quarta-feira, 21 de março de 2012

Fragilidade da vida

Cyntia Pinheiro


A família CELF* está de luto. A colega Lane Lafetah sofreu um grave acidente e perdeu a vida na noite de 19 de março de 2012. Voltava de Bocaiúva depois de um dia de trabalho.

Mas quem era Lane? Uma menina sorridente, e que sorriso lindo! Tinha um cabelão liso, farto, de dar inveja a qualquer moça da mesma idade. Flautista talentosa, professora reservada, escritora competente, uma menina sonhadora e cheia de planos, era assim que eu a via.

E foi um baita susto o que aconteceu. Ver seu rosto desfigurado no caixão, machucada, impossibilitada de um gesto qualquer, me fez refletir sobre a fragilidade da vida.

Então um caminhoneiro imprudente em alta velocidade, descendo uma serra perigosa em noite de chuva, ultrapassando em local proibido, vem e mata dois, fere treze e fica impune. Como assim?

Com que direito ele deixa uma família sem seu pai e uma jovem mãe sem sua filha? Ele não matou duas pessoas naquela noite, ele dilacerou duas famílias inteiras e "foi liberado"... Simples assim. Resta-nos a confiança nos desígnios divinos, pois só Deus pode consolar e abrandar a revolta que a impunidade gera.

Mas Lane está bem. É para uma linda praça onde a música não para jamais que os músicos vão. Fazer conjecturas quanto à imprudência humana é desperdício de tempo. A certeza de que a vida não termina é alento, acreditar num propósito divino é sublime.

E a música do céu vai ficando mais melodiosa com a flauta de Lane, a luminosidade das estrelas ganha um reforço extra com o brilho inexorável de seu sorriso, e a vida abreviada numa curva fatal ganha um novo sopro em horizontes mais leves, onde a maldade humana jamais pode alcançar.

E ela segue sorrindo para um destino feliz que Deus lhe preparou, nós ficamos com a lembrança linda da bondade do seu olhar...




* Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez.

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