segunda-feira, 7 de maio de 2012

É isso aí, bicho!

Josilmar Batista Pinheiro



Fico pensando na relativa rapidez com que ocorrem as mudanças na forma das pessoas se expressarem. É impressionante observar como as palavras desaparecem do linguajar do povo, dando lugar a novos vocábulos, sendo que algumas palavras persistem em continuar no vocabulário popular.

Eu que pertenço a geração que sofreu uma verdadeira revolução na música, na moda, etc.,  às vezes penso no turbilhão de gírias que surgiram na minha juventude, impulsionadas pelos ídolos da música, como Roberto Carlos, que até hoje gosta de tratar as pessoas de sua convivência, de forma carinhosa, usando as expressões: "é isso aí, bicho!" , "são muitas emoções, bicho"...

Não tenho a pretensão de fazer uma análise detalhada das influências sofridas pela nossa língua pátria ao longo dos tempos, até porque não tenho o preparo necessário para isso. O que na verdade desejo é expor fatos pitorescos a que tive oportunidade de presenciar e que achei engraçados, pela forma inusitada como aconteceram.

Lá pelos anos 80, o Grupo de Jovens Beija-Flor, entidade ligada a religião católica, todos os anos, durante as comemorações da semana santa em Taiobeiras, encenava a peça teatral referente à paixão e morte de Jesus Cristo. Eu sempre participei, na parte de direção, com alguns pitacos.

Estava eu sentado no meio da platéia que lotava o salão onde funcionava o Clube Social, assistindo  compenetrado ao desenrolar da peça, que já se encaminhava para sua parte final, em que Jesus é submetido a  interrogatório. Usando o palavreado erudito do texto bíblico, Pilatos, vira-se para Jesus e diz: "Tu és mesmo o filho de Deus?"  E Jesus,  responde cabisbaixo: "Tu mesmo o dizes".

Aproveitando-se do intervalo que veio a seguir, um então jovem amigo que estava ao meu lado, saiu com essa tirada: "Se fosse nesta época de hoje, Jesus, que era um jovem revolucionário, teria respondido assim: " É isso aí, bicho!...' "

Um comentário:

  1. kkkkkkkkkkkk. Lembrei-me de um colega que me contou a história de uma garota que morava perto do sítio dele. A menina tentava usar gírias para parecer "urbana", mas não conseguia adequar o vocábulo ao contexto e cometia pérolas como cumprimentar meu colega dizendo "e aí galera..."

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