Fico pensando na
relativa rapidez com que ocorrem as mudanças na forma das pessoas se
expressarem. É impressionante observar como as palavras desaparecem do
linguajar do povo, dando lugar a novos vocábulos, sendo que algumas palavras persistem
em continuar no vocabulário popular.
Eu que pertenço a
geração que sofreu uma verdadeira revolução na música, na moda, etc., às vezes penso no turbilhão de gírias que
surgiram na minha juventude, impulsionadas pelos ídolos da música, como Roberto
Carlos, que até hoje gosta de tratar as pessoas de sua convivência, de forma
carinhosa, usando as expressões: "é isso aí, bicho!" , "são
muitas emoções, bicho"...
Não tenho a pretensão de
fazer uma análise detalhada das influências sofridas pela nossa língua pátria
ao longo dos tempos, até porque não tenho o preparo necessário para isso. O que
na verdade desejo é expor fatos pitorescos a que tive oportunidade de
presenciar e que achei engraçados, pela forma inusitada como aconteceram.
Lá pelos anos 80, o
Grupo de Jovens Beija-Flor, entidade ligada a religião católica, todos os anos,
durante as comemorações da semana santa em Taiobeiras, encenava a peça teatral
referente à paixão e morte de Jesus Cristo. Eu sempre participei, na parte de
direção, com alguns pitacos.
Estava
eu sentado no meio da platéia que lotava o salão onde funcionava o Clube
Social, assistindo compenetrado ao
desenrolar da peça, que já se encaminhava para sua parte final, em que Jesus é
submetido a interrogatório. Usando o
palavreado erudito do texto bíblico, Pilatos, vira-se para Jesus e diz: "Tu és mesmo o filho de Deus?" E Jesus,
responde cabisbaixo: "Tu mesmo
o dizes".
Aproveitando-se
do intervalo que veio a seguir, um então jovem amigo que estava ao meu lado,
saiu com essa tirada: "Se fosse nesta época de hoje, Jesus, que era um
jovem revolucionário, teria respondido assim: " É isso aí, bicho!...' "
kkkkkkkkkkkk. Lembrei-me de um colega que me contou a história de uma garota que morava perto do sítio dele. A menina tentava usar gírias para parecer "urbana", mas não conseguia adequar o vocábulo ao contexto e cometia pérolas como cumprimentar meu colega dizendo "e aí galera..."
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