Cyntia Pinheiro
Dizem que crescer dói. Mas não sou a pessoa mais indicada para confirmar tal afirmativa porque crescer não é exatamente a minha especialidade, já que não passei de um metro e meio de estatura.
Quando minhas perninhas doíam - e eu era uma criança bem cheia de energia - minha mãe sempre dizia que era a dor do crescimento. Elas doeram várias vezes, mas eu não cresci na mesma proporção, por isso deixei de acreditar que crescer, fisicamente, dói.
Mas é claro que crescer - em sentido mais abrangente - dói. E dói pra valer! Nos campos afetivo, emocional, psicológico e social é onde mais dói. Para constatar isso não é necessário ser especialista, basta ser humano.
Meus filhos estão crescendo, Samuel já tem cinco anos, é o baixinho da turma - bem coerente à sua herança genética - mas tem demonstrado um saboroso crescimento em todos os aspectos da vida.
Outro dia me disse preocupado: "Mãe, eu não quero crescer."
E eu fui logo perguntando curiosa: "Por que não, filho?"
Para minha surpresa a resposta foi: "Porque se eu crescer minha mão vai ficar muito grande pra segurar esse carrinho."
Achei muito interessante a preocupação do meu pequenino, bem legítima aliás , afinal, ele ama os carrinhos miúdos e ter mãos grandes é inviável para esse tipo de brincadeira, segurar o carrinho pequeno é, para ele, como segurar a própria infância. Mas ele sabe que está crescendo, e isso realmente o assusta.
No feriado de carnaval, na casa da vovó, mordeu uma espiga de milho e o dentinho inferior da frente doeu. Veio me mostrar e constatei: "Está mole, parabéns filho! Vai ganhar um dente novo." Novamente a surpresa, ele ficou apavorado com a ideia de ficar banguela, com a ideia de ganhar um dente grande - coisa de gente grande - chorou inconsolável por uns dez minutos e não quis que eu contasse isso a ninguém.
Nem a ideia de ganhar presente ou moedinha trazida pela "fada do dente" o fez ficar feliz! Isso pouco importa, ele quer mesmo é continuar criança, "feito Peter Pan" como ele mesmo diz...
Mas diz cada coisa que só me faz constatar: por mais que não cresça na estatura como nós gostaríamos, cresce dia após dia na maturidade linda de criança esperta e sagaz! Ao mesmo tempo preserva nos olhinhos a beleza de uma infância que só vai embora quando a hora chegar, meio escapulida das mãos, meio sem ter outro jeito, contanto que se vá, mas deixe ficar para sempre a felicidade nesse coraçãozinho puro que amamos tanto!
Seja feliz, meu anjo lindo! Crescendo... sem deixar de ser menino!
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
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Fico impressionada como vc consegue transcrever tão lindamente coisas simples do dia-a-dia..sua linguagem é fantástica, amiga. Parabéns! Beijo na família! Vera Tatiana
ResponderExcluirLindo demais Cyntia! Crescer sim, perder a essência da infância não! Beijo grande amiga!
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