A Rosa e o Cravo
Texto de Cyntia Pinheiro
Música de Giordano Pinheiro
Fevereiro / 2011
Cena 1: O palco é um jardim e a menina entra para regar suas
flores cantando:
O
suave perfume do amor
São
delícias em forma de flor
E
as gotinhas de orvalho a beijar
Cada
pétala faz cintilar...
Hum...
A
beleza do jardim em flor
São
as cores que fazem vibrarBorboletas trazendo o frescor
Passarinhos que vêm visitar...
Hum...
Cena: Enquanto rega, conversa com as flores:
Menina:
Crisântemos
tão queridos!
Enfeitam
meu coração Tão belos e tão coloridos,
Fazem festa na estação.
Margaridas
tão delicadas
Orvalhadas
e belas,Mais felizes sois
Em todas as primaveras!
Ah,
girassóis!
Quantos
sóis perseguem de diaEnchem meu jardim de beleza
E a vida de nostalgia!
O meu cravo solitário
Tão bonito e tão só
Precioso relicário
Tanta pena! Tanta dó!
Roseiras,
begônias e alecrins
Margaridas,
crisântemos e jasminsComo é bom ter flores pra enfeitar
Um jardim tão lindo de cuidar!
Música tensa – muda a entonação
Mas, ouçam-me com toda atenção!
Antes que a lua cheia caia, no negro céu escuridão
A mais bela dentre vós eu vou buscar
Vou colhê-la para um vaso enfeitar
Pois uma flor alegra todo coração
E é uma oferta especial, de gratidão!
Cena: A menina sai cantarolando a música do começo. As flores discutem entre si:
Rosas: Vocês ouviram? O que está por vir?
Begônias: Ai, ai, minhas pétalas vão cair!
Alecrins: Ela vai escolher uma flor, a mais bela do jardim.
Girassóis: Com certeza isso vai
Acabar sobrando pra mim!
Margaridas: O que vai acontecer?
Ela disse que vai nos colher?
Cravo: Ora, ora quanto alvoroço!
Ser colhido não é pra um
qualquerEu aqui sou o único moço
Ela nem vai precisar do bem-me-quer
Seja lá o que for isso de colher
Estou certo de que sou especial
Vocês vão ver o que vai acontecer
O cravo sendo aclamado na geral
Girassóis: Você não tem razão
Só pode estar muito doente
É claro que o girassol
É muito mais imponente
Crisântemos: Ai, ai, quanto desgaste
Olhem bem, vejam vocês,
Não perceberam as cores fortes?
Dos crisântemos chegou a vez.
Cravo: Não agüento mais tanta bobagem
Ela gosta bem mais de mim
Que sou o único cravo nessa paisagem
Não percam seu tempo discutindo assim
Rosa: Não
sei não, meus amigos
Esse negócio de colherEstá me cheirando a perigo
Ai, quem me dera poder correr!
Cravo: Pronto, chegou a dona desconfiança
Não agüenta a idéia de que vai perder
Quanta ignorância! Rosa, desiste!
Essa festa não é para você!
Rosa: Mas eu nem quero concorrer
Tenho é medo de ser colhida
Não sei se isso vai doer
Cravo: Doer? Claro que não!
Não dói virar celebridade
Minha clorofila purpurinada
Nos holofotes será realidade!
Rosa: Cravo, não penso assim
Tem algo estranho no ar
Penso que algo ruim
Vai acontecer, pode apostar!
Cravo (debochado): A fotossíntese você já fez?
Porque tá parecendo biruta
Eu sou melhor que vocês
E, por favor, Rosa, não discuta!
Você ainda é um botão
Portanto, fique em seu lugar
Você não tem chance não
Então pare de me agourar!
E grita: Sai pra lá!!!!!!!!
Rosa: Cravo, mas e nossa amizade?
Você não fica triste?
Cravo: Eu vou virar celebridade
Nossa amizade não mais
existe!Todas as flores: Oh! A amizade acabou!
E agora, o que restou?
Música: O cravo brigou
com a rosa
Todas as flores: Calma, Rosa!
Não fique assim tão triste
O tempo cuidará do cravo
Confie em nós, acredite!
Begônias: Nos dias que se seguiram
A rosa só pôde chorar
E o cravo mesmo doente
Não se deixou cuidar
Alecrim: Ficava aborrecido
Em um canto, muito irritado
Pensando no acontecido
E não se dando por achado!
Girassóis: A rosa, pobrezinha
Lamentava, fazia dóTinha pena de ver como o cravo
Não tinha amigos, estava só!
Crisântemos: Mas não adiantou
Tanto pranto e infelicidade
O cravo se recuperou
E logo voltou a realidade
Margaridas: A rosa que já murchava
Ficou feliz em ver que o cravo
Já não agonizava
Ganhou viço, desabrochou,
Majestosa, bela e branca!
Ainda gostava do cravo
Nisso era bem franca.
Begônias: O cravo continuava petulante
Tinha certeza de que ganharia
Uma guerra que ele criara
No mundo da fantasia
Confiava em seu semblante
E na pinta de galanteria
Música tensa / meia luz
Alecrins: Eis que aconteceu
Quando o jardim dormia
A lua cheia boiava
No negro céu que surgia
Girassóis: Contam as margaridas
Que a menina chegou sorrateira
Tesoura em punho levou a rosa
Com um único golpe, certeira!
Música de suspense
Crisântemos: E lá está seu lugar
Vazio e desolado
Assim como se sente o cravo
Depois do golpe amargo
Margaridas: O jardim se entristeceu
Sem a rosa pálida e singela
O cravo quase morreu
De tanta saudade dela
Cravo: Como dói meu coração!
Que tragédia aconteceu
Como fui tolo e insensato!
Devia mesmo ter sido eu.
A rosa não merecia
Um destino assim tão mau
E eu que aqui pensava
Que ser colhido era legal!
Como posso ter brigado
Com uma amiga só por vaidade?
Amizade vale tanto
Por que perder por bobagem?
Agora eu aqui só lamento
A falta que ela me faz
Seguirei com meu tormento
Até quando? Não sei mais!
Techo de Música: Carolinha – Chico Buarque / somente o trecho que diz: “... uma rosa morreu... nosso barco partiu... etc”
Begônias: O cravo finalmente
Aprendeu a grande lição
Amizade vale muito
Brigar não é bom não!
Alecrins: E quando essa história
Estava quase chegando ao fim
Ela voltou ao começo
Uma surpresa pro alecrim
Margaridas: O jardim voltará a sorrir
Disso eu tenho certeza
Começando tudo outra vez
Para acabar com a tristeza
Girassóis: Três dias depois que a rosa partiu
A menina voltou ao jardim
Com um vaso bem pequeno
E o plantou bem perto de mim
Crisântemos: E disse com os cabelos ao vento
Uma coisa muito importante
Que nesse curto espaço de tempo
Já era pra nós emocionante!
Menina: Nesse vaso trago nova
A sementinha do amor
Plantei uma mudinha
Da rosa que desabrochou
A mamãe ficou feliz
Em ganhá-la de presente
Mas sabe que uma flor
No jardim é mais contente
Cena: As flores gritam e comemoram cantando a música final:
Refrão: Menino, o teu jardim tem flor? Ôôô
Cuide com amor (bis)
Menino cuide bem do teu jardim
E uma flor vai nascer tão linda assim
Não precisa ser a mais especial
A beleza quando surge é natural
FIM
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