Cyntia Pinheiro
Jesus, vinde ao meu coração neste Natal, acalmai a saudade, abrandai a ira, apaziguai.
Obrigada pelo ano maravilhoso que foi 2011, um ano sem igual para mim, em que muitas coisas conquistei pela tua graça abundante em minha vida.
Se hoje meu coração está triste, é só saudade, porque tenho todos os motivos do mundo para ser grata e comemorar.
Abençoe esse serzinho novo que carrego em meu ventre, pa...ra que ele chegue cheio de saúde e serenidade, assim como já abençoaste o meu menino-anjo Samuel, que é tão especial.
Obrigada por tudo, Jesus. Obrigada porque posso sentir o seu carinho todas as manhãs, na renovação do dia, no canto dos passarinhos que daqui consigo ouvir com fartura, no sorriso do meu filho, no abraço do meu esposo amado.
Grata sou, por cada dia vivido e por tudo o que virá.
Assim seja!
Graças a Deus e Graças a Jesus!
"Cada Espírito é um mundo onde o Cristo deve nascer. Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa alma, em vão os Anos Novos se abrirão iluminados para nós." (HUmberto de Campos / Emmanuel / Chico Xavier)
sábado, 24 de dezembro de 2011
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
O macaco-barrigudo
Cyntia Pinheiro
Na floresta Amazônica, no alto do mapa do Brasil, onde o rio Amazonas faz uma curva em forma de "S" vivia um macaco-barrigudo muito especial. Ele adorava lavar seus olhinhos redondos na barriguinha do "S" do rio todas as manhãs ao acordar e saia logo assobiando no melhor astral.
Gostava de comer frutinhas, no alto das árvores e fazer graça com sua amiga da mesma raça, a macaquinha que carinhosamente ele chamava de "Pancinha".
Pancinha o apelidou de "Fofo", por causa da sua forma redonda e peluda. Ele ficava meio sem graça com esse apelido, mas até que gostava dos carinhos da Pancinha.Lá no alto da árvore os dois amigos trocavam gentilezas, comendo frutas deliciosas, apreciando a vista e fazendo piruetas magistrais no topo das árvores.
Um dia, porém, avistaram uma coisa terrível do outro lado do rio. Era uma nuvem escura de fumaça, muito grande mesmo que ia do chão ao céu, numa vista infernal. Não tiveram dúvidas, a floresta estava pegando fogo.
Fofo e Pancinha pularam o mais depressa que podiam e começaram a se agitar no alto das árvores para chamar a atenção dos outros bichos, logo dezenas de animais se reuniam sob o gigante Jequitibá para uma reunião de emergência. Vieram bichos de todas as espécies para saber o que estava acontecendo.
- E agora, amiguinhos? A floresta parece estar pegando fogo. - disse Pancinha com um olhar aflito.
- Isso mesmo, vimos uma nuvem terrível de fumaça do outro lado do rio, temos que fazer alguma coisa. - Acrescentou o macaco Fofo.
- Mas o que fazer? Como chegar até o lado de lá do rio? - Indagou o macaco-aranha.
- Teremos que dar um jeito nisso. - Retrucou a Onça Pintada.
Os bichos então, decidiram que ajudariam a salvar a mata, pois ali era a sua casa e do outro lado onde a floresta ardia no fogo quente havia outros bichos precisando de ajuda. Se organizaram em equipes e foram para a beira do rio. Lá chegando um bando de jacarés e crocodilos os aguardavam para dar carona. O macaco Fofo e a macaca Pancinha foram os primeiros a subir nos bichos, quase todos os animais conseguiram ser transportados à outra margem.
Lá chegando ficaram ainda mais assustados com tanto fogo e tanta fumaça, havia muitos bichos que estavam perdidos no meio da nuvem escura e já não conseguiam respirar direito. Os amigos salvadores foram encaminhando os bichinhos perdidos para os crocodilos que os levaram em segurança para a outra margem, fazendo um rápido resgate.
Nossos heróis corriam muito pra tentar conter o fogo, mas não conseguiam muita coisa, os olhinhos do macaco-barrigudo ardiam muito, a onça pintada tossia demais e até a pobre da Pancinha já não conseguia nem mais ficar de pé de tão cansada. E o fogo não diminuia.
Passarinhos enchiam seus biquinhos de água e traziam para jogar no fogo, mas ele insistia em se propagar. Até que, de repente, quando as forças já tinham se esgotado, ouviu-se um estrondo bem forte e começaram a cair gotinhas de uma chuva abençoada. Choveu sem parar por muito tempo e nossos amiguinhos, exaustos que estavam, nem perceberam as primeiras gotinhas que lhes lambiam os pelos, pois já estavam todos caídos no chão inertes de tão cansados.
Depois de um tempo, Pancinha acordou e viu que o fogo havia sido apagado pela chuva. Ficou triste porque o cenário ali era desolador. Havia um grande buraco na mata, o fogo consumiu um grande pedaço de vegetação e muitos bichinhos jaziam no meio do clarão.
Procurou seu amigo Fofo e não o encontrou, aos poucos os bichinhos que sobreviveram foram acordando e ficavam estupefatos quando percebiam o que havia acontecido com seu habitat.
- Quem faria uma coisa dessas? - perguntou desconsolada a pobre Pancinha.
- Só mesmo algum bicho muito burro e cruel pra colocar fogo na própria casa e pra matar tanto bicho inocente. - disse furioso o cachorro-vinagre.
- Vejam! - convidou a jaguatirica. - Pode ser uma pista.
Todos os bichinhos olharam na mesma direção, onde haviam cabaninhas de madeira com roupas penduradas nos varais e restos de comida em grandes caldeirões. Foi então que o astuto Gavião-real concluiu:
- Conheço esse bicho, é o bicho-homem que sempre chega destruindo tudo por onde passa...
Todos os animais estavam muito tristes e indignados, principalmente quando viam seus amiguinhos sem vida deitadinhos no chão ainda coberto de cinzas das árvores mortas.
Pancinha, desesperada, só queria saber onde estava seu amigo Fofo. Não o encontrava em lugar nenhum. Foi quando todos os amiguinhos resolveram sair dali para procurá-lo.
Mais adiante avistaram uma aldeia de índios que também eram nativos da região e zelavam pela natureza. Perguntaram por Fofo e foram informados de que um macaco-barrigudo estivera ali mais cedo, pedindo aos índios que fizessem a dança da chuva para tentar salvar a floresta. Pancinha logo entendeu que se tratava do Fofo, mas onde ele estaria agora?
Continuaram procurando pelo amiguinho e se assutaram muito quando o viram caído no meio de uma trilha na floresta. Parte do pelo dele estava queimada e ele tinha na mãozinha uma cuia onde ainda havia um restinho de água que ele usara para tentar conter o fogo. Infelizmente seu corpinho estava sem vida.
Pancinha chorou muito de saudades do seu melhor amigo. Todos ficaram comovidos com a cena triste, mas entenderam que Fofo foi, na verdade, um grande herói, pois quando ele percebeu que todos morreriam em razão do incêndio, arriscou a própria vida para pedir socorro aos índios. E a floresta foi salva por causa de sua atitude.
Embora Pancinha estivesse triste, estava também orgulhosa do seu amigo. Todos os bichos reconheceram o seu valor. E a floresta se uniu por uma causa: cuidar da natureza e não permitir mais que isso aconteça.
Só que o bicho-homem é implacável e não se cansa de atacar a floresta e seus bichinhos, por isso essa história chegou até você. Será que podemos fazer algo para preservar a natureza e salvar o lugar onde vivemos?
Na floresta Amazônica, no alto do mapa do Brasil, onde o rio Amazonas faz uma curva em forma de "S" vivia um macaco-barrigudo muito especial. Ele adorava lavar seus olhinhos redondos na barriguinha do "S" do rio todas as manhãs ao acordar e saia logo assobiando no melhor astral.
Gostava de comer frutinhas, no alto das árvores e fazer graça com sua amiga da mesma raça, a macaquinha que carinhosamente ele chamava de "Pancinha".
Pancinha o apelidou de "Fofo", por causa da sua forma redonda e peluda. Ele ficava meio sem graça com esse apelido, mas até que gostava dos carinhos da Pancinha.Lá no alto da árvore os dois amigos trocavam gentilezas, comendo frutas deliciosas, apreciando a vista e fazendo piruetas magistrais no topo das árvores.
Um dia, porém, avistaram uma coisa terrível do outro lado do rio. Era uma nuvem escura de fumaça, muito grande mesmo que ia do chão ao céu, numa vista infernal. Não tiveram dúvidas, a floresta estava pegando fogo.
Fofo e Pancinha pularam o mais depressa que podiam e começaram a se agitar no alto das árvores para chamar a atenção dos outros bichos, logo dezenas de animais se reuniam sob o gigante Jequitibá para uma reunião de emergência. Vieram bichos de todas as espécies para saber o que estava acontecendo.
- E agora, amiguinhos? A floresta parece estar pegando fogo. - disse Pancinha com um olhar aflito.
- Isso mesmo, vimos uma nuvem terrível de fumaça do outro lado do rio, temos que fazer alguma coisa. - Acrescentou o macaco Fofo.
- Mas o que fazer? Como chegar até o lado de lá do rio? - Indagou o macaco-aranha.
- Teremos que dar um jeito nisso. - Retrucou a Onça Pintada.
Os bichos então, decidiram que ajudariam a salvar a mata, pois ali era a sua casa e do outro lado onde a floresta ardia no fogo quente havia outros bichos precisando de ajuda. Se organizaram em equipes e foram para a beira do rio. Lá chegando um bando de jacarés e crocodilos os aguardavam para dar carona. O macaco Fofo e a macaca Pancinha foram os primeiros a subir nos bichos, quase todos os animais conseguiram ser transportados à outra margem.
Lá chegando ficaram ainda mais assustados com tanto fogo e tanta fumaça, havia muitos bichos que estavam perdidos no meio da nuvem escura e já não conseguiam respirar direito. Os amigos salvadores foram encaminhando os bichinhos perdidos para os crocodilos que os levaram em segurança para a outra margem, fazendo um rápido resgate.
Nossos heróis corriam muito pra tentar conter o fogo, mas não conseguiam muita coisa, os olhinhos do macaco-barrigudo ardiam muito, a onça pintada tossia demais e até a pobre da Pancinha já não conseguia nem mais ficar de pé de tão cansada. E o fogo não diminuia.
Passarinhos enchiam seus biquinhos de água e traziam para jogar no fogo, mas ele insistia em se propagar. Até que, de repente, quando as forças já tinham se esgotado, ouviu-se um estrondo bem forte e começaram a cair gotinhas de uma chuva abençoada. Choveu sem parar por muito tempo e nossos amiguinhos, exaustos que estavam, nem perceberam as primeiras gotinhas que lhes lambiam os pelos, pois já estavam todos caídos no chão inertes de tão cansados.
Depois de um tempo, Pancinha acordou e viu que o fogo havia sido apagado pela chuva. Ficou triste porque o cenário ali era desolador. Havia um grande buraco na mata, o fogo consumiu um grande pedaço de vegetação e muitos bichinhos jaziam no meio do clarão.
Procurou seu amigo Fofo e não o encontrou, aos poucos os bichinhos que sobreviveram foram acordando e ficavam estupefatos quando percebiam o que havia acontecido com seu habitat.
- Quem faria uma coisa dessas? - perguntou desconsolada a pobre Pancinha.
- Só mesmo algum bicho muito burro e cruel pra colocar fogo na própria casa e pra matar tanto bicho inocente. - disse furioso o cachorro-vinagre.
- Vejam! - convidou a jaguatirica. - Pode ser uma pista.
Todos os bichinhos olharam na mesma direção, onde haviam cabaninhas de madeira com roupas penduradas nos varais e restos de comida em grandes caldeirões. Foi então que o astuto Gavião-real concluiu:
- Conheço esse bicho, é o bicho-homem que sempre chega destruindo tudo por onde passa...
Todos os animais estavam muito tristes e indignados, principalmente quando viam seus amiguinhos sem vida deitadinhos no chão ainda coberto de cinzas das árvores mortas.
Pancinha, desesperada, só queria saber onde estava seu amigo Fofo. Não o encontrava em lugar nenhum. Foi quando todos os amiguinhos resolveram sair dali para procurá-lo.
Mais adiante avistaram uma aldeia de índios que também eram nativos da região e zelavam pela natureza. Perguntaram por Fofo e foram informados de que um macaco-barrigudo estivera ali mais cedo, pedindo aos índios que fizessem a dança da chuva para tentar salvar a floresta. Pancinha logo entendeu que se tratava do Fofo, mas onde ele estaria agora?
Continuaram procurando pelo amiguinho e se assutaram muito quando o viram caído no meio de uma trilha na floresta. Parte do pelo dele estava queimada e ele tinha na mãozinha uma cuia onde ainda havia um restinho de água que ele usara para tentar conter o fogo. Infelizmente seu corpinho estava sem vida.
Pancinha chorou muito de saudades do seu melhor amigo. Todos ficaram comovidos com a cena triste, mas entenderam que Fofo foi, na verdade, um grande herói, pois quando ele percebeu que todos morreriam em razão do incêndio, arriscou a própria vida para pedir socorro aos índios. E a floresta foi salva por causa de sua atitude.
Embora Pancinha estivesse triste, estava também orgulhosa do seu amigo. Todos os bichos reconheceram o seu valor. E a floresta se uniu por uma causa: cuidar da natureza e não permitir mais que isso aconteça.
Só que o bicho-homem é implacável e não se cansa de atacar a floresta e seus bichinhos, por isso essa história chegou até você. Será que podemos fazer algo para preservar a natureza e salvar o lugar onde vivemos?
sábado, 3 de dezembro de 2011
Dia de chuva - (para os meus filhotes)
Cyntia Pinheiro
Tilinta a chuva que cai da nuvem densa
Espremem os anjos o algodão fofinho
De onde respingam gotinhas claras
Que escurecem o dia outrora azulzinho.
O arco-íris divide o céu em dois
Lá em cima, Deus com suas barbas brancas
Embaixo, nós com nossas almas tantas
E o barulhinho bom do som da chuva caindo.
Lagartixas se escondem nos buracos da parede
Passarinhos se aquecem nos ninhos quentinhos
E todos os bichinhos se escondem da chuva
Até a gente quer cama e carinho.
Tilinta a chuva que cai da nuvem densa
Espremem os anjos o algodão fofinho
De onde respingam gotinhas claras
Que escurecem o dia outrora azulzinho.
O arco-íris divide o céu em dois
Lá em cima, Deus com suas barbas brancas
Embaixo, nós com nossas almas tantas
E o barulhinho bom do som da chuva caindo.
Lagartixas se escondem nos buracos da parede
Passarinhos se aquecem nos ninhos quentinhos
E todos os bichinhos se escondem da chuva
Até a gente quer cama e carinho.
Processo Civil Romântico
Cyntia Pinheiro
Quem imagina que aula de direito é só teoria e pouco ou nenhum romantismo se engana. No quinto período de Direito, nossa turma teve a felicidade de conhecer o professor Otávio Augusto, homem sério, distinto e visivelmente culto e vaidoso. Mas vaidoso de uma vaidade saudável, do tipo de gente que se cuida, sempre de terno estiloso e óculos impecavelmente limpos.
Trouxe um certo temor nas primeiras aulas, com seu ar sério e seu português irrepreensível, além das notícias que tivemos de que suas provas eram difíceis e de que ele seria implacável como professor. Mas logo essa imagem equivocada se desfez, e o professor Otávio se mostrou acessível e descontraído em vários momentos.
Bem, mas para que não me compreendam mal, às vésperas que estamos da última prova de processo civil, minha intenção com este texto não é a bajulação, mas tão somente comentar um pouco do que aconteceu ontem em nossa última aula e da inspiração que ela me trouxe.
Discutíamos Recurso Extraordinário e Recurso Especial. Já no final da aula, nas considerações derradeiras, surgiu (não me lembro bem de onde), um comentário acerca das missivas que já não se mandam mais. O professor Otávio bem disse que nos tempos modernos já não se escrevem mais cartas aqueles que se encontram enamorados, a internet acabou com todo o romantismo, a tecnologia fez com que muita coisa perdesse a graça.
Minha colega Thiara, que se casa em janeiro, foi indagada pelo professor, sobre o seu noivo, se por acaso ela lhe escrevera cartas românticas, já que é sabido de todos que William não reside em Montes Claros. Ela logo respondeu, romanticíssima que é, que é claro que já se comunicou com ele através das cartas, que demoravam cerca de cinco dias para chegarem até a Bahia, local onde ele se encontra fazendo mestrado.
Bem, aproveitando a deixa o professor logo emendou brincando que por se tratar da Bahia, somente por carta mesmo... Mas continuou emendando com uma seriedade invejável e uma inspiração fantástica: "Quando não há espaço entre o desejo e a satisfação, não há tempo para os sentimentos brotarem."
Eis o ponto culminante no qual me apeguei para esta crônica. A frase do professor foi ainda comentada por alguns instantes enquanto eu refletia acerca de sua profundidade. Cecília, amiga e parceira de todos os momentos, notando meu mergulho nas ideias foi logo sugerindo: escreva uma crônica. Eu, como muitos já sabem, costumo atender a esse tipo de pedido. Cá estou tentando fazê-lo.
Pensar que deve haver espaço entre o desejo e a satisfação é pensar em como Ismália quis a lua, levada pela loucura de amor, que morre de amor pensando alcançá-lo.
É pensar em como Aída quis Radamés e foi desejada por ele, morrendo ambos de amor, de um amor que não teve tempo de ser vivido.
É também pensar em como Elis amou a música, mais do que aos filhos e no tempo curto que teve para viver e amar.
Assim só posso pensar que o tempo está para o amor, como bem cantou Caetano em sua Oração ao Tempo, pois é o tempo o melhor "compositor de destinos" de que se tem notícias.
E sim, desejo prontamente satisfeito não tem o mesmo "tempero" de um desejo esperado, almejado, aguardado. Para tanto, que bom seria se voltássemos às tradicionais missivas, eu mesma já escrevi dezenas, centenas delas e tenho um baú lotado de cartas que recebi dos amigos e do marido também nos tempos de namoro. Por que não?
Claro que "Todas as cartas de amor são ridículas" como escreveu Álvaro de Campos, mas não é por acaso que ele mesmo concluiu que só quem nunca escreveu uma carta de amor é que é, de fato, ridículo.
E para que os sentimentos brotem, nada como ser ridículo com as palavras, nada mais salutar. Pequenas doses de desejo satisfeito são como pequenas gotas de mel, deliciosas e doces. Desejo prontamente satisfeito é como o mel que transborda e enjoa.
03/12/2011
Quem imagina que aula de direito é só teoria e pouco ou nenhum romantismo se engana. No quinto período de Direito, nossa turma teve a felicidade de conhecer o professor Otávio Augusto, homem sério, distinto e visivelmente culto e vaidoso. Mas vaidoso de uma vaidade saudável, do tipo de gente que se cuida, sempre de terno estiloso e óculos impecavelmente limpos.
Trouxe um certo temor nas primeiras aulas, com seu ar sério e seu português irrepreensível, além das notícias que tivemos de que suas provas eram difíceis e de que ele seria implacável como professor. Mas logo essa imagem equivocada se desfez, e o professor Otávio se mostrou acessível e descontraído em vários momentos.
Bem, mas para que não me compreendam mal, às vésperas que estamos da última prova de processo civil, minha intenção com este texto não é a bajulação, mas tão somente comentar um pouco do que aconteceu ontem em nossa última aula e da inspiração que ela me trouxe.
Discutíamos Recurso Extraordinário e Recurso Especial. Já no final da aula, nas considerações derradeiras, surgiu (não me lembro bem de onde), um comentário acerca das missivas que já não se mandam mais. O professor Otávio bem disse que nos tempos modernos já não se escrevem mais cartas aqueles que se encontram enamorados, a internet acabou com todo o romantismo, a tecnologia fez com que muita coisa perdesse a graça.
Minha colega Thiara, que se casa em janeiro, foi indagada pelo professor, sobre o seu noivo, se por acaso ela lhe escrevera cartas românticas, já que é sabido de todos que William não reside em Montes Claros. Ela logo respondeu, romanticíssima que é, que é claro que já se comunicou com ele através das cartas, que demoravam cerca de cinco dias para chegarem até a Bahia, local onde ele se encontra fazendo mestrado.
Bem, aproveitando a deixa o professor logo emendou brincando que por se tratar da Bahia, somente por carta mesmo... Mas continuou emendando com uma seriedade invejável e uma inspiração fantástica: "Quando não há espaço entre o desejo e a satisfação, não há tempo para os sentimentos brotarem."
Eis o ponto culminante no qual me apeguei para esta crônica. A frase do professor foi ainda comentada por alguns instantes enquanto eu refletia acerca de sua profundidade. Cecília, amiga e parceira de todos os momentos, notando meu mergulho nas ideias foi logo sugerindo: escreva uma crônica. Eu, como muitos já sabem, costumo atender a esse tipo de pedido. Cá estou tentando fazê-lo.
Pensar que deve haver espaço entre o desejo e a satisfação é pensar em como Ismália quis a lua, levada pela loucura de amor, que morre de amor pensando alcançá-lo.
É pensar em como Aída quis Radamés e foi desejada por ele, morrendo ambos de amor, de um amor que não teve tempo de ser vivido.
É também pensar em como Elis amou a música, mais do que aos filhos e no tempo curto que teve para viver e amar.
Assim só posso pensar que o tempo está para o amor, como bem cantou Caetano em sua Oração ao Tempo, pois é o tempo o melhor "compositor de destinos" de que se tem notícias.
E sim, desejo prontamente satisfeito não tem o mesmo "tempero" de um desejo esperado, almejado, aguardado. Para tanto, que bom seria se voltássemos às tradicionais missivas, eu mesma já escrevi dezenas, centenas delas e tenho um baú lotado de cartas que recebi dos amigos e do marido também nos tempos de namoro. Por que não?
Claro que "Todas as cartas de amor são ridículas" como escreveu Álvaro de Campos, mas não é por acaso que ele mesmo concluiu que só quem nunca escreveu uma carta de amor é que é, de fato, ridículo.
E para que os sentimentos brotem, nada como ser ridículo com as palavras, nada mais salutar. Pequenas doses de desejo satisfeito são como pequenas gotas de mel, deliciosas e doces. Desejo prontamente satisfeito é como o mel que transborda e enjoa.
03/12/2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Riqueza
Obrigada aos 53 amigos que vieram à nossa casa no último dia 26/11 para o chá de bebê do Vinícius...
Me senti rica, milionária por contar com tanta gente especial perto de mim!
Foi lindo! Foi maravilhoso!
Estou imensamente feliz e grata a Deus por ter tantos amigos!
Sei que muita gente não veio em razão do tempo, outros por compromissos anteriores, mesmo assim, sinto-me abraçada por todos e o Vinícius já sabe o quanto é bem-vindo e amado!
Obrigada mais uma vez!
Cyntia, Beto, Samuel e Vinícius.
Me senti rica, milionária por contar com tanta gente especial perto de mim!
Foi lindo! Foi maravilhoso!
Estou imensamente feliz e grata a Deus por ter tantos amigos!
Sei que muita gente não veio em razão do tempo, outros por compromissos anteriores, mesmo assim, sinto-me abraçada por todos e o Vinícius já sabe o quanto é bem-vindo e amado!
Obrigada mais uma vez!
Cyntia, Beto, Samuel e Vinícius.
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