. Amém.
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O GENEROSO
- Xi, o sol tá batendo no seu rosto de manhã, né filho?
- Pois é, mamãe, mas foi você que mudou minha cama de lugar.
- Você quer trocar de lugar, meu bem?
- Não, mãe, senão o sol vai bater no rosto do Vinícius de manhã.
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CHEIO DE AUTOESTIMA
Eu te amo, eu mesmo!
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O CRIATIVO
Samuel brincava com o priminho Gabriel na varanda, enquanto eu fazia o almoço de domingo.
Subitamente ele entrou na cozinha se acabando de dar risada:
- Mãe, Gabriel quebrou o fi-o-fó no chão... hahaha...
Surpresa com a palavra recém-descoberta, perguntei:
- Você sabe o que é fi-o-fó, menino?
- É a bunda, mãe, ele caiu de bunda no chão... hahaha... - ele gargalhava.
Notei que sua barriga estava com um risco vermelho, então perguntei:
- Você também se machucou, né? Que barriga vermelha é essa?
Ele parou de rir imediatamente e passou a examinar a si mesmo, de repente falou preocupado:
- Ué, parece que eu quebrei minha barriga-fó.
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O ENGRAÇADINHO
- Pai, hoje eu vi todos os meus coleguinhas indo embora.
- Como vc viu, Sam?
- Ué, vi com os olhos!
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O EXIGENTE
- Mãe, eu não gosto de queijo de rato, queijo de rato é horrível, só gosto desse queijinho cremoso aqui.
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O ROMÂNTICO
- A lua é minha namorada.
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CONSCIÊNCIA FINANCEIRA
- Mãe, esse brinquedinho é caro ou barato?
- Baratinho, filho.
- Então eu quero.
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CONSCIÊNCIA FINANCEIRA II
- Quem você acha mais bonita pra ficar comigo, Cris ou Janinha?
- Vc quem escolhe filho, as duas são bonitas.
- Então qual é a melhor?
- As duas são ótimas, Sam. Só que Cris tenho que pagar, Janinha não.
- Então eu quero Janinha.
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O MADURO
- Mãe, meu pai vai morrer e eu vou cuidar de você e do Vinícius.
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O MADURO II
- Mãe, quando você e meu pai morrerem eu vou cuidar do Vinícius. E quando eu morrer o Vinícius vai casar.
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O APAIXONADO
- Mãe, eu te amo, mas quero que o meu pai venha me buscar na escola hoje.
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O APAIXONADO II
- Não quero dormir na casa de ninguém, só quero dormir aqui, porque senão eu vou sentir muitas saudades.
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O NEGOCIANTE
- Mãe, compra um chocolate pra mim?
- Agora não.
- Então um chiclete.
- Ah, Sam, agora não, filho!
- Olha mãe, essa boquinha é bem legal! (um brinquedinho q parece uma dentadura)
- É Sam, mas é muito cara não vou comprar, tudo o que você vê você quer.
- Então compra um Kinder Ovo, ele é chocolate e brinquedo!
- Tá bom, Sam... você venceu! Moça, passa um Kinder Ovo também.
- Ai mãe, obrigado... Mas eu vou sentir tanta saudade daquela boquinha...
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terça-feira, 10 de abril de 2012
Mais um "causo" verídico do papai...
UMA ESMOLINHA...
Josilmar Pinheiro
Tem certas coisas que, pelo fato de serem engraçadas e surpreendentes, ficam na memória para sempre, ainda mais quando o que poderia ter sido uma lamentável tragédia, termina em hilariante comédia.
Há alguns anos, eu e minha esposa, aproveitando o clima fresco de um final de tarde em Taiobeiras, saímos para uma caminhada pelas ruas da cidade, a fim de espairecer e, ao mesmo tempo, espantar um pouco o sedentarismo, quando, no cruzamento da Av. São João com a Rua S. Vicente de Paulo assistimos a uma batida envolvendo um ciclista e um motorista. Uma pequena multidão de curiosos juntou-se de forma repentina no local do acidente. Só sei que a bicicleta ficou toda retorcida, o automóvel sofreu alguns leves amassados, mas, felizmente, o ciclista ficou ileso, tal qual o motorista. Enquanto todos ali presentes comentavam o ocorrido, tentando entender o fato que mais parecia com milagre, o ciclista ainda trêmulo, caminhava de um lado para o outro, coitado, certamente pensando na dimensão do perigo pelo qual acabara de passar.
Foi nesse momento que uma mulher, dessas que costumam perambular pelas ruas da cidade, pedindo esmolas, demonstrando estar completamente alheia ao que ali estava ocorrendo, cutucou o ciclista e disse: "Moço, me dá uma esmolinha..." Nesse instante o ciclista, com um misto de indignação e bom humor, olhou fixamente para a pedinte e disse: "Mulher, eu acabei de morrer aqui e já vem você me pedir esmola? Tenha dó!..."
Depois disso, todos os ali presentes começaram a dar gargalhadas e foram se dispersando...
Josilmar Pinheiro
Tem certas coisas que, pelo fato de serem engraçadas e surpreendentes, ficam na memória para sempre, ainda mais quando o que poderia ter sido uma lamentável tragédia, termina em hilariante comédia.
Há alguns anos, eu e minha esposa, aproveitando o clima fresco de um final de tarde em Taiobeiras, saímos para uma caminhada pelas ruas da cidade, a fim de espairecer e, ao mesmo tempo, espantar um pouco o sedentarismo, quando, no cruzamento da Av. São João com a Rua S. Vicente de Paulo assistimos a uma batida envolvendo um ciclista e um motorista. Uma pequena multidão de curiosos juntou-se de forma repentina no local do acidente. Só sei que a bicicleta ficou toda retorcida, o automóvel sofreu alguns leves amassados, mas, felizmente, o ciclista ficou ileso, tal qual o motorista. Enquanto todos ali presentes comentavam o ocorrido, tentando entender o fato que mais parecia com milagre, o ciclista ainda trêmulo, caminhava de um lado para o outro, coitado, certamente pensando na dimensão do perigo pelo qual acabara de passar.
Foi nesse momento que uma mulher, dessas que costumam perambular pelas ruas da cidade, pedindo esmolas, demonstrando estar completamente alheia ao que ali estava ocorrendo, cutucou o ciclista e disse: "Moço, me dá uma esmolinha..." Nesse instante o ciclista, com um misto de indignação e bom humor, olhou fixamente para a pedinte e disse: "Mulher, eu acabei de morrer aqui e já vem você me pedir esmola? Tenha dó!..."
Depois disso, todos os ali presentes começaram a dar gargalhadas e foram se dispersando...
terça-feira, 3 de abril de 2012
Primeira historinha do Samuel
Deitado na rede, Samuel brincava com o barquinho que veio no "kinder ovo" e distraído contou a seguinte historinha, que escrevo aqui tentando ser o mais fiel possível ao vocabulário dele:
"Era um dia chuvoso. O barquinho navegava pelo lindo oceano. Lá no fundo do mar havia um recife de corais. O barquinho começou a afundar até chegar naquele recife de corais. Lá havia uma estrela do mar que consertava barcos afundantes. A estrela consertou o barquinho e ele voltou a navegar feliz pelo lindo oceano."
"Era um dia chuvoso. O barquinho navegava pelo lindo oceano. Lá no fundo do mar havia um recife de corais. O barquinho começou a afundar até chegar naquele recife de corais. Lá havia uma estrela do mar que consertava barcos afundantes. A estrela consertou o barquinho e ele voltou a navegar feliz pelo lindo oceano."
quarta-feira, 28 de março de 2012
São João tá em cima
JOSILMAR PINHEIRO
Ainda na década de 1970 por estas bandas do norte de Minas as festas juninas eram comemoradas com inacreditável animação, envolvendo a todos numa alegria esfuziante, embalada nas danças típicas, nos foguetórios, nas fogueiras e nas comidas e bebidas tradicionais. Por este motivo, a noite de São João era, sem dúvida, a data mais esperada do ano, excetuando-se, evidentemente, o natal. Não havia uma casa em que não tivesse uma fogueira acesa, em torno da qual as pessoas se assentavam para se confraternizar, tomando quentão, comendo pipoca, canjica, etc.
Era tão importante a noite de 23 de junho, véspera do sonhado São João, que nos dias que a antecediam o volume de vendas no comércio aumentava significativamente, não só no ramo de fogos de artifícios, mas de alimentos, roupas, etc., porque todo mundo queria estar "bem na fita", como se diz hoje em dia.
Contava meu falecido sogro, Seu Felintro, homem das mil e uma profissões, dentre elas a de protético, e todas elas aprendidas de maneira empírica, diga-se de passagem, que um belo dia, em meados do mês de junho de um ano qualquer, inserido na década de 70, estava atendendo um cliente, vindo da zona rural, quando, no meio de uma animada prosa, o referido cliente soltou essa pérola: "Uma das coisas que eu vim fazer aqui na cidade, além desta dentadura, foi comprar uns tecidos pra minha muié fazer umas roupa pras minhas filhas, porque elas tá tudo pelada e o São João tá em cima..."
Ainda na década de 1970 por estas bandas do norte de Minas as festas juninas eram comemoradas com inacreditável animação, envolvendo a todos numa alegria esfuziante, embalada nas danças típicas, nos foguetórios, nas fogueiras e nas comidas e bebidas tradicionais. Por este motivo, a noite de São João era, sem dúvida, a data mais esperada do ano, excetuando-se, evidentemente, o natal. Não havia uma casa em que não tivesse uma fogueira acesa, em torno da qual as pessoas se assentavam para se confraternizar, tomando quentão, comendo pipoca, canjica, etc.
Era tão importante a noite de 23 de junho, véspera do sonhado São João, que nos dias que a antecediam o volume de vendas no comércio aumentava significativamente, não só no ramo de fogos de artifícios, mas de alimentos, roupas, etc., porque todo mundo queria estar "bem na fita", como se diz hoje em dia.
Contava meu falecido sogro, Seu Felintro, homem das mil e uma profissões, dentre elas a de protético, e todas elas aprendidas de maneira empírica, diga-se de passagem, que um belo dia, em meados do mês de junho de um ano qualquer, inserido na década de 70, estava atendendo um cliente, vindo da zona rural, quando, no meio de uma animada prosa, o referido cliente soltou essa pérola: "Uma das coisas que eu vim fazer aqui na cidade, além desta dentadura, foi comprar uns tecidos pra minha muié fazer umas roupa pras minhas filhas, porque elas tá tudo pelada e o São João tá em cima..."
domingo, 25 de março de 2012
Roleiro
JOSILMAR PINHEIRO
Há pessoas que se comunicam com palavras nem sempre corretas, do ponto de vista semântico, mas também há aquelas que as interpretam, encontrando o sentido que se quer dar, ainda que soe esquisito e provoque risos.
Lembro-me de um uma noite, há alguns anos, eu estava no Bar do Seu Cindo, onde costumava ir para tomar uma cervejinha antes do jantar. Ali, eu conseguia relaxar, conversando com o dono do estabelecimento sobre os mais variados assuntos, depois de um cansativo dia de trabalho.
De um momento para outro, entra no estabelecimento, que também é uma mercearia, uma senhora de aparência humilde, que vai logo perguntando: "Seu Cindo aqui tem roleiro?" Ele, com ar meio estupefato, respondeu: "eu não sei o que é isso, você pode explicar o que é?" Aí, a senhora, calmamente, deu a explicação: " roleiro é aquele negócio que os homi usam para não engravidar as muié..." Então, Seu Cindo matou a charada e completou: "Você quer comprar camisinha, não é?... Mas aqui eu não vendo essa mercadoria, não. Tá bom? "Tá bom", disse a freguesa e foi saindo.
A essas alturas, eu já estava lá fora rachando de rir, sem deixar que percebessem o motivo e, assim que a mulher saiu, eu voltei para continuar o "papo", encontrando Seu Cindo também dando risada. Nesse instante, eu comentei: Ora, faz sentido o que freguesa falou, pois assim como existem joelheira, cotoveleira, tornozeleira, bem que poderia existir o roleiro que ela tanto queria...
Há pessoas que se comunicam com palavras nem sempre corretas, do ponto de vista semântico, mas também há aquelas que as interpretam, encontrando o sentido que se quer dar, ainda que soe esquisito e provoque risos.
Lembro-me de um uma noite, há alguns anos, eu estava no Bar do Seu Cindo, onde costumava ir para tomar uma cervejinha antes do jantar. Ali, eu conseguia relaxar, conversando com o dono do estabelecimento sobre os mais variados assuntos, depois de um cansativo dia de trabalho.
De um momento para outro, entra no estabelecimento, que também é uma mercearia, uma senhora de aparência humilde, que vai logo perguntando: "Seu Cindo aqui tem roleiro?" Ele, com ar meio estupefato, respondeu: "eu não sei o que é isso, você pode explicar o que é?" Aí, a senhora, calmamente, deu a explicação: " roleiro é aquele negócio que os homi usam para não engravidar as muié..." Então, Seu Cindo matou a charada e completou: "Você quer comprar camisinha, não é?... Mas aqui eu não vendo essa mercadoria, não. Tá bom? "Tá bom", disse a freguesa e foi saindo.
A essas alturas, eu já estava lá fora rachando de rir, sem deixar que percebessem o motivo e, assim que a mulher saiu, eu voltei para continuar o "papo", encontrando Seu Cindo também dando risada. Nesse instante, eu comentei: Ora, faz sentido o que freguesa falou, pois assim como existem joelheira, cotoveleira, tornozeleira, bem que poderia existir o roleiro que ela tanto queria...
quinta-feira, 22 de março de 2012
Reminiscências - Coisas do futebol
JOSILMAR PINHEIRO (meu papai)
Hoje, sem saber como e porque, comecei a relembrar fatos a que tive a oportunidade de testemunhar na minha já extensa (graças a Deus!) existência.
Voltei meu pensamento lá nos anos sessenta e, como num filme, vi passarem as cenas que a seguir descreverei: Estava eu numa tarde de domingo assistindo a uma partida de futebol no campo do "JK". Era a única diversão dos fins de semana em Taiobeiras naquela época e por isso havia muita gente ali, em volta daquele campinho de terra para se divertir com o jogo amistoso entre as equipes do JKFC e do Tingui, time da zona rural.
Como era de praxe - e até hoje ainda é - as torcidas costumavam amontoar-se atrás dos gols adversários, para "zoar" os goleiros, com o claro objetivo de desestabilizá-los emocionalmente. Nesse episódio em especial, como não havia sequer redes nos gols, as torcidas estavam muito próximas dos goleiros, chegando até a invadir a linha demarcatória e, às vezes tocando os goleiros com as mãos, para deixá-los nervosos.
Foi quando, de repente, o goleiro do Tingui, cego de raiva, não suportando tanta pressão, resolveu desferir um murro meio sem direção, vindo a acertar no peito um torcedor conhecido na cidade por "Dema do calçamento". Puxa vida! O pobre goleiro não sabia o que lhe esperava. Antes que o desafortunado arqueiro pudesse pensar, recebeu um violento soco, que lhe acertou o "pomo de Adão", ou seja a região do gogó. Desesperado, correu na direção do centro do campo gritando com uma voz que alternava entre o grave e o agudo: "água, água! Ai, minha gar... goela! Ai, minha gar.. goela!
Rapidamente, alguém correu até uma casa vizinha e trouxe água numa vasilha feita de lata de óleo de cozinha (lembro-me até da marca Mariflor inscrita na lata). Depois de beber muita água vinda do pote da vizinha, o infeliz goleiro, já calmo e tranquilo disse a seguinte frase, que fez todo mundo rir: "eu tava bebeno essa água, mas parecia que ela tava passano por fora da minha goela..."
Hoje, sem saber como e porque, comecei a relembrar fatos a que tive a oportunidade de testemunhar na minha já extensa (graças a Deus!) existência.
Voltei meu pensamento lá nos anos sessenta e, como num filme, vi passarem as cenas que a seguir descreverei: Estava eu numa tarde de domingo assistindo a uma partida de futebol no campo do "JK". Era a única diversão dos fins de semana em Taiobeiras naquela época e por isso havia muita gente ali, em volta daquele campinho de terra para se divertir com o jogo amistoso entre as equipes do JKFC e do Tingui, time da zona rural.
Como era de praxe - e até hoje ainda é - as torcidas costumavam amontoar-se atrás dos gols adversários, para "zoar" os goleiros, com o claro objetivo de desestabilizá-los emocionalmente. Nesse episódio em especial, como não havia sequer redes nos gols, as torcidas estavam muito próximas dos goleiros, chegando até a invadir a linha demarcatória e, às vezes tocando os goleiros com as mãos, para deixá-los nervosos.
Foi quando, de repente, o goleiro do Tingui, cego de raiva, não suportando tanta pressão, resolveu desferir um murro meio sem direção, vindo a acertar no peito um torcedor conhecido na cidade por "Dema do calçamento". Puxa vida! O pobre goleiro não sabia o que lhe esperava. Antes que o desafortunado arqueiro pudesse pensar, recebeu um violento soco, que lhe acertou o "pomo de Adão", ou seja a região do gogó. Desesperado, correu na direção do centro do campo gritando com uma voz que alternava entre o grave e o agudo: "água, água! Ai, minha gar... goela! Ai, minha gar.. goela!
Rapidamente, alguém correu até uma casa vizinha e trouxe água numa vasilha feita de lata de óleo de cozinha (lembro-me até da marca Mariflor inscrita na lata). Depois de beber muita água vinda do pote da vizinha, o infeliz goleiro, já calmo e tranquilo disse a seguinte frase, que fez todo mundo rir: "eu tava bebeno essa água, mas parecia que ela tava passano por fora da minha goela..."
quarta-feira, 21 de março de 2012
Fragilidade da vida
Cyntia Pinheiro
A família CELF* está de luto. A colega Lane Lafetah sofreu um grave acidente e perdeu a vida na noite de 19 de março de 2012. Voltava de Bocaiúva depois de um dia de trabalho.
Mas quem era Lane? Uma menina sorridente, e que sorriso lindo! Tinha um cabelão liso, farto, de dar inveja a qualquer moça da mesma idade. Flautista talentosa, professora reservada, escritora competente, uma menina sonhadora e cheia de planos, era assim que eu a via.
E foi um baita susto o que aconteceu. Ver seu rosto desfigurado no caixão, machucada, impossibilitada de um gesto qualquer, me fez refletir sobre a fragilidade da vida.
Então um caminhoneiro imprudente em alta velocidade, descendo uma serra perigosa em noite de chuva, ultrapassando em local proibido, vem e mata dois, fere treze e fica impune. Como assim?
Com que direito ele deixa uma família sem seu pai e uma jovem mãe sem sua filha? Ele não matou duas pessoas naquela noite, ele dilacerou duas famílias inteiras e "foi liberado"... Simples assim. Resta-nos a confiança nos desígnios divinos, pois só Deus pode consolar e abrandar a revolta que a impunidade gera.
Mas Lane está bem. É para uma linda praça onde a música não para jamais que os músicos vão. Fazer conjecturas quanto à imprudência humana é desperdício de tempo. A certeza de que a vida não termina é alento, acreditar num propósito divino é sublime.
E a música do céu vai ficando mais melodiosa com a flauta de Lane, a luminosidade das estrelas ganha um reforço extra com o brilho inexorável de seu sorriso, e a vida abreviada numa curva fatal ganha um novo sopro em horizontes mais leves, onde a maldade humana jamais pode alcançar.
E ela segue sorrindo para um destino feliz que Deus lhe preparou, nós ficamos com a lembrança linda da bondade do seu olhar...
* Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez.
A família CELF* está de luto. A colega Lane Lafetah sofreu um grave acidente e perdeu a vida na noite de 19 de março de 2012. Voltava de Bocaiúva depois de um dia de trabalho.
Mas quem era Lane? Uma menina sorridente, e que sorriso lindo! Tinha um cabelão liso, farto, de dar inveja a qualquer moça da mesma idade. Flautista talentosa, professora reservada, escritora competente, uma menina sonhadora e cheia de planos, era assim que eu a via.
E foi um baita susto o que aconteceu. Ver seu rosto desfigurado no caixão, machucada, impossibilitada de um gesto qualquer, me fez refletir sobre a fragilidade da vida.
Então um caminhoneiro imprudente em alta velocidade, descendo uma serra perigosa em noite de chuva, ultrapassando em local proibido, vem e mata dois, fere treze e fica impune. Como assim?
Com que direito ele deixa uma família sem seu pai e uma jovem mãe sem sua filha? Ele não matou duas pessoas naquela noite, ele dilacerou duas famílias inteiras e "foi liberado"... Simples assim. Resta-nos a confiança nos desígnios divinos, pois só Deus pode consolar e abrandar a revolta que a impunidade gera.
Mas Lane está bem. É para uma linda praça onde a música não para jamais que os músicos vão. Fazer conjecturas quanto à imprudência humana é desperdício de tempo. A certeza de que a vida não termina é alento, acreditar num propósito divino é sublime.
E a música do céu vai ficando mais melodiosa com a flauta de Lane, a luminosidade das estrelas ganha um reforço extra com o brilho inexorável de seu sorriso, e a vida abreviada numa curva fatal ganha um novo sopro em horizontes mais leves, onde a maldade humana jamais pode alcançar.
E ela segue sorrindo para um destino feliz que Deus lhe preparou, nós ficamos com a lembrança linda da bondade do seu olhar...
* Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez.
terça-feira, 13 de março de 2012
13 de março
Cyntia Pinheiro
Em um 13 de março aí, há cerca de 20 anos (e isso me faz pensar que estou envelhecendo), a adolescente quis fazer o seu próprio bolo.
Arranjou uma receita, juntou os ingredientes, bateu com um garfo - ninguém tinha batedeira na vizinhança - e fez o melhor que pôde.
A empregada ajudou a acender o forno do velho fogão de seis bocas, azul meio desbotado e, relativamente, eficiente.
Quarenta minutos depois o forno foi aberto e o bolo murchou - sempre fez muito frio naquelas Taiobeiras - mesmo assim a jovem aprendiz, insistiu em recuperá-lo, mesmo "solado" e considerado fora do padrão de qualidade para uma provável festinha logo mais, a iguaria festiva foi para a mesa aguardar o leite condensado de cobertura.
Era assim mesmo, uma lata inteira despejada sem nenhum preparo prévio, apenas o leite condensado sobre o bolo - meio solado - e havia motivo suficiente para convidar a vizinhança para os parabéns às sete da noite.
Mas a mãe chegou e viu o bolo feio, "malacabado" e totalmente sem graça em cima da mesa. Quis consertar para que ele ficasse pelo menos apresentável quando a meia dúzia de convidados chegasse.
Não vacilou, abriu a despensa e pegou logo um saquinho do tradicional "Q-suco" sabor morango e despejou em cima do leite condensado.
A adolescente não aprovou a ajuda materna, mas também não reclamou, o bolo continuou feio, mas pelo menos agora tinha uma cor.
Chegaram os convidados, doze balões coloridos enfeitavam a parede, uma vela branca tradicional estava enfiada no bolo fracassado, os outros "Q-suco" sabor morango foram preparados e servidos, pipoca rolou solta na "festinha" e então, apagaram-se as luzes e um parabéns tocado ao violão foi cantado por todos.
A aniversariante estava feliz. Partiu o bolo e ficou em dúvida quanto à quem ofertaria o primeiro pedaço. Evitando desapontar o pai ou a mãe, ofereceu para a avó - ainda bem que a outra avó não tinha ido à festa, ela pensou.
Todos comeram o bolo de forma bem suspeita. Alguns faziam careta, pois o "Q-suco" azedou tudo. Não parecia saboroso. E não estava. Fato.
A prima mais íntima até hoje caçoa o bolo de "Q-suco". Bom ou ruim, ele foi inesquecível!
Em um 13 de março aí, há cerca de 20 anos (e isso me faz pensar que estou envelhecendo), a adolescente quis fazer o seu próprio bolo.
Arranjou uma receita, juntou os ingredientes, bateu com um garfo - ninguém tinha batedeira na vizinhança - e fez o melhor que pôde.
A empregada ajudou a acender o forno do velho fogão de seis bocas, azul meio desbotado e, relativamente, eficiente.
Quarenta minutos depois o forno foi aberto e o bolo murchou - sempre fez muito frio naquelas Taiobeiras - mesmo assim a jovem aprendiz, insistiu em recuperá-lo, mesmo "solado" e considerado fora do padrão de qualidade para uma provável festinha logo mais, a iguaria festiva foi para a mesa aguardar o leite condensado de cobertura.
Era assim mesmo, uma lata inteira despejada sem nenhum preparo prévio, apenas o leite condensado sobre o bolo - meio solado - e havia motivo suficiente para convidar a vizinhança para os parabéns às sete da noite.
Mas a mãe chegou e viu o bolo feio, "malacabado" e totalmente sem graça em cima da mesa. Quis consertar para que ele ficasse pelo menos apresentável quando a meia dúzia de convidados chegasse.
Não vacilou, abriu a despensa e pegou logo um saquinho do tradicional "Q-suco" sabor morango e despejou em cima do leite condensado.
A adolescente não aprovou a ajuda materna, mas também não reclamou, o bolo continuou feio, mas pelo menos agora tinha uma cor.
Chegaram os convidados, doze balões coloridos enfeitavam a parede, uma vela branca tradicional estava enfiada no bolo fracassado, os outros "Q-suco" sabor morango foram preparados e servidos, pipoca rolou solta na "festinha" e então, apagaram-se as luzes e um parabéns tocado ao violão foi cantado por todos.
A aniversariante estava feliz. Partiu o bolo e ficou em dúvida quanto à quem ofertaria o primeiro pedaço. Evitando desapontar o pai ou a mãe, ofereceu para a avó - ainda bem que a outra avó não tinha ido à festa, ela pensou.
Todos comeram o bolo de forma bem suspeita. Alguns faziam careta, pois o "Q-suco" azedou tudo. Não parecia saboroso. E não estava. Fato.
A prima mais íntima até hoje caçoa o bolo de "Q-suco". Bom ou ruim, ele foi inesquecível!
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
A dor do crescimento
Cyntia Pinheiro
Dizem que crescer dói. Mas não sou a pessoa mais indicada para confirmar tal afirmativa porque crescer não é exatamente a minha especialidade, já que não passei de um metro e meio de estatura.
Quando minhas perninhas doíam - e eu era uma criança bem cheia de energia - minha mãe sempre dizia que era a dor do crescimento. Elas doeram várias vezes, mas eu não cresci na mesma proporção, por isso deixei de acreditar que crescer, fisicamente, dói.
Mas é claro que crescer - em sentido mais abrangente - dói. E dói pra valer! Nos campos afetivo, emocional, psicológico e social é onde mais dói. Para constatar isso não é necessário ser especialista, basta ser humano.
Meus filhos estão crescendo, Samuel já tem cinco anos, é o baixinho da turma - bem coerente à sua herança genética - mas tem demonstrado um saboroso crescimento em todos os aspectos da vida.
Outro dia me disse preocupado: "Mãe, eu não quero crescer."
E eu fui logo perguntando curiosa: "Por que não, filho?"
Para minha surpresa a resposta foi: "Porque se eu crescer minha mão vai ficar muito grande pra segurar esse carrinho."
Achei muito interessante a preocupação do meu pequenino, bem legítima aliás , afinal, ele ama os carrinhos miúdos e ter mãos grandes é inviável para esse tipo de brincadeira, segurar o carrinho pequeno é, para ele, como segurar a própria infância. Mas ele sabe que está crescendo, e isso realmente o assusta.
No feriado de carnaval, na casa da vovó, mordeu uma espiga de milho e o dentinho inferior da frente doeu. Veio me mostrar e constatei: "Está mole, parabéns filho! Vai ganhar um dente novo." Novamente a surpresa, ele ficou apavorado com a ideia de ficar banguela, com a ideia de ganhar um dente grande - coisa de gente grande - chorou inconsolável por uns dez minutos e não quis que eu contasse isso a ninguém.
Nem a ideia de ganhar presente ou moedinha trazida pela "fada do dente" o fez ficar feliz! Isso pouco importa, ele quer mesmo é continuar criança, "feito Peter Pan" como ele mesmo diz...
Mas diz cada coisa que só me faz constatar: por mais que não cresça na estatura como nós gostaríamos, cresce dia após dia na maturidade linda de criança esperta e sagaz! Ao mesmo tempo preserva nos olhinhos a beleza de uma infância que só vai embora quando a hora chegar, meio escapulida das mãos, meio sem ter outro jeito, contanto que se vá, mas deixe ficar para sempre a felicidade nesse coraçãozinho puro que amamos tanto!
Seja feliz, meu anjo lindo! Crescendo... sem deixar de ser menino!
Dizem que crescer dói. Mas não sou a pessoa mais indicada para confirmar tal afirmativa porque crescer não é exatamente a minha especialidade, já que não passei de um metro e meio de estatura.
Quando minhas perninhas doíam - e eu era uma criança bem cheia de energia - minha mãe sempre dizia que era a dor do crescimento. Elas doeram várias vezes, mas eu não cresci na mesma proporção, por isso deixei de acreditar que crescer, fisicamente, dói.
Mas é claro que crescer - em sentido mais abrangente - dói. E dói pra valer! Nos campos afetivo, emocional, psicológico e social é onde mais dói. Para constatar isso não é necessário ser especialista, basta ser humano.
Meus filhos estão crescendo, Samuel já tem cinco anos, é o baixinho da turma - bem coerente à sua herança genética - mas tem demonstrado um saboroso crescimento em todos os aspectos da vida.
Outro dia me disse preocupado: "Mãe, eu não quero crescer."
E eu fui logo perguntando curiosa: "Por que não, filho?"
Para minha surpresa a resposta foi: "Porque se eu crescer minha mão vai ficar muito grande pra segurar esse carrinho."
Achei muito interessante a preocupação do meu pequenino, bem legítima aliás , afinal, ele ama os carrinhos miúdos e ter mãos grandes é inviável para esse tipo de brincadeira, segurar o carrinho pequeno é, para ele, como segurar a própria infância. Mas ele sabe que está crescendo, e isso realmente o assusta.
No feriado de carnaval, na casa da vovó, mordeu uma espiga de milho e o dentinho inferior da frente doeu. Veio me mostrar e constatei: "Está mole, parabéns filho! Vai ganhar um dente novo." Novamente a surpresa, ele ficou apavorado com a ideia de ficar banguela, com a ideia de ganhar um dente grande - coisa de gente grande - chorou inconsolável por uns dez minutos e não quis que eu contasse isso a ninguém.
Nem a ideia de ganhar presente ou moedinha trazida pela "fada do dente" o fez ficar feliz! Isso pouco importa, ele quer mesmo é continuar criança, "feito Peter Pan" como ele mesmo diz...
Mas diz cada coisa que só me faz constatar: por mais que não cresça na estatura como nós gostaríamos, cresce dia após dia na maturidade linda de criança esperta e sagaz! Ao mesmo tempo preserva nos olhinhos a beleza de uma infância que só vai embora quando a hora chegar, meio escapulida das mãos, meio sem ter outro jeito, contanto que se vá, mas deixe ficar para sempre a felicidade nesse coraçãozinho puro que amamos tanto!
Seja feliz, meu anjo lindo! Crescendo... sem deixar de ser menino!
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Assim você me mata...
Cyntia Pinheiro
E o casamento pede socorro. Sim, mídia, assim você o mata. Hoje, antigos valores são tratados como se banalidades fossem. Diariamente a imprensa trata do casamento, mas trata de forma muito negativa, como se fosse algo ruim, prejudicial às necessidades - animalescas - da raça humana.
Ontem, 11 de fevereiro de 2012, a imprensa noticiou em tom quase festivo o divórcio do cantor Michel Teló, cuja música(?) de apenas quatro acordes "Ai se eu te pego", teria sido uma das razões para o fim do casamento com a dentista "Ana Carolina". É o preço da fama e do sucesso.
Um importante jornal do horário nobre disparou mais ou menos assim: confirmado o fim do casamento do músico Michel Teló que agora é considerado o mais novo "bom partido" do mundo das celebridades.
Sinto que tal informação soa quase como um convite para as fãs do cantor, como quem diz: Vamos, garotas, comecem a formar a fila, porque o rei do "ai se eu te pego" está pronto para "pegar geral". E então, reforça-se a banalização do matrimônio, como se quem se separasse não tivesse sentimentos, como se um divórcio - por ser consensual - não fosse sofrido, como se o casamento não fosse nada além de um contrato que pode ser rasgado e cada um vai viver como bem entende, adquirindo uma instantânea amnésia em que o outro já não representa mais nada.
Não conheço o casal em questão, e confesso que para escrever esse texto tive que pesquisar sobre esse cantor, o Michel Teló. Involuntariamente já ouvi trechos da sua música (?) que pelo jeito faz um sucesso estrondoso no Brasil e no mundo, não sei quase nada sobre ele, mas imagino que qualquer pessoa, sendo gente de carne e osso, possui sentimentos e duvido que o referido casal seja desprovido deles.
É lamentável que o preço do sucesso seja tão alto, o submundo (com o perdão da palavra) das celebridades está recheado de histórias semelhantes, a mídia pinta com cores vivas o divórcio de alguém como sendo carta de alforria, casam-se dúzias de vezes e separam-se na mesma proporção, filhos são trazidos ao mundo de forma irresponsável, um dia com um marido, no outro com outro e poucos meses depois já é um terceiro... e assim vai... a coisa vai perdendo o sentido.
Casamento duradouro é para poucos, recentemente tivemos a felicidade de apreciar a história de amor do casal centenário Sr. Izalino e D. Elvira Miranda, lá da minha terra, meus vizinhos de frente, que fizeram as - consideradas raríssimas - bodas de carvalho! Oitenta anos de vida conjugal, família unida, exemplo de dignidade e de felicidade para todo o Brasil, exibido no fantástico no dia 15 de janeiro de 2012, disso sim me orgulho.
Puxa vida! Ninguém é obrigado a estar casado se está infeliz, mas também não é porque o "cara" se separou que está "pronto pra outra", na minha terra costumamos dizer: espera pelo menos o defunto esfriar...
Deixe a vida acontecer, deixe o barco correr, deixe os sentimentos se abrandarem, porque o rio segue seu curso, assim como os corações seguem seus destinos.
E viva o casamento! Sempre!
P.S.: Ontem também completamos oito anos de casados, e sim, estamos muito felizes juntos! Com a graça de Deus!
E o casamento pede socorro. Sim, mídia, assim você o mata. Hoje, antigos valores são tratados como se banalidades fossem. Diariamente a imprensa trata do casamento, mas trata de forma muito negativa, como se fosse algo ruim, prejudicial às necessidades - animalescas - da raça humana.
Ontem, 11 de fevereiro de 2012, a imprensa noticiou em tom quase festivo o divórcio do cantor Michel Teló, cuja música(?) de apenas quatro acordes "Ai se eu te pego", teria sido uma das razões para o fim do casamento com a dentista "Ana Carolina". É o preço da fama e do sucesso.
Um importante jornal do horário nobre disparou mais ou menos assim: confirmado o fim do casamento do músico Michel Teló que agora é considerado o mais novo "bom partido" do mundo das celebridades.
Sinto que tal informação soa quase como um convite para as fãs do cantor, como quem diz: Vamos, garotas, comecem a formar a fila, porque o rei do "ai se eu te pego" está pronto para "pegar geral". E então, reforça-se a banalização do matrimônio, como se quem se separasse não tivesse sentimentos, como se um divórcio - por ser consensual - não fosse sofrido, como se o casamento não fosse nada além de um contrato que pode ser rasgado e cada um vai viver como bem entende, adquirindo uma instantânea amnésia em que o outro já não representa mais nada.
Não conheço o casal em questão, e confesso que para escrever esse texto tive que pesquisar sobre esse cantor, o Michel Teló. Involuntariamente já ouvi trechos da sua música (?) que pelo jeito faz um sucesso estrondoso no Brasil e no mundo, não sei quase nada sobre ele, mas imagino que qualquer pessoa, sendo gente de carne e osso, possui sentimentos e duvido que o referido casal seja desprovido deles.
É lamentável que o preço do sucesso seja tão alto, o submundo (com o perdão da palavra) das celebridades está recheado de histórias semelhantes, a mídia pinta com cores vivas o divórcio de alguém como sendo carta de alforria, casam-se dúzias de vezes e separam-se na mesma proporção, filhos são trazidos ao mundo de forma irresponsável, um dia com um marido, no outro com outro e poucos meses depois já é um terceiro... e assim vai... a coisa vai perdendo o sentido.
Casamento duradouro é para poucos, recentemente tivemos a felicidade de apreciar a história de amor do casal centenário Sr. Izalino e D. Elvira Miranda, lá da minha terra, meus vizinhos de frente, que fizeram as - consideradas raríssimas - bodas de carvalho! Oitenta anos de vida conjugal, família unida, exemplo de dignidade e de felicidade para todo o Brasil, exibido no fantástico no dia 15 de janeiro de 2012, disso sim me orgulho.
Puxa vida! Ninguém é obrigado a estar casado se está infeliz, mas também não é porque o "cara" se separou que está "pronto pra outra", na minha terra costumamos dizer: espera pelo menos o defunto esfriar...
Deixe a vida acontecer, deixe o barco correr, deixe os sentimentos se abrandarem, porque o rio segue seu curso, assim como os corações seguem seus destinos.
E viva o casamento! Sempre!
P.S.: Ontem também completamos oito anos de casados, e sim, estamos muito felizes juntos! Com a graça de Deus!
sábado, 4 de fevereiro de 2012
A vovó
Cyntia Pinheiro
A chegada do Vinícius poderia ser contada em vários capítulos, porque foi um momento muito especial para nós, mas nada se compara à atuação da vovó Fia que esteve conosco o tempo todo.
Uma mulher à frente do seu tempo, a Sra. Daitelinta (para nós apenas vovó Fia), dedicou 33 anos de sua vida aos correios, e coloca dedicação nisso, se orgulha em contar que jamais faltou ao trabalho ou se atrasou. Mulher forte, não é muito ligada aos próprios problemas, ao contrário, está sempre pronta a resolver os problemas de todos a sua volta, ainda que se anule para isso.
Lamber selos? Ela sabe bem, mas não é só, também sabe lamber a cria. Mesmo com uma chaga aberta na perna por causa de uma queimadura arranjada uns dias antes do meu parto, ela veio receber meu rebentinho com uma dedicação sem tamanho. Chegou no sábado e tomou conta de tudo. Trouxe cinco frangos do próprio quintal, já abatidos para eu comer pirão - tradição na minha terra.
Cuidou de Samuel quando estive internada, cuidou da minha casa com esmero e arranjou tempo para cuidar de mim também no hospital. Meu pai - coisa linda - que também se mudou para cá naqueles dez dias inesquecíveis preparou cartazes com "vivas" e "boas vindas" para mim e Vinícius, comprou uma poltrona confortabilíssima para eu amamentar e assistiu de pertinho cada momento nosso.
Meus pais foram - e sempre serão - essenciais. Minha mãe foi indescritível. Cuidou com perfeição do nosso bebê, tratou do umbigo, deu banho, trocou fraldas, colocou para arrotar e, ainda, esquentou uma batata para minhas costas doloridas, fez o pirão delicioso, levou café na cama, limpou, arrumou, se entregou de corpo e alma nessa tarefa de ser vovó.
Nem todas as parturientes têm a sorte que eu tive, pois já não se fazem mais vovós como antigamente, a minha, embora muito jovem, é vovó à moda antiga, tal qual eu pretendo ser um dia - se essa graça Deus me conceder - e só posso me orgulhar e agradecer por esses pais perfeitos, que são amigos, companheiros e muito presentes!
Foram dez dias inesquecíveis, já estamos com saudades.
A chegada do Vinícius poderia ser contada em vários capítulos, porque foi um momento muito especial para nós, mas nada se compara à atuação da vovó Fia que esteve conosco o tempo todo.
Uma mulher à frente do seu tempo, a Sra. Daitelinta (para nós apenas vovó Fia), dedicou 33 anos de sua vida aos correios, e coloca dedicação nisso, se orgulha em contar que jamais faltou ao trabalho ou se atrasou. Mulher forte, não é muito ligada aos próprios problemas, ao contrário, está sempre pronta a resolver os problemas de todos a sua volta, ainda que se anule para isso.
Lamber selos? Ela sabe bem, mas não é só, também sabe lamber a cria. Mesmo com uma chaga aberta na perna por causa de uma queimadura arranjada uns dias antes do meu parto, ela veio receber meu rebentinho com uma dedicação sem tamanho. Chegou no sábado e tomou conta de tudo. Trouxe cinco frangos do próprio quintal, já abatidos para eu comer pirão - tradição na minha terra.
Cuidou de Samuel quando estive internada, cuidou da minha casa com esmero e arranjou tempo para cuidar de mim também no hospital. Meu pai - coisa linda - que também se mudou para cá naqueles dez dias inesquecíveis preparou cartazes com "vivas" e "boas vindas" para mim e Vinícius, comprou uma poltrona confortabilíssima para eu amamentar e assistiu de pertinho cada momento nosso.
Meus pais foram - e sempre serão - essenciais. Minha mãe foi indescritível. Cuidou com perfeição do nosso bebê, tratou do umbigo, deu banho, trocou fraldas, colocou para arrotar e, ainda, esquentou uma batata para minhas costas doloridas, fez o pirão delicioso, levou café na cama, limpou, arrumou, se entregou de corpo e alma nessa tarefa de ser vovó.
Nem todas as parturientes têm a sorte que eu tive, pois já não se fazem mais vovós como antigamente, a minha, embora muito jovem, é vovó à moda antiga, tal qual eu pretendo ser um dia - se essa graça Deus me conceder - e só posso me orgulhar e agradecer por esses pais perfeitos, que são amigos, companheiros e muito presentes!
Foram dez dias inesquecíveis, já estamos com saudades.
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